Daniel Campos

Prosas

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04/03/2011 - O reinado do momo

Alô, alô rei momo, o que sua alteza vai fazer com a alta da inflação? No seu reinado tem criança chorando de inanição! Que tal baixar um decreto baixando os juros? Aproveite para acabar com o horário de verão. Vamos tapar os buracos da avenida principal porque lá vem mais um bloco de carnaval.

Rei, rei, rei momo, a oposição está querendo melar a festa. Mande o arlequim colocar um fim em tanto escândalo e corrupção. E a chuva não para não. Ta chovendo serpentina e confete no povo que perdeu a casa, a família, a identidade. Rei momo, ò rei momo, sai do trono, pisa na lama que seu país ta em chama. ...
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03/03/2011 - Sobrevivendo

De mãos amarradas e boca amordaçada. De palavras silenciadas e sonhos amputados. De olhos vendados e digitais apagadas. De identidades violadas e pensamentos negados. De desejos esquecidos e olhares banidos.

É assim que vou pela estrada afora, tropeçando em ideais e fugindo da autodestruição. Vou perseguido, caçado, procurado. Vou molestado, acuado, açoitado. Vou ferido, banido, entristecido. Vou mesmo em pé caído.

Já perdi a conta de quantos golpes sofri, de quantas maneiras sofri, de quantas vidas não vivi. Já perdi a noção das torturas, das repressões, dos calabocas que ganhei. Já perdi a voz, a força, o ânimo. Já perdi a oportunidade de perder. ...
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02/03/2011 - O homem pó agora é cinzas

Estamos a uma semana de tudo virar cinzas. Deus disse que o homem retornaria ao pó, mas em virtude dos pecados ou de algum outro desvio, tem retornado à cinza. O homem feito de terra dá lugar ao homem feito de brasa. O homem que acende como uma pira e queima sua existência de forma intensa e rápida. O homem queima sorrisos e esperanças, prantos e bonança. Queima uma vida cheia de destinos e caminhos num simples riscar de fósforo.

São homens e mulheres ardendo de amor ou de dor, numa rima tão barata quão quente. São criaturas possuídas pelo fogo do querer mais, do saber mais, do ter mais. E esse incêndio é contagiante como fogo em um palheiro. Uma multidão queimando por dentro suas angústias e expectativas. Queimando a inquietude de existir. Queimando sob o sol de verão e sob os pensamentos de plantão. Queimando sangue, carne e coração. ...
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01/03/2011 - A justiça deveria...

A justiça deveria não ter cor, forma, sexo, idade, classe, credo. Deveria ser paratodos e não para um ou alguns. Deveria ser imparcial, como pregam os filósofos e os espessos livros de direito. A justiça deveria estar em todos os lugares, como uma espécie de Deus onipresente. Deveria não ser cega. A justiça deveria olhar, sem vendas e com olhos bem abertos, tudo e todos, sem distinção ou preconceito.

A justiça não deveria estar sob o poder de poucos. Deveria deixar os pedestais e gabinetes e ser feita nas ruas. Deveria não se esconder atrás de capas e togas e vir nua, de peito aberto. Deveria não servir como mercadoria ou se render ao jogo político. A justiça deveria deixar de juridiquês e falar de uma vez a língua dos homens. Deveria ser mais concreta do que abstrata, mais social do que institucional, mais justa do que injusta....
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28/02/2011 - Trocas e trocos

Eu pulso mesmo sem pulso. Eu como mesmo sem fome. Eu durmo mesmo sem sono. Eu acordo mesmo sem dormir. Eu vejo mesmo sem querer enxergar. Eu ouço mesmo sem suportar ouvir a mesma canção. Eu danço mesmo pisando em meus próprios pés. Eu amo mesmo sem saber amar. Eu viajo mesmo sem sair do lugar. Eu escrevo mesmo sem ter o que contar. Eu leio mesmo sem saber decifrar as palavras. Eu rezo mesmo sem acreditar. Eu trabalho mesmo fora de órbita. Eu vivo mesmo fingindo. Eu caminho mesmo sem direção. Eu aposto mesmo sabendo que vou perder. Eu saio mesmo querendo ficar. Eu choro mesmo sorrindo. Eu ligo mesmo que for para o telefone da solidão. Eu erro mesmo querendo errar. Eu emociono mesmo sem maior intenção. ...
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27/02/2011 - Gárgulas apaixonados

Eles se amam como amam os gárgulas, de dia estão tão perto e quão distantes, já a noite são amantes, voando nas asas um do outro, num amor guerreiro e solto.

