Daniel Campos

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11/11/2009 - Uma boa média

Chamei o atendente do botequim e pedi uma boa média. Tom e Vinícius num mesmo copo. Nada melhor do que começar o dia bebendo o poeta e o maestro. O romantismo de Moraes aliado à natureza de Jobim dá ânimo para não só enfrentar, mas viver o dia. Aliás, viver a plenitude do dia. Cada qual a sua maneira, ambos foram intensos. Vinicius buscou a mulher amada em nove casamentos e infinitas histórias de amor. Já Tom buscou se encontrar consigo mesmo numa procura incessante pelo eu sublime.

Os dois poderiam perfeitamente existir e fazer sucesso separadamente, sem nunca precisarem ser parceiros. No entanto, ao cruzarem seus destinos a magia falou mais alto. Garota de Ipanema ganhou dimensões divinas, como que parte de um tipo de mitologia. Nem grega, nem romana, nem nórdica... Mitologia viniciana, Mitologia jobiniana. Cantar o amor, a partir deles, deixou de ser piegas para se tornar algo requintado e simples ao mesmo tempo, algo novo, aliás, algo bossa nova.

Você pode entrar no botequim e pedir Vinicius e Toquinho, Tom e Chico Buarque, Baden Powell e Vinicius, Jobim e Newton Mendonça, mas a média não terá o mesmo sabor da junção entre o Tom das Águas de Março e o Vinícius de Itapoã. Privilegiados os que viveram o tempo desses dois que, por alguma dádiva dos céus, encontraram-se frente a frente. Há tempos eles se foram, mas a média predileta de muitos continua sendo Tom e Vinícius, uma espécie de Romeu e Julieta do cancioneiro popular.


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