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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 209 de 320.
23/02/2011 -
Preste atenção
Preste atenção, não diga nem que sim nem que não, apenas ame. Ame sem pensar no minuto seguinte, no que ficou ou passou. Ame atemporalmente e achando-se ou não, perdidamente. Ame de forma ilusória subvertendo a ordem da própria memória. Ame de contração em contração, como que parindo um novo amor a cada gemido. Ame como as sombrinhas amam a chuva, com muita cor, exposição e dança. Ame sem se importar se o que vive é romantismo ou pieguismo.
Ame e chame por esse amor como a flor chama o fruto. Ame e, modéstia à parte, ame como a maior das amantes. Ame ponteando alegrias e martírios. Ame buscando completar a incompletude da vida. Ame privando-se de tudo o que não diga respeito a esse amor. Ame bebendo e comendo esse amor. Ame com todos os suspiros e ais que tiver direito. Ame entre babados e rendas, enrodilhando-se de redondilhas....
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22/02/2011 -
Lições de vida e morte
Tive a honra de ter convivido por quase 25 anos com meus quatro avôs. Também conheci cinco dos meus bisavôs e uma porção de tios-avôs. Se hoje sou um contador de histórias, muito devo a eles. Cada qual do seu modo eles ensinaram-me muitas lições de vida e de morte. Até meus vinte três anos, dez meses e vinte e três dias de vida terrena, a morte ainda era uma coisa estranha para mim. Um tabu. Algo que só acontecia na casa do vizinho. Era como se eles, meus avôs, fossem imortais.
Embora eu já tivesse chorado as mortes de Betinho, Ayrton e Jobim e de alguns bisavôs, o meu círculo familiar mais próximo estava imune aos ceifadores. Durante a noite, acostumei-me a rezar pelos quatro e me questionei várias vezes como seria a vida sem eles. Eram próximos, na verdade, parte de mim. Não posso me queixar que os santos foram generosos comigo, afinal, poucas são as pessoas que puderam ter uma convivência tão intensa quão duradora como eu tive com meus avôs. ...
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Comentários (1)
21/02/2011 -
Porque é segunda-feira
Porque é segunda-feira,
Hoje há alguém que acorda de mau, de mau humor, de mal da vida, de mau caráter. Hoje há alguém que acorda disposto a matar e alguém que acorda querendo morrer. Hoje há alguém que acorda sem querer acordar. Hoje há alguém que perde a hora. Hoje há alguém que nem acorda. Hoje há alguém que se perde no destino ou nos próprios pensamentos. Hoje há alguém que chora a tristeza de existir. Hoje há alguém que grita e ofende a mãe do juiz. Hoje há alguém que nasce disposto a atacar tudo e todos. Hoje há alguém que acha tudo sem gosto. Hoje há alguém que desconhece o próprio rosto. ...
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20/02/2011 -
Mudança de horário
O texto saiu atrasado porque fiz questão de esperar pelo momento exato da mudança de horário. E não o fiz somente para dar adeus e comemorar o fim do relógio de verão que nos fazia acordar no escuro antes mesmo do concerto dos pássaros e trocava a luz das velas no jantar pela luz nada romântica do sol. À meia-noite pude tomar parte da magia de mudar o tempo, de voltar ao passado, de brincar de Deus.
Voltar os ponteiros do relógio em uma hora e poder viver novamente e de forma diferente aqueles últimos sessenta minutos é algo que mexe com dois mundos: o imaginário e o real....
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19/02/2011 -
Edifício de mulher
À primeira visita, a mulher desejada deve ser contemplada do alto de sua arquitetura e engenharia. Porque depois que ela se tornar mulher amada só poderá ser vista de baixo, no ângulo permitido aos olhos que rastejam e ajoelham. Enquanto lhe é permitido voar, alongue as asas e observe bem do alto esse arranha-céu de beleza e tristeza que é essa criatura descendente de Eva. Se não conseguir chegar até lá com suas próprias asas, tente um teleférico, um foguete ou se pendure nos cabelos de um anjo. ...
