23/02/2010 - Oceano do tempo
Pra onde vou? Pra onde vai? Pra onde vamos? Somos ilhas humanas cercadas pelos oceanos do tempo. Dia após dia as ondas bravias roubam um pouco mais de nossa terra. Ai de quem tem os pés presos ao chão. Dia após dia nos entregamos de corpo e maresia depois de muito resistir às coisas do tempo. Ai, o tempo das tempestades chegou. E eu só tenho pena de quem nunca amou.
Quem nunca teve um amor daqueles de chorar e arrebentar o coração vai afundar como embarcação vazia. Pobres daqueles que não terão nem tesouros nem âncoras para jogar ao mar das temporalidades. Já quem amou pra valer vai poder se valer desse sentimento para amenizar o sofrer no momento que o tempo vir a dizer: acabou, acabou, acabou!
Só quem amou não temerá o fim. Só quem amou experimentou o desejo atemporal. Aquele desejo que extrapola a carne, que avança mundos, que não se prende a nada senão a criatura amada. O amor, quando acontece, não precisa mais de lugar nem de relógios. Qualquer amarra ou regra ou convenção não significa coisa alguma para quem ama além do tempo.
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