03/03/2011 - Sobrevivendo
De mãos amarradas e boca amordaçada. De palavras silenciadas e sonhos amputados. De olhos vendados e digitais apagadas. De identidades violadas e pensamentos negados. De desejos esquecidos e olhares banidos.
É assim que vou pela estrada afora, tropeçando em ideais e fugindo da autodestruição. Vou perseguido, caçado, procurado. Vou molestado, acuado, açoitado. Vou ferido, banido, entristecido. Vou mesmo em pé caído.
Já perdi a conta de quantos golpes sofri, de quantas maneiras sofri, de quantas vidas não vivi. Já perdi a noção das torturas, das repressões, dos calabocas que ganhei. Já perdi a voz, a força, o ânimo. Já perdi a oportunidade de perder.
Não há mais qualquer tipo de esperança, resgate ou socorro. Não há mais como voltar na linha do tempo e nas linhas das mãos. Não há mais como esquecer os desfeitos feitos no corpo e na alma. Não há mais como ter calma.
Caminho perdendo pedaços, fugindo dos meus próprios passos. Caminho em pranto, quebrando e tendo quebrado o encanto. Caminho sem saber aonde chegar e o que esperar. Caminho em descaminho não sei até quando nem porquê.
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.