13/05/2010 - Última chamada para o quadradistão
Vou selar o meu cavalo e partir imediatamente para o quadradistão. Lá não existe futebol. Pudera, tudo lá é quadrado. Isto é, não há espaço para a bola e para seus amantes. No quadradistão as pessoas não perdem seu tempo discutindo, brigando e teorizando sobre futebol. Lá ninguém obriga seus filhos a entrarem em escolinhas de futebol. Lá há espaço para as escolas de piano, de literatura, de dança... E as crianças não deixam de ser felizes por conta disso. No quadradistão um verso, um passo, um acorde, um beijo vale muito mais do que um gol.
Os quadradistanenses não choram diante de uma lista de jogadores convocados para uma Copa do Mundo. Lá, há festivais de música, de teatro, de cinema, de dança, de poesia. E o melhor: não existe interferência de cartolas ou de patrocinadores no resultado. Lá a arte é livre e fala mais alto do que qualquer negociata. Ao contrário de um bando de zumbis, hipnotizados pelo mundo da bola, lá as pessoas tem cultura e senso crítico o suficiente para saber que o planeta futebol é apenas um planeta que ainda não evoluiu. E se depender dos donos da bola, não vai evoluir nunca.
No quadradistão não há torcida uniformizada, disposta a matar e morrer pelo seu time. Lá todos torcem pela arte. Quantos mais artistas, melhor. A competição, se é que essa palavra pode ser aplicada por lá, é saudável. É pra lá que eu vou antes que os efeitos dessa Copa do Mundo se tornem ainda mais assustadores. Lá estarei livre da epidemia futebol, que promete causar grandes prejuízos ao tempo, às relações e ao bolso dos brasileiros. Lá, no quadradistão, dunga é só o nome de um dos sete anões que flertam com a Branca de Neve. Isto é, não tem poder de contentar, tampouco de entristecer uma nação.
Então, vamos para o quadradistão?
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