Daniel Campos

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19/01/2011 - Pirenópolis

Eu a vejo entre ruas estreitas, ladeiras de pedra e beiras de janela debruçando seus peitos nos parapeitos. Eu a vejo passar, dançar, beijar bocas de vento e solidão. Eu a vejo muda e cor ao passar pelas fachadas coloridas das casas e casarões. Eu a vejo badalar no sino da matriz e a rezar e a pedir e a perdoar e a sorrir e a pecar. Eu a vejo chorar na beleza das quedas d’água. Eu a vejo em silêncio e conversando na língua dos viajantes do espaço e do tempo.

Eu a vejo sendo festejada e disputada pelas cavalhadas. Eu a vejo usando o artesanato local. Eu a vejo com lábios açucarados pelos doces de compota. Eu a vejo beliscando biscoitos e outras quitandas. Eu a vejo correndo pelo cerrado caça e caçadora. Eu a vejo como um retrato em movimento. Eu a vejo entre a cadeia de montanhas e numa fantasia tamanha. Eu a vejo passar pela ponte do rio das almas e pousar passaramente em uma de suas pousadas.

Eu a vejo jogando conversa fora na praça. Eu a vejo entre as vitrines da rua principal. Eu a vejo mergulhando em trilhas que a levam longe milhas daqui. Eu a vejo tomada por um sol amarelo pequi. Eu a vejo controversa e inversa, indígena, bandeirante e persa. Eu a vejo numa pintura pitoresca que sai pela rua procurando uma mão para se dar. Eu a vejo suspirando, doendo, fazendo e chorando, perdida de amor por um cavaleiro pirineu.


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