Daniel Campos

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 278 textos. Exibindo página 16 de 28.

03/09/2011 - Onomatopéico

Toc Toc! Quem é? Atchim! Saúde. Au au! Se esconda. Bi bi fom fom! Shhhhhh. Não vá perder o piuí piuí. Vá acudir o unhe unhe. Toc toc! Quem bate? Nhecc! Piiiii. É o guarda. Booom. Se proteja. Há há há! Não achei graça. Fiu fiu! Que linda. Tchibum! Que calor. Blém blém! O padre está chamando. Cof cof. Não estou bem. Méee. Muuu. Béee. Que confusão no quintal. U u á á. Uga uga. Será macaco ou índio? Nhac Nhac. Crunch. Quer um pedaço? Sei não. Hmm. Que pena. Aiai. Burp. Desculpe. Argh! Que nojo. Ssssssss. Mata o mosquito, mata! Zum zum. O mel deve estar perto. Clap, clap! Bravo, bravo! ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

08/08/2011 - Oração da segunda-feira

Que os deuses do clarão me tirem das sombras nessas manhãs de segunda-feira. Manhãs frias e vazias, propícias aos desejos de não, de não me queira bem. Que os deuses da estrada alongada me permitam ir além do parapeito da minha sacada. Que eu possa subir por escadas imaginárias e me vestir com a indumentária do céu. Não falo do céu dos anjos ou dos santos, mas do céu das estrelas que existem para além dos calendários e da fraqueza humana que se agrava a cada nova segunda-feira.

Que os deuses do deserto me transformem novamente em feto, para eu nascer em um tempo distante desta segunda-feira. Um tempo sem preguiça, sem mau-humor, sem canseira, sem pré-julgamento, sem dor, sem fantasmas, sem pavor. Que os deuses do ne me quitte pas me façam aceitar cada ponto, cada vírgula, cada linha, cada pausa que venham a cair sobre mim ou em meu caminho nesta segunda-feira. Que eu saiba lidar com as interrogações, com os tempos verbais, espirituais e carnais. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

15/07/2011 - O homem que se perdeu

Ele não tinha mais nada para perder, quando se perdeu. Se não tivesse perdido a própria história, era uma vez o homem que se perdeu de vez. Já havia perdido mulher, trabalho, dinheiro e a memória. Vivia solitário numa espécie de ilha quando perdeu o coqueiro, o horizonte e o mar. Suas vontades, seus desejos, seu gostar caíram pelo caminho. Ficou sem carinho, sem cama, sem quem ama, sem o vinho que tanto gostava. O homem que entoava canções de um tempo sem fim ficou num silêncio da cor de carmim. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

21/06/2011 - O trem do inverno

Bravo! Bravo! Chegou à estação mais esperada do ano. Ao menos, a mais esperada por este escritor. Não é a Estação Primeira de Mangueira. Também não me refiro à estação de trem da Liverpol Road, tampouco às estações de esqui da Áustria. Falo de uma estação que não é física, mas que tem efeitos concretos: uma estação climática chamada inverno. Inverno das fogueiras de São João e das noites longas e estreladas.

Tenho o frio, as montanhas, a chuva fina – quase que garoa – em meu DNA. Devia ter nascido no inverno, mas por alguns dias eu rompi a casca no outono. No inverno as comidas têm mais tempero, as roupas levam um charme a mais, os perfumes são mais encorpados. Isso sem dizer que no inverno os corpos sentem ainda maior necessidade de ficar colado um ao outro. Estação em que o calor humano é fundamental....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

29/05/2011 - Os desígnos da solidão

Por tudo que há de mais sagrado nesta terra, não se entregue aos desígnios da solidão. Escute seu signo, ruja feito leão, fleche como sagitário e se feche num aquário. Consulte seus antecedentes, seus adjacentes, suas tangentes e, de repente, se aconselhe com uma estrela cadente. Peça pela flor da flor, pelo recomeço do amor, pelo sim de deus e pelo fim do adeus. Peça, peça, peça que o tempo se apressa.

