Daniel Campos

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Encontrados 254 textos. Exibindo página 20 de 26.

22/07/2010 - Pedidas

Para os fracos, coragem. Para os medrosos, confiança. Para os cansados, ânimo. Para os necessitados, tudo. Para os descrentes, nada. Para os inseguros, determinação. Para os aflitos, alívio. Para os desesperados, fé. Para os loucos, a glória. Para os criminosos, a escuridão perpétua. Para os arrependidos, um caminho. Para os mentirosos, a dor da verdade. Para os falsos, a solidão. Para os apaixonados, o desejo. Para os frívolos, a chama.

Para os doentes, alma. Para os alunos, a sede. Para os profetas, o silêncio. Para os egoístas, a partilha. Para os soberbos, a dúvida. Para os jardineiros, rosas e margaridas. Para os santos, a prova. Para as mães, o elo. Para as crianças, contos de fada. Para os trabalhadores, sal. Para os ausentes, o peso de suas atitudes. Para os agourentos, o azar. Para os hipócritas, a consciência. Para as bocas, beijos e palavras. ...
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06/07/2010 - País cara de pau

Todos pintam o rosto. Todos falam com gosto. Todos levantam uma bandeira. Todos se esquecem da canseira. Todos viram técnicos. Todos têm palpites proféticos. Todos falam mal da mãe do seu juiz. Todos vivem por um triz. Todos se reúnem com todos. Todos vão do céu ao lodo. Todos têm um feitiço particular. Todos bebem de bar em bar. Todos têm suas crenças. Todos têm suas exigências. Todos se esforçam para cantar o hino nacional. Todos se esquecem do mundo real.

Todos entram no gramado. Todos dizem: isso ta certo, aquilo ta errado. Todos têm um motivo para comemorar. Todos querem apostar. Todos comem pipoca com coca-cola na frente de uma tv japonesa e ainda dizem que são nacionalistas. Todos são anônimos e artistas. Todos têm uma receita infalível. Todos se unem para combater o mesmo pesadelo terrível. Todos têm uma escalação na cabeça. Todos têm no coração o desejo de vença. ...
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21/06/2010 - Prece ao moribundo

Que Deus, Alá, Shiva ou alguma outra criatura superior tenha pena deste homem que depois de tanto acreditar foi desacreditado. No meio de tantos e santos este homem se vê sozinho, levando solitariamente seu caminho. Pode parecer exagero ou bobagem, mas a vida decreta sua despedida. E não há o que teimar: agora, basta caminhar para devolver seu corpo a terra e sua essência aos céus de agosto. Mesmo a contragosto de suas vontades, o moribundo parte de coração cheio e mãos vazias.

Coração cheio de sonhos incompletos, contabilizados no seu balanço de realizações e frustrações. Mãos vazias de oferendas. Não conseguiu tudo o que pleiteou. Aliás, conseguiu muito pouco. Quase nada. Voou, caiu, tropeçou e foi atropelado por um mundo nada misericordioso com os fracos. E aquele homem, embora nascesse com o brilho dos sonhadores nos olhos, fraquejou. Não teve forças para se impor, tampouco para propor uma realidade diferente. De tantos sonhos sonhados, restou a saudade do que não foi. ...
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02/06/2010 - Para além dos limites

Cheguei ao limite. Aliás, acho que já ultrapassei o limite em alguns passos. Tudo agora parece mais complexo. Ah! Como seria mais fácil caminhar com os pés no chão. Mas eu quis viver com a cabeça nas nuvens. Meu pai queria que eu fosse doutor advogado servidor de carreira. Porém, eu escolhi sonhar. Ou melhor, os sonhos me escolheram como poeta. E não troco os meus romances por nada. Prefiro os meus personagens a muitas pessoas de carne e osso. Aliás, sempre preferi ficção à realidade.

Por isso dou duro para transformar o dia-a-dia em ilusão. Não é fácil viver um conto, uma crônica, um poema por dia. Mas eu tento e invento um caminho paralelo, um violoncelo no meio da rua, um olhar que flutua em outro olhar, um astronauta apaixonado por um escafandrista trocando beijos entre o mar e o luar. Viver transformando pedra em coração é uma tarefa desgastante, angustiante, apaixonante. Por isso, cheguei ao limite. De agora em diante não sei o que mais pode acontecer. ...
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29/05/2010 - Para além dos pãezinhos

O tempo passa e tudo se atualiza. A onda de modernidade atingiu as padarias. Além do design fashion das fachadas, prateleiras modernas para pães e vitrines requintadas para frios e doces. Paredes com textura, mesas agradáveis e decoração com tons de atualidade invadiram o lugar. Há pão de tudo quanto é jeito e café mais incrementado. Além de outras opções no cardápio dignas de um bistrô, como sanduíches e pratos mais elaborados.

Encaro com certa nostalgia essa mudança das padarias. Lembro do meu tempo de criança em que os pães bengala (os franceses chegaram depois) eram oferecidos aos clientes numa espécie de cesto de palha. Os pães - perdoem-me os incrédulos - tinham outro gosto. Hoje, os pães não resistiram ao feito artesanal rendendo-se à lucratividade do processo industrial. Hoje as máquinas substituem a mão do artista, no caso, do padeiro. ...
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12/05/2010 - Por amor eu...

