18/10/2011 - Pensativas
É de aço ou de lã esse amor que me consome? É sólido e pesado e intransigente como aço. É macio, quente e cheio de meadas como lã. Vem do chão ou do céu esse amor que me move? Vem do chão quando brota feito lavoura depois da chuva. Vem do céu porque parece milagre, suspenso no peito. É solene ou informal esse amor que me envolve? É solene em seus ritos e rituais. É informal em sua casualidade, em sua espontaneidade, em seu jeito sem quê nem pra quê.
Está em mim ou fora de mim esse amor que me abraça? Está em mim como pedaço de meu corpo. Está fora de mim como um sopro. Está aberto ou fechado esse amor que me embaraça? Aberto quando tudo conflui a favor num esforço de dar certo. Fechado quando faz balanço e rebeldia. Está claro ou escuro esse amor que me enlaça? Claro quando se trata de coisas objetivas, práticas, reais. Escuro quando falamos em saudade, quando desço fundo na escuridão da alma.
É plural ou singular esse amor que me fantasia? É plural em todas as variações do verbo amar, passado, presente, futuro, perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito. É singular quando se trata de muitas mulheres em uma só criatura amada, em uma só verdade. É cronológico ou psicológico o tempo desse amor que me extasia? É cronológico quando nos vemos isoladamente no espelho e psicológico quando nos temos, frente a frente, uns nos olhos dos outros.
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