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18/02/2011 -
Capítulo 63
Em meio ao grande alvoroço criado em razão de sua presença, Jhaver emana vibrações de tranqüilidade e um a um todos vão se calando para ouvir o que ele tem a dizer. Isto é, quase todos. Fazendo uso de culpas e desculpas, o promotor exige que o juiz acabe com aquilo que julga ser um teatro barato.
Do alto de sua cadeira, o meritíssimo acena que irá acatar o pedido, mas antes de concretizar seu pensamento há uma sucessão de fenômenos que nem ele nem ninguém conseguem entender ou explicar. ...
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18/02/2011 -
Grand-Ópera
Quero pegar o trem que me leve para o mês que vem. Quero pegar a rua que me leve para lua. Quero pegar o a trilha que me leve para deserta ilha. Quero pegar o caminho que me leve para um bom vinho. Quero pegar a estrada que me leve à criatura amada. Quero pegar a direção que me leve a uma paixão. Quero pegar a nave espacial que me leve a outro astral. Quero pegar o cavalo de aço que me leve às flores de março. Quero pegar o submarino que me leve ao feminino.
Quero pegar a vela que me leve a outra janela. Quero pegar o nevoeiro que me leve ao meu eu mais inteiro. Quero pegar a vereda que me leve ao bicho da seda. Quero pegar o balão que me leve à próxima estação. Quero pegar a via que me leve ao mundo de fantasia. Quero pegar o destino que me leve ao tempo de menino. Quero pegar o vento que me leve ao rebento. Quero pegar a cruz que me leve à luz. Quero pegar o avião que me leve para o anjo coração....
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17/02/2011 -
Doração
A dor me consome. Uma dor que não dorme. Uma dor com tantos codinomes e sem nenhum nome próprio. Uma dor que me tira a fome, que me tira o sono e me dá o ópio. Os delírios e as fantasias de uma criatura dorida, sentida da vida. Os lírios e as poesias ficam para depois dos espinhos e gritos impossíveis de serem decodificados, quiçá entendidos. A dor que me faz aflito e me toma sozinho. A dor que alimenta o desespero e fecha todo e qualquer caminho. A dor que fermenta e envelhece como um bom vinho. ...
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16/02/2011 -
Cidade solidão
A solidão é um sentimento negativo por natureza e em permanente construção. Não só pelos acessos em péssimo estado de conservação, pela sensação de noite eterna, pelas paisagens de uma guerra civil e pelas falas decadentes da época em que se flertou com a felicidade, mas também por toda uma tentativa de reerguer-se depois da separação. Separação de algo, de alguém ou, até mesmo, de si próprio. Quem nunca foi obrigado a se separar de sonhos ou projetos?
A solidão é um campo espesso, infinito e ao mesmo tempo claustrofóbico. Tem tonalidades sombrias e temperaturas frias. É o último lugar que se escolheria num roteiro turístico. Ali, em solidão, a vida é falha e pouco convidativa, melhor dizendo, é uma vida degenerativa. Solitários são como ilhas navegando no meio do oceano da multidão. Ilhas que não se comunicam, tampouco interagem com o ambiente. Apenas flutuam no vazio, exterior ou interior. ...
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15/02/2011 -
Por que escrever?
É preciso escrever para manter acesa a chama que me clama a me escrever. Escrever para sofrer e padecer e também para alcançar um misterioso prazer. Escrever para antever, para remoer e meio que sem saber o que escrever. Escrever para dissolver sua força bruta. Escrever a ler e a reler o que se pôs a fazer. Escrever para conter os canhões e render as solidões. Escrever para proteger os corações. Escrever para viver uma página a mais. Escrever para reviver os casais. Escrever para romper o silêncio. Escrever para satisfazer ou umedecer outros olhos. Escrever para tecer a arte com símbolos e óleo. Escrever para esquecer e para se lembrar do que está a se perder. Escrever para doer e para parar de doer. ...
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