Daniel Campos

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27/02/2011 - Gárgulas apaixonados

Eles se amam como amam os gárgulas, de dia estão tão perto e quão distantes, já a noite são amantes, voando nas asas um do outro, num amor guerreiro e solto.

Antes do fim do primeiro beijo, o coração de pedra explode de prazer em medos e desejos, em trovejos e segredos que não aguentam mais se esconder.

Pela escuridão, entre o sim e o não, os gárgulas vão se perseguindo, se seduzindo, se possuindo, como duas estátuas em movimento, duas criaturas de sangue ao vento.

Vivem como heróis e bandidos seus amores de vilões e mocinhas face a face com a lua, para depois morrerem de saudade ao amahecer que os petrifica.

Do alto da torre mais alta do seu castelo, ele vê, com olhos de pedra, o corpo dela estático, pousado ao lado do seu, numa nova versão de julieta e romeu, eurídice e orfeu.

Ela tem garras e não pode agarrar. Ele tem asas e não pode se jogar. Eles amam entre o silêncio do dia e a magia da noite, numa beleza de pedra, que encanta, canta e medra.


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