Antes do fim do primeiro beijo, o coração de pedra explode de prazer em medos e desejos, em trovejos e segredos que não aguentam mais se esconder.

Pela escuridão, entre o sim e o não, os gárgulas vão se perseguindo, se seduzindo, se possuindo, como duas estátuas em movimento, duas criaturas de sangue ao vento. ...
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26/02/2011 - Drinque de chuva

A chuva dá cor, cheiro e significado às coisas. É impressionante como uma simples chuva muda o tom de paisagens inteiras. Essa água vinda das nuvens guarda um mistério – serão as pinceladas do criador reavivando a criação? Sinto que é na chuva que Deus está mais próximo. É uma forma dele se fazer presente e tocar sua obra sem causar alardes. Adoça os frutos, dá folhas novas, alimenta os rios, germina as sementes, lava as urucubacas, perfuma, renova o espírito.

Na chuva cada milímetro de matéria ganha intensidade e beleza. A chuva tem algo de dramático em seu espetáculo, que é feito naturalmente de quedas. A maioria dos filmes aproveita da chuva para emocionar o telespectador. “Singin' in the Rain” é um exemplo disso. A cena em que o personagem interpretado por Gene Kelly canta e dança na chuva mexe com qualquer um. É o milagre da chuva, que revira emoções dentro e fora de nós. Quem nunca se lembra de um fato marcante, um beijo, por exemplo, sob chuva? ...
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25/02/2011 - Uma escola chamada Nelson

A Estação Primeira de Mangueira vai trazer logo mais para a avenida o mundo encantado de um de seus fundadores e principais expoentes: Nelson Cavaquinho. Esse bamba da verde-rosa cruzou o meu caminho quando ainda menino meu pai me apresentou, meio que sem querer, ao seu violão boêmio. Desde então, o sambista me ensinou a amar como amam os sambistas: entre a flor e o espinho.

Passei a pisar nas folhas secas caídas de uma mangueira com mais cuidado, lembrando-me do poeta de voz rouca e cabelos brancos. Como nunca o vi frente a frente, lembro-me dele como numa ilustração do pintor de música Elifas Andreato. Durante muitos anos, vivi como Nelson, sempre só, procurando alguém que sofresse como eu também. Vivi pedindo para que as pessoas tirassem seus sorrisos do caminho para eu passar com a minha dor. ...
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24/02/2011 - Mãe, onde está?

Será que me ouve e escuta o que digo em silêncio? Será que me vela como as velas velam teu altar? Será que me toma como filho ou esqueceu meu nome? Mãe onde está que não a vejo? Por onde caminha? Aninha a minha fé em seu colo, por favor, por amor.

Como eu faço para lhe encontrar? Já não sei mais onde lhe procurar. Já perguntei pros padres, pros anjos, pros santos da paróquia e até agora ninguém me soube dizer como faço para achar o seu passo, ver o seu rosto em meio a tanto desgosto. ...
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23/02/2011 - Capítulo 64

O dia amanhece rodando em torno de um só assunto: Jhaver. Pelas ruas de Buenos Aires, pelos lares da Argentina, pelos bares do mundo a questão é uma só: será que ele existe mesmo?

Já não importa mais se Sebastian é culpado ou inocente, o que se quer saber é como ficará o planeta depois da aparição pública de um espírito que se diz um ex-castigador. Serão as religiões mentirosas e o modo de vida em curso uma grande afronta aos planos divinos?

Agora não é só um acusado de assassinato quem leva a existência de Jhaver a uma sociedade conservadora, que insiste em acreditar que estamos sozinhos no universo e que não há castigos por parte do todo poderoso. ...
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