Daniel Campos

Prosas

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25/03/2010 - A nova vida de Isabella

Se Deus existe e realmente existe, Isabella deve estar correndo por campos floridos junto a outras crianças desencarnadas. Hoje ela já consegue volitar por alguns instantes e até pular de nuvem em nuvem. Mas demorou até a menina de franjinha e olhos acastanhados conseguir vencer o medo de altura. Também, ter seu corpo jogado de seis andares não é um trauma fácil de esquecer. Os ferimentos, os hematomas e as dores foram, pouco a pouco, desaparecendo com o tratamento espiritual. Hoje, a pequena Isabella, embora de forma bastante tímida, já consegue sorrir. ...
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25/03/2010 - Capítulo 6

Depois de um banho demorado, Sebastian, tendo seu corpo envolto apenas pela corrente em ouro com pingente de São Miguel que não tira do pescoço por nada e uma toalha azul, acorda Malena com um beijo não menos azulado.

Entre abraços mais ousados, ela sussurra que ele precisa trocar de sabonete ou procurar um dermatologista, pois essa sudorese que lhe acompanha há semanas está insuportável.
Envergonhado, deixa a cama e se veste rapidamente, interrompendo assim qualquer possibilidade de romance....
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24/03/2010 - Oração da resignação

Mãe, mãe de toda graça, pelas suas sete dores eu me resigno por todas as coisas que passo. Não tenho o direito de reclamar de nada diante da dor de uma mãe que recebeu em seus braços o filho morto recém-descido de uma cruz. Como reclamar do peso da minha pequenina cruz diante de uma mãe que viu seu filho cair três vezes a caminho do calvário? Como reclamar dos infortúnios da vida diante dos olhos de sangue de uma mãe que deu à luz sabendo que logo mais uma espada transpassaria sua alma?
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23/03/2010 - Ayrton Senna, o mais novo cinqüentão

No último domingo, se não fosse pelo choque de sua Willians FW16 com a curva Tamburello, Ayrton Senna da Silva teria completado 50 anos de vida. O piloto chegaria a essa idade emblemática justamente na temporada em que a F-1 comemora seus 60 anos de existência.

Por coincidência, seu qüinquagésimo aniversário cairia num domingo, dia em que o brasileiro se acostumou a viver vitórias impossíveis, empunhar a bandeira verde-amarela e cantar o hino nacional. Dia de um país explorado e desacreditado mostrar ao mundo que vencia no braço. ...
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23/03/2010 - Capítulo 5

- Até você, Malena? Até você acredita nessa história de castigo? Acha que eu lhe roubei de seu ex-marido, que eu matei seu filho, que eu minto em relação a sua irmã, que eu abuso da minha autoridade de promotor? Acha que tudo de ruim que tem acontecido em nossas vidas é porque Deus resolveu me castigar?

- Não faça drama, Sebastian...

- Qual gênero quer que eu faça então, comédia?

- Deixa de sarcasmo. Para o seu bem é melhor não me irritar ainda mais. ...
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22/03/2010 - Carta póstuma a um avô

Sete dias se passaram. Tempo suficiente para um canteiro semeado de alface germinar. Tempo curto demais para colher as folhas de uma boa salada. Sete dias. O tempo de vida de uma mosca. Mas quem se interessa pela vida de uma mosca? Sete dias. Tempo o bastante para se curar uma gripe. Tempo demais para uma rosa. Tempo de menos para um espinho. Sete dias. Sete novas manhãs. Sete jantares. Sete voltas da Terra em torno de si mesma. Para os girassóis, sete giros. Para os vivos, sete dias a menos. Para os mortos, sete saudades. Para Deus, o tempo necessário para criar o mundo e ainda contemplar sua criação. ...
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21/03/2010 - Domingo, por Liberato Barbosa

Em algum lugar deste domingo, seu Líbio deve se levantar um pouco mais tarde. Depois da semana toda madrugando para tirar leite, hoje aproveitou um pouco mais a cama. Bom para o corpo exausto da lida. Dos seus 77 anos de vida, setenta deles passou trabalhando na roça. Como é bom poder ficar na cama sem o risco de seu pai lhe jogar uma balde de leite no rosto como punição para seu atraso. Perdia hora por culpa dos bailes movidos a sanfonas e lampiões e das inúmeras voltas na Praça da Matriz flertando com as moças que, aquela época, giravam no sentido contrário aos moços. ...
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20/03/2010 - Imperador Liberato, o revoltoso

Meu avô morreu no mesmo dia em que há mais de dois mil anos morria o imperador romano Júlio Cesar – 15 de março. Coincidência ou não, Líbio, como era chamado pelos amigos, foi o nome de outro imperador romano (Líbio Severo). Mesmo não tendo acumulado a fortuna dos imperadores e nascido bem distante das terras do império romano, meu avô sempre foi tratado como uma espécie de imperador. Sua coroa era um chapéu de palha. Sua espada, uma enxada de duas libras.

Sentava na cabeceira de qualquer mesa. Na sala, tinha lugar cativo para assistir televisão. Tinha direito a duas poltronas, uma com direito a almofadas macias para acomodar suas costas e outra para ele esticar os pés. Seu trator era um Ford Major importado da Inglaterra. Não conheci ninguém que o tivesse vencido em uma disputa de braço de ferro. De uma forma ou de outra, ele sempre pôs medo em quem cruzasse seu caminho. Como nasceu no ano da Revolução (1932), ganhou o apelido de revoltoso. E fez valer esse apelido aterrorizando, no bom sentido, o mundo ao seu redor. ...
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19/03/2010 - “Olha pra frente que de trás cuido eu”

Era noite alta e grande. Perto da meia-noite, a lua de tanto minguar se apagou. Tudo ficou negro. Tudo ficou escuro. Pelos rumos da linha do trem, um homem andava farto de medo. O vento soprava fazendo com que os galhos das árvores gemessem. Um vento frio em pleno verão. As moitas de capim sacudiam diante daqueles sopros de ar. O mato parecia ganhar vida. Era uma sensação horrível ver tudo se mexendo ao seu redor. E naquela noite ele não havia tomado um gole sequer de cachaça. Estava tão sóbrio quão sua finada mãe (que Deus a tenha). ...
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18/03/2010 - Capítulo 4

Quando Sebastian, depois de duas voltas na chave e de incontáveis voltas de carro pela cidade, entra em casa, todos já estão em seus quartos. A única que perambula pelos corredores é Tita, empregada da família há mais de dez anos. Com voz apreensiva, pergunta se ele quer jantar, tomar café ou alguma outra bebida. Ele ignora a fala e sobe para o quarto. Mas o silêncio não dura muito.

Malena, sentada na cama com uma camisola colorida em tons de pêssego, quer saber como ele está e onde estava. Ele diz que está péssimo, vivendo um pesadelo. Ela tenta amenizar, mas, sem querer, provoca uma seqüência de ataques e contra-ataques:...
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