Daniel Campos

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Encontrados 261 textos. Exibindo página 18 de 27.

20/08/2011 - Seguidor

Vou lhe seguir pelas crateras da lua, pelos raios do sol até que nossos corpos se confundam num último eclipse. Vou lhe seguir pelas curvas de nível, pelo desnível das emoções, pelas variações da elipse. Vou lhe seguir quando isto for possível e impossível também, vou lhe se seguir pecando e dizendo amém até a fonte do apocalipse.

Vou lhe seguir pelas ramas da sua tatuagem, pelas tramas da sua imagem, pelas damas da sua linhagem até que ríamos da nossa própria bobagem. Vou lhe seguir pelos volteios, pelos clareios, pelos centeios de uma mesma e insensata paisagem. Vou lhe seguir pelas tempestades, de água, vento e saudades, até encontrar-me na sua aragem....
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19/08/2011 - Salve Vovó Marilu

Vovó Marilu me falou para eu me cuidar que inimigo está por perto, mais perto, mais do que perto como sombra e luar. Inimigos desta e de vidas passadas. É bom se proteger. Vovó Marilu não brinca, fala sério e até dá bofetão. Anda com seu filho, pai Seta Branca, com princesas indígenas e com a falange dos pretos velhos. Vovó Marilu tem espírito acaju, coração-açú e uma magia sururu. Contra meus inimigos vou passar na sua linha de passe e defumação. Ajorã do amanhecer, vovó vai fazer dor em quem me faz doer. Salve Deus. Salve Vovó Marilu. ...
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17/08/2011 - Sem abusos

Se ela falou, por favor, perdoe. Se ela chamou, sem rancor, voe. Se ela sangrou, dor em dor, doe. Faça uma doação de palavras; crava as unhas em teu céu de manhãs, manhas e mumunhas. Rasgue nuvens, desfie horizontes, entonte estrelas, mas não caia nem traia a lua que ela te deu. Se ela chorou, abençoe o pranto que jaz. Se ela cantou, entoe o encanto que há. Se ela badalou, soe o acalanto de lá. De lá de trás dos temporais escusos, onde a vida se refaz sem maiores abusos.

Depois de sangrar, de badalar, de cantar, surge amena e intensa, como Maria, como Madalena, como que vinda de uma mutação poética. Impossível observá-la de soslaio. Os olhos varrem seu corpo e interrogam cada célula. Os olhos perguntam de um tudo andando de um lá para outro. Vez em quando esses mesmos olhos tropeçam em sua geografia, machucam-se em seus espinhos e confundem seu suor com maresia, seu perfume com vinhos. ...
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16/08/2011 - Sacolas de memórias

Atravessei os últimos dias com sacolas carregadas de memórias. O viço bom das histórias que insistem em viver após o ponto final. Sob o pretexto de amar, pedaços de sorrisos e silêncios, de súbitos e pausas, de suspiros e desfechos vão se colando, formando assim um só corpo. No caminho, cheiros, sons e texturas me alcançam. Sabores aconchegantes me conduzem numa barca de sonhos e medos pela água da boca.

As cores do que é verde e maduro se contrastando na composição de um cenário que mistura sequências de futuros e pretéritos. Lembranças aromatizadas. Tardes matizadas. Temperos em movimento. Afetos meticulosos sob o mesmo teto. O teto da imaginação. Ilusões inéditas e usadas, novas e quebradas, reformadas e inutilizadas esperando para nascer, para morrer, para renascer ao mínimo toque da vara de condão da esperança. ...
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10/08/2011 - Saudade alpina

E de tudo ao meu amor-perfeito serei saudade. De tê-la num estribilho pelos passeios de trem nos trilhos da serra serei saudade. De ter lábios alheios aos meus nas notas finais de um chocolate quente serei saudade. De tê-la pelas ruas estreitas pisando nos meus passos serei saudade. De ter olhares de lã me envolvendo em meadas de linhas e geadas e vinhas serei saudade. De tê-la canção em lareiras e ladeiras e beiras de estação serei saudade.

