Daniel Campos

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Encontrados 261 textos. Exibindo página 20 de 27.

28/10/2010 - Santa chuva, chuva santa

A santa chora tantas mães sem filhos, tantos filhos sem mãe. A santa chora pelos meninos do sinal, do craque, dos fuzis. A santa chora tantas mortes em vão, tantas vidas não vividas. A santa chora uma série de crucificações diárias. A santa chora pela falta de arrependimento, de misericórdia e compaixão. A santa chora pela humanidade ter sido dominada pela cegueira, pela surdez, pela insensatez. A santa chora, mesmo com tanto poder, a sua impotência diante da realidade da cidade dos homens.
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18/09/2010 - Suspiro e goiabada

Atire a primeira pedra quem nunca ficou com água na boca diante de um bolo de aniversário? Bolos recheados com chocolates negros e brancos, amargos e ao leite, com nozes e ameixas, com frutas da estação como morangos, kiwis e pêssegos. Bolos de muitos formatos, tamanhos e coberturas. Camadas e mais camadas de pão-de-ló se exibindo nas vitrines das padarias, das confeitarias, das confrarias das doceiras. Isso sem falar nas caldas molhando o bolo, escorrendo no prato, atiçando os sentidos.
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05/09/2010 - Senhora dos remédios

Olha lá quem vem vindo, subindo as estradas que margeiam o rio Douro, é Nossa Senhora dos Remédios. É ela quem nos cura das doenças do corpo e da alma. Lá vem a imagem da santa trazida pela procissão do Triunfo. Só que não é procissão de velas ou de senhorinhas, mas de bois. Carros e mais carros de boi que vem rangendo, tangendo o estradão que vai se abrindo em torno daquela senhora de mantos rosa e azul. As rodas do carro vão girando como que chorando aos santos pés daquela senhora que cura o pranto de quem chora. ...
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17/08/2010 - Senhas

E agora, o João teve um apagão. Ao contrário do que acontece nos filmes, ele não acordou desmemoriado em um lugar desconhecido. Ele fez foi acordar em casa mesmo, ao lado da mulher, dos filhos e do cachorro maltês. Lembra perfeitamente de seu nome, de seu endereço, de sua profissão. Sabe o nome completo das crianças e da flor predileta de sua esposa. Tem consciência de que mora no décimo segundo andar de um prédio num bairro não muito distante do endereço do seu trabalho. No entanto, é como se um mundo inteirinho tivesse se apagado de sua memória....
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14/07/2010 - Sopros do tempo

Muitos de meus textos nasceram ao som de um trompete, de um saxofone, de um clarinete. Foi como se a inspiração se manifestasse por meio de sopros. Lembro de passar longas horas em meu quarto ouvindo parte da coleção de discos de meu pai. Aqueles álbuns dedicados à música brasileira instrumental sempre me provocaram. Muito do que escrevi, naquelas ocasiões, foi no sentido de preencher aquela falta de voz. Saindo do meu quarto e ganhando o mundo, o vento me soprava canções de sax, a chuva caia dedilhada no braço de um violão e a estrada se alongava em feitio de um solo de piston....
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01/07/2010 - Sem mais rodeios

O peão, com chapéu moldado a cabeça, debruça seu olhar estremecido sobre a arena vazia. A terra remexida ainda geme castigada pelas pisadas dos bois. As musas do rodeio já se foram. As luzes dos refletores baixaram. E o narrador deixou o silêncio pairando no ar. Nossa Senhora apareceu para recolher o que sobrou das preces elevadas a ela. Longe dali, alguns comemoram ou lamentam o resultado num copo de cerveja. Há quem dance, festeje, abrace, beije, mas aquele peão não consegue fazer nada disso tendo os olhos presos à arena. É como se sua história de títulos fosse sepultada naquele chão junto à coragem e à vontade de continuar. ...
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24/06/2010 - Sob teus pés

Sob teus pés, uma moça de olhos tristes acende uma vela e suplica pela saúde de seu pai. Sob teus pés, um velhinho, de passos miúdos, pede um pouco mais de vida. Sob teus pés, um homem levanta sua carteira de trabalho no intuito de ser agraciado com um novo emprego. Sob teus pés, uma senhora traz flores em cumprimento a uma promessa. Sob teus pés, um andarilho para em contemplação. Sob teus pés, um menino deixa um bilhetinho querendo boas notas na escola. Sob teus pés, uma menina reza um terço sonhando com um final feliz para seu amor não correspondido. ...
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10/05/2010 - Sugestões urbanísticas

Se ao menos os engarrafamentos fossem engarrafados em uísque o trânsito e as esperas fluiriam com mais graça. São Pedro poderia colaborar e fazer chover algumas pedras de gelo. Para quem prefere a bebida estilo caubói bastaria procurar regiões mais ensolaradas, como o velho oeste ou o sertão nordestino. Quem prefere misturar a bebida para deixá-la um pouco mais fraca ou doce teria a opção de mergulhar em rios de refrigerante, de energético e, até mesmo, de água de coco. Afinal, tudo é possível num mundo transgênico. ...
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23/04/2010 - Salve Jorge

Salve Jorge. Salve Jorge, senhor da sétima cavalaria. Salve Jorge, patrono da Catalunha, da Geórgia, da Lituânia e do Rio de Janeiro. Salve Jorge, do cavalo marchador. Salve Jorge, caçador de dragões. Salve Jorge, altar dos cristãos. Salve Jorge, armas e fogo. Salve Jorge, nosso protetor e guia. Salve Jorge, das igrejas e dos terreiros. Salve Jorge, das baladas medievais. Salve Jorge, dragão tatuado no peito. Salve Jorge, cruz de sangue cravada no braço. Salve Jorge, santo e herói. Salve Jorge, dos corintianos. Salve Jorge, de canções e orações de fecha-corpo. Salve Jorge, salve-nos. ...
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11/04/2010 - Se essa lua...

Se essa lua, se essa lua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar, com ilusões, com ilusões que não se apagam, só pra ver, só para ver meu bem passar sem se machucar. Ah! A cantiga popular me inspira a suspirar por um mundo menos doloroso, capaz de não causar sofrimento algum à pessoa amada. Seria perfeito ao humano coração apaixonado poder preservar quem se ama de todas as mazelas do cotidiano.

A lua, pálida como a pureza da mulher amada, certamente é habitada somente por canções de amor. Quantos os casais de namorados que cantam seu romance à luz dos quartos da lua. Quantas trovas, fados e chorinhos nascem inspirados nesta noiva que arrasta seu branco véu pela noite escura. Sem dúvida alguma, a lua não sabe o medo e o terror, tampouco conhece o perigo que há nessa terra de ninguém. ...
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