Por amor eu lhe peço amor. Por amor, por favor, mais e mais amor ao insaciável coração. Por amor, chame a flor e as flores para uma nova primavera. Por amor, seja razoável nesta era de amor. Por amor, infrinja os limites e não ouça palpites alheios. Por amor, eu lhe espero no último dos campos de centeio. Por amor, deixa-me escrever a rima que nos une em seus seios. Por amor, diga a que veio. Por amor, vamos levar esse amor para lá do meio. Por amor, a lua cheia, o sol cheio.

Por amor eu lhe quero amor. Por amor, por favor, mexa-me meu amor. Por amor e pelo amor de Deus. Por amor, finja que esqueceu. Por amor, somos agora você e eu. Por amor, sem mais porquês. Por amor, sou sua vela, sua cama, seu buquê. Por amor, pela de medo de me perder como me pelo. Por amor, vamos fazer um tempo belo por entre teus pelos e meus apelos. Por amor, sem atropelos, por gentileza. Por amor, doe-me ao menos alguns minutos de convivência ao lado de sua beleza. ...
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17/04/2010 - Pelos cabelos da mulher amada

Eu quero a mulher que traz um mundo novo por entre os fios de seus cabelos. Um mundo com direito a grandes navegações e incursões poéticas e metafísicas. Eu quero descobrir o sexto sentido, o quinto elemento natural, o décimo terceiro signo e a quinta fase lunar ao longo do cabelo da mulher amada. Como eu queria que Deus me fizesse vento só para percorrer num sopro tais cabelos. Quanta delicadeza há implícita nos fios que desenham a moldura que me leva ao rosto da mulher amada.

Quero dourar o juízo quando o sol se derramar como um pote de mel, quente e doce, sobre os cabelos da mulher amada. Eu, ai como eu quero acampar pelos folículos pilosos de onde brotam os cabelos da mulher amada. Quero me banhar em xampus de espumas coloridas e em cremes macios e cheirosos. Quero sentir os pentes fazendo cócegas em minha barriga. Quero, ai como eu quero ver as estrelas brincando de esconder no decorrer dos cabelos da mulher amada. ...
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06/04/2010 - Pela queda de Bento XVI

É como católico apostólico romano praticante que peço o impeachment do Papa Bento XVI. O fato de ser acusado de encobrir denúncias de pedofilia dentro da igreja que comanda é a gota d’água para sua queda. Que ele caia em nome de uma igreja que precisa ser mais religiosa e menos política, mais sentimento e menos burocrática, mais amor e menos finança. Bento XVI não honra o nome que veste desde o momento em que foi sagrado papa. Afinal, o senhor Joseph Alois Ratzinger não chega aos pés de São Bento. ...
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02/04/2010 - Paixão dolorosa

Santa, puramente santa nasceu você, sexta-feira das dores. Santa feira, sexta de dor. Nasceu condenada ao silêncio e ao sacrifício. Nasceu jurada ao sofrimento vitalício. Tem o legado da proibição, da inibição, da castração de desejos e outros ensejos. Sexta de Barrabás. Sexta da vitória do Satanás, do martírio de Deus, do choro dos judeus, é assim dolorosamente sexta por quase dois mil anos. Tanto tempo faz e o vento que corre em ti, sexta-feira, ainda corta em dor de luto.

Sexta do grito de Jesus questionando o possível abandono do pai. Sexta que mata e morre na cruz. Sexta da escuridão, do roxo, da falta de luz. Sexta das dores. Sexta dos atores que encenam a paixão. A paixão de um Deus que se fez carne e morreu por nossas mãos. Sexta dos ateus e dos cristãos. Sexta do choro de Nossa Senhora, mãe e virgem dolorosa. Sexta das promessas de redenção, de ressurreição, de glória e aleluia. Sexta na qual um pássaro de fogo canta o fim do mundo na beira da tuia. ...
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28/02/2010 - Pensamentos de domingo

Estou longe, perdido em uma das sucessivas linhas do horizonte que vão caindo detrás da terra. Estou sozinho embora sinta que existe sempre alguém comigo. Uma espécie de anjo da guarda que, com escudos e espadas, acompanha-me de forma velada. Embora eu não o consiga ver, tampouco escute a sua voz de forma clara, sei que me sonda. Há incontáveis árvores já crescidas cortando o vento que, por sua vez, gostaria de varrer tudo ali para terras ainda mais distantes.

Estou montado em uma espécie de cavalo. Mas não é um desses cavalos comuns que aparecem nos filmes da sessão da tarde. Estou em cima de um cavalo de aço, que solta fumaça de óleo diesel pelas ventas. E como galopa de forma indomável aquele bicho. Pula, levanta poeira, berra alto por aquelas ruas de terra. Ainda bem que me ensinaram a não cair daquele lombo de ferro. Em poucos minutos já sou capaz de fazer rodopios com aquele cavalo arisco, na verdade, passos de um balé tão rústico quão frágil em sua existência. ...
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