25/03/2010 - A nova vida de Isabella
Se Deus existe e realmente existe, Isabella deve estar correndo por campos floridos junto a outras crianças desencarnadas. Hoje ela já consegue volitar por alguns instantes e até pular de nuvem em nuvem. Mas demorou até a menina de franjinha e olhos acastanhados conseguir vencer o medo de altura. Também, ter seu corpo jogado de seis andares não é um trauma fácil de esquecer. Os ferimentos, os hematomas e as dores foram, pouco a pouco, desaparecendo com o tratamento espiritual. Hoje, a pequena Isabella, embora de forma bastante tímida, já consegue sorrir.
Quando a saudade ainda insiste em fazê-la chorar, uma luz imediatamente lhe abraça e conforta, dando a certeza de que os bons momentos vividos ao lado de sua mãe serão não só conservados, mas fundamentais a sua caminhada futura. O que viveu de bom em sua passagem pela terra será alimento para seus novos passos, em uma evolução que consiste em trabalhar a bondade e o amor. Ela não pode deixar que essa história de julgamento atrapalhe seu equilíbrio, sua busca pela paz. É claro que, assim como todos os que a amavam e que aprenderam a lhe amar depois da tragédia, deseja que a justiça seja feita. Porém, não lhe cabe condenar ou inocentar ninguém, apenas confiar em Deus.
Após passar pela enfermaria, Isabella já passeia pelas colônias, já estuda no educandário, já retribui o carinho dos que a volteiam. Tenta voltar a ter uma rotina. Tenta voltar a crescer mental e fisicamente. Tenta se desligar de vez das coisas terrenas. É um processo paulatino, mas que tende a fazer a bela Isabella se desenvolver sem revoltas ou medos. Hoje ela já consegue brincar entre outras crianças, seja de boneca ou de esculpir nuvens. Não sei se sua mãe tem olhado aos céus ultimamente, mas por entre nuvens com formato de bichos, há sempre uma em forma de coração.
Um coração que, ao soprar dos ventos, chega a pulsar.
Comentários
Comovente. Até hoje me indigno e me emociono com essa história. Isabella, como anjo que sempre foi, deve estar realmente no céu.
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