Por tudo que acredita, insista, por favor, em viver de asas abertas, em constante vôo. Deixe para trás a época das bocas desertas fazendo ofertas aos seus orixás. Dance com seu babalorixá, ceda sua mão à cigana, chama pelas videntes e advinhas. Algum espírito benigno, daqui ou de lá, há de lhe olhar, de lhe aceitar, de lhe cuidar e de lhe livrar dos desígnos da solidão. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

18/05/2011 - O amor e o pânico na mesma canção

Quem tem medo de andar no bosque sozinho durante a noite? Quem tem medo de encontrar um ser metade homem metade bode na floresta? Quem tem medo das sombras e das caretas das árvores? Quem tem medo dessas e de outras coisas pode se preparar, pois hoje é dia de Pan, o deus dos bosques e do pânico.

Mas Pan, o deus que passava o tempo caçando nos campos ou dançando com as ninfas, também teve medo. Medo da solidão. Ele se apaixonou por uma ninfa chamada Syrinx, mas ela não quis nada com alguém que tinha pernas, orelhas e chifres de bode. Como não querer o amor de um filho legítimo de Zeus? ...
continuar a ler


Comentários (1)

15/05/2011 - O triste fim da jaca

Havia uma jaca no meio da geladeira. No meio da geladeira havia uma jaca. Desengonçada como ela só, ocupava o espaço, a refrigeração e a vista dos outros alimentos. É como se houvesse uma baleia em um aquário de peixinhos dourados. Desde que a comprei nas mãos de um desses vendedores de beira de estrada adquiri um enorme problema: onde colocar a fruta depois de partida. E meu gostar da fruta não é nada que me leve a comê-la de uma só vez. É um desses casos em que o simbolismo supera o paladar.
...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

11/04/2011 - O pintor de poemas

Quem é aquele homem que pega uma lata de tinta e um pincel e sai escrevendo versos, estrofes, poemas inteiros pelas ruas, pelas calçadas, pelos muros, pelas árvores, pelas janelas da cidade. Será de carne? Será que tem nome? Será que está sóbrio? São liras de poetas portugueses, chilenos, ingleses, russos, franceses se misturando naquela tinta grossa que ora é vermelha ora é azul ora é amarela aquarela. Coloca rimas perfeitas ao norte e rimas livres ao sul como se quisesse dizer alguma coisa nas entrelinhas... ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

19/03/2011 - Ouvindo-se

Ouça. Ouça o que seus ouvidos não estão acostumados a ouvir. Ouça o seu corpo. Ouça as suas células se reproduzindo, seus pulmões se enchendo de ar, seus neurônios dando choque. Ouça seus pelos se ouriçando, seus beijos passados, seus pensamentos guardados. Ouça a sinfonia indiscreta e, ao mesmo tempo, secreta que é você. Ouça o silêncio em cada um de seus gritos. Ouça os movimentos ósseos e musculares. Ouça sua alma querendo sair do corpo. Ouça as corredeiras sanguíneas e os convites das linhas do destino que correm em suas mãos. Ouça suas unhas e cabelos crescendo num movimento quase que constante. Ouça sua anatomia transcendendo dos campos da física e da química para os terrenos da poesia. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

18/03/2011 - O tempo da ingratidão

Ah! Ingratidão toma tudo que tudo é teu. Não adianta mais disfarçar ou remediar ou parafrasear, o que tinha de sofrer já sofreu. O coração, desvalido, da pobre criatura que se entregou ao amor desafinou. Os sonhos, tão sonhados e tão desejados, apodrecem dia após dia numa sucessão de agonia. A alma marcada pelos seus chicotes, ò ingratidão, segue sua via dolorosa chorando sua própria ilusão. Como pode? Não devia...

Ah! Não faz assim, ingratidão, com quem lhe deu da mão aos versos de sua maior canção. Como pode não acreditar em quem lhe acredita, como pode duvidar de quem lhe colocou acima de qualquer dúvida, como pode não compreender um sentimento tão compreensível. Como pode ser ingrata, ò criatura, a ponto de afirmar que tudo não passou de uma grande errata. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   14  15  16  17  18   Seguinte   Ultima