Daniel Campos

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07/12/2009 - Os sinos não chegam ao Afeganistão

O final de ano chega com várias promessas, embora a maioria delas seja bastante antiga. Há muitas bocas falando em amor, paz, prosperidade. Há pessoas enfeitando árvores, paquerando presentes, planejando ceias. Tudo gira em torno de confraternização, de união, de paixão. Papais e mamães-noéis se abraçam pelas praças num abraço confidente. A cidade se ilumina. O novo tempo surge como redentor, capaz de perdoar todos os pecados de humanidade que, sobretudo, erra.

Paralelamente, trocando coros de jingle bells por palavras de ordem, exércitos marcham no e para o Afeganistão. O território destruído, improdutivo de sonhos, vai substituindo os fogos de artifício pelo barulho dos canhões. Pobres afegões que acreditaram nas promessas de paz de presidentes, de líderes mundiais, de seus ancestrais. O final do ano é apenas a continuidade de uma guerra constante e, quiçá, eterna. Dizem as lendas que o Afeganistão nasceu do ventre da guerra.

País das forças talibãs, da miséria e das manchetes. Soldados estrangeiros marchando pelo Islão. País que não dá lucro aos donos do Natal. País de gritos que não se lêem nos votos dos cartões dezembrinos. O final de ano chega e com ele o pedido de um minuto de silêncio aos mortos e aos mortos-vivos (vivos-mortos) do Afeganistão. Neste Natal, reze por Cabul, por Herat, por Jalalabad, por Mazar-e Sharif, por Kandahar...


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