17/01/2011 - Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo...
Só a força do choro é tão forte quanto a força da chuva. As lágrimas rolam o rosto como as águas rolam os morros. A dor avança como avalanche, arrancando tudo, tomando tudo, arrastando tudo, devastando o mundo que há, ou melhor, que houve. Os deuses ganham os refletores. É a força dos deuses que são chamados, benditos e amaldiçoados. Há os que se conformam a partir dos deuses e os que se revoltam com os seres supremos. Ao longo desse cenário há quem busque estar ainda mais próximo ou ainda mais distante deles.
Nossa Senhora dos Navegantes. Iansã. Iemanja. Tlaloc. São Francisco. Mithra. Poseidon. Netuno. Tupã. Parjania. Quem é que se importa com a morte de João dos Santos? Quem é que remedia Maria das Dores? Quem é que diz o por que de um pai continuar pai sem filho? Quem é que contraria o poeta que confessou termos braços longos para os adeuses, para enterrar os nossos mortos? Onde está Noé que não colocou todas essas pessoas dentro de uma grande arca? Por que a barca de Caronte fez das águas o seu inferno de Dante?
Quantas identidades se molharam, se rasgaram, se desmancharam? Quantos rostos se olham no espelho e se dão como mortos? Quantos não possuem mais um endereço? Quantas cartas de amor ficaram debaixo da terra? Quantas paixões enterradas vivas? Quantas confissões se calaram para sempre? Quantas histórias ficaram sem fim, incompletas e perdidas pelo ar? Quantos segredos não revelados, quantos sonhos abortados por conta de uma tromba d'água nascida nos olhos do criador?
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