Daniel Campos

Prosas

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20/05/2010 - Capítulo 22

Sebastian chega trazendo sacolas de supermercado e uma orquídea lilás, a cor da espiritualidade e uma das preferidas de Malena. Reconhecendo os erros, tenta reconquistar a mulher resgatando aquele homem que foi se perdendo pelo caminho. Ele precisa se esforçar. Qualquer irritação sua ou deslize emocional dará ainda mais força aos espíritos ruins que querem se aproveitar de sua castigação. Segundo Valentina, não se pode quebrar o castigo, mas há meios de enfraquecê-lo.

Ele dá boa noite às crianças, remexe o cabelo de Tomás, beija a testa de Micaela, entrega chocolates e pede para Tita guardar um pote de sorvete. As crianças agradecem sem entender aquele comportamento. Há tempos Sebastian deixara de mimá-las. Queria mais se fechar num mundo particular junto de sua mulher. Acreditava que todos queriam tirá-la dele. E isso fez com que ele ficasse deveras amargo. ...
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19/05/2010 - Um verbo chamado quando

Quando não tiver nada a dizer, bendiga um poema. Quando pensar em fazer algo de ruim, plante uma árvore. Quando achar que Deus lhe abandonou, reze. Quando pensar que o amor acabou, beije. Quando tudo der errado, tente outra vez. Quando a dor for demais, compartilhe-a. Quando a saudade chegar, diminua distâncias físicas e psicológicas. Quando uma estrada acabar, comece outra. Quando a paixão esfriar, incendeie-se. Quando cair no tédio, enlouqueça. Quando a promessa se cumprir, embarque em outra promessa. ...
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18/05/2010 - A esperança deixou de ser esperança

Infelizmente é verdade. Constatei isso ontem quando uma esperança, aquele inseto de antenas longas primo do gafanhoto, pousou na janela da cozinha lá de casa. Cheguei a achar que era uma espécie de grilo ou um louva-deus de batina franciscana. Afinal, o bicho era colorido num tom marrom bem diferente daquele verde que caracterizava seu nome. No entanto, não havia como questionar: era, de fato, uma esperança.

A esperança então ficou no fato daquela esperança ser uma aberração de sua espécie, vítima de alguma mutação transgênica. Mas ao olhar pela janela, um sinal do fim dos tempos. Dezenas de esperanças descoloridas, tingidas numa coloração amarronzada, caminhavam pelo jardim. O que aconteceu com a esperança? Perdeu-se pelo caminho. O que se via eram insetos tão desesperançosos quão sua nova cor. ...
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18/05/2010 - Capítulo 21

Depois da experiência do passe, Sebastian volta para casa e encontra, em seu quarto, Micaela e Tomás dormindo na cama junto com Malena. O que em outras ocasiões lhe faria ficar com raiva, agora lhe tira um sorriso. Chega a achar bonita a cena. Sob a luz amarelada de um abajur, ele se aproxima, puxa um lençol no intuito de cobrir seus corpos e se curva até dar um beijo de boa noite na face de sua esposa.

Repete o mesmo gesto com as crianças. Ao beijar a fronte de Micaela, ela abre o olho e se assusta, como que já querendo se levantar e ir para seu quarto. Afinal, sempre foi assim. Mas hoje parece ser diferente. Ele coloca a mão em seus ombros impedindo-a de levantar e balança a cabeça como quem diz que eles podem ficar ali desta vez. Ela não entende nada, mas permanece ali deitada vendo o padrasto deixa o quarto....
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17/05/2010 - Atenção senhores políticos:

Eu quero um mundo novo com crianças brincando nas praças. Eu quero um mundo novo com sonhos sendo partilhados como pão em Santa Ceia. Eu quero um mundo novo cheio de plantações materiais e imateriais. Eu quero um mundo novo com mais gente flertando com as luas. Eu quero um mundo novo onde a poesia apareça no horário nobre da televisão. Eu quero um mundo novo com mais namorados andando de mãos dadas pela rua. Eu quero um mundo novo com mais realizações e menos promessas. Eu quero um mundo novo com relógios girando ao contrário. Eu quero um mundo novo com cata-ventos e girassóis. ...
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16/05/2010 - Catherine na Ratolândia

Atendendo a pedidos, publico hoje mais uma história infantil. Bom domingo!

Catherine, uma francesinha de franjinha na testa, passava seus dias esperando pela volta do pai, um marinheiro que, a pedido do rei, partiu, há mais de um ano, em busca de terras distantes. Ela tinha três anos, mas era arteira como só. Sonhava com o dia em que seu pai entraria por aquela porta e, depois de um abraço, contaria histórias de sereias e princesas do mar. Mas enquanto esse dia não chegava, brincava com os barquinhos que sua mãe fazia dobrando papel colorido. ...
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15/05/2010 - Raiz caipira

Há quem tenha raiz francesa, clássica e até mesmo fincada na nobreza. Não é o meu caso. Eu tenho raiz caipira. Raiz esta assumida e vivida por inteiro. Meu relógio é um galo, meu chapéu é de palha e meu carro é de boi. Minha cozinha é caipira, com direito a ovo caipira, frango caipira, porco caipira, tomate caipira... e fogão à lenha, colher de pau, caçarola de ferro. Até mesmo amar amo caipiramente, de forma tímida e sincera.

Para quem tem raiz caipira, muro é arame farpado; roupa se passa com ferro à brasa; palavra dita é como documento lavrado em cartório; semente lançada no roçado é um pedaço da gente. Coração caipira é igual cancela e porteira, basta pegar o jeitinho para abrir. Meu segurança é um espantalho, minha colcha é de retalho, minha flor é de algodão. Tem água de mina, telhado que pinga e sonho que vinga depois do primeiro chuvisqueiro. ...
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14/05/2010 - Mulher imaginativa

Preciso falar com ela, tocá-la, saber se é real. Não sei se a encontrei em sonho ou em algum paralelo imaginário do globo terrestre, campestre, agreste. Como cabra da peste, quero sossegá-la, trazê-la para a realidade. Por hora, tudo é vazio, frio e saudade. Não sei em que cidade procurá-la. Só sei que preciso achá-la, tocá-la, provar para mim que ela existe para além do olhar triste que deixou cair pelo caminho. Sigo a sua procura por montes claros e escuros, inseguro e sozinho. Que tal, amor meu, ilusão minha, uma taça de vinho, um segredo hebreu, um beijo de rinha. ...
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13/05/2010 - Capítulo 20

Depois de tanto negar, relutar, maldizer, o católico apostólico romano assumido e praticante, batizado, catequizado, crismado, Sebastian Alvear, está de olhos fechados recebendo fluidos magnéticos de um médium e outros ainda mais puros trazidos, dos planos superiores do universo, por espíritos benfeitores que estão ali para assisti-lo.

Sob a imposição das mãos de Gastón, o promotor recebe seu primeiro passe. No entanto, a concretização dessa cena não foi tão fácil como se pode pensar. ...
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13/05/2010 - Última chamada para o quadradistão

Vou selar o meu cavalo e partir imediatamente para o quadradistão. Lá não existe futebol. Pudera, tudo lá é quadrado. Isto é, não há espaço para a bola e para seus amantes. No quadradistão as pessoas não perdem seu tempo discutindo, brigando e teorizando sobre futebol. Lá ninguém obriga seus filhos a entrarem em escolinhas de futebol. Lá há espaço para as escolas de piano, de literatura, de dança... E as crianças não deixam de ser felizes por conta disso. No quadradistão um verso, um passo, um acorde, um beijo vale muito mais do que um gol. ...
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