De mergulhar meu corpo ao dela como numa panela de fondue serei saudade. De tê-la entre camadas e camadas de coberta serei saudade. De suas palavras levadas pela canção de Jobim serei saudade. E de tudo ao meu amor-perfeito serei saudade. De tê-la entre o branco e o rosa das cerejeiras serei saudade. De um tempo que passa de charrete sob as minhas janelas serei saudade. De tê-la sem juízo num sorriso alpino serei saudade. ...
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04/08/2011 - Sem defesa

Cansei de me defender. Assumo a covardia como estilo. Nunca fui um valente. Jamais briguei por mim ou por quem quer que seja. Sempre me escondi. Sempre me esquivei. Não me importei em cair tantas vezes. Cheguei até a me fingir de morto. Apanhei muito sem revidar. Não sou dado a gestos heróicos. Tornei-me insensível a injustiça particular e alheia. Se possível, passo invisível pelas confusões, pelos canhões, pelos arpões, pelos grilhões, pelos turbilhões...

Não defendo a minha vida, o meu casamento, os meus filhos, o meu cachorro. Não defendo os meus ideais, tampouco as minhas ideias. Não defendo a minha comida, a minha casa, o meu salário. Não defendo as luas que me cobrem, os deuses que me rogam, os desejos que me habitam Não defendo a cachaça que engulo, o suor que derramo, a boca que beijo. Não defendo minha cara amarrada, minha amada, minha ladra, minha jornada, minha invernada... ...
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16/06/2011 - Sentimento binário

A paixão mal acabara de cair e os olhares se encheram de uma saudade infinda. Saudade de um amor sem cansaço ou pressa. De um amor que não pega avião ou faz download, mas que anda a pé admirando jardins, vitrines e fachadas. Um amor que não faz vendaval, mas que flutua numa brisa tão leve que nem o suspiro se atreve a interrompê-la. Um amor que se permite imaginar e se deixa levar pela imaginação. Um amor com cheiro de pele e que não se esconde ou se ausenta, mas que fica à flor da pele.
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02/06/2011 - Sol de outono

O sol de outono desce numa mistura de luz e sombra, de calor e frio, de seca e chuva. Um sol mesclado como aquela casquinha mista de chocolate e baunilha. Um sol de saudade, de ausência, de um tempo que ficou. Um sol de desejo, que provoca um ardor de dentro pra fora. Um sol que, tão velho quanto o mundo, permanece soberano e invejado por muitos astros e estrelas. Isso porque ele se alimenta do fogo das paixões humanas. E no outono, essas paixões, entre o calor e inverno, vivem um tempo de transição de formas e frequências. Por isso o sol de outono oscila, chegando a piscar como um vagalume. ...
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22/04/2011 - Sexta do silêncio

Hoje, o dia amanhece, entardece e anoitece em silêncio. Hoje, os pássaros não cantam. Hoje, a chuva cai sem trovões. Hoje, a criança se aquieta. Hoje, o carro fica na garagem. Hoje, a lua não diz nada. Hoje, as brigas ficam para depois. Hoje, o grito morre antes de nascer. Hoje, a oração não vai além de um sussurro. Hoje, a televisão é desligada. Hoje, o rio corre em surdina. Hoje, copos não brindam e talheres não batem nos pratos. Hoje, os sinos não tocam. Hoje, o coral silencia. Hoje, o fogo queima dolorida e silenciosamente. ...
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19/04/2011 - Semana santa

Há um padre benzendo ramos, porque é Semana Santa. Há os tradicionais ovos pintados à mão, porque é Semana Santa. Há penitentes de diversas irmandades caminhando mascarados, porque é Semana Santa. Há um ventro frio, triste e cortante, porque é Semana Santa. Há um cristão ortodoxo que toma banho em cerimônia no Rio Jordão, porque é Semana Santa. Há um devoto que carrega um tronco durante uma procissão, porque é Semana Santa. Há louvores à Santa Cruz, porque é Semana Santa. Há um convite à oração, porque é Semana Santa. Há quem jejue, porque é Semana Santa. Há igrejas que se cobrem de púrpura em sinal de luto, porque é Semana Santa. Há atores profissionais e amadores encenando a Paixão de Cristo, porque é Semana Santa. Há muita dor em tudo e em todos, porque é Semana Santa....
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