Daniel Campos

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29/05/2011 - Os desígnos da solidão

Por tudo que há de mais sagrado nesta terra, não se entregue aos desígnios da solidão. Escute seu signo, ruja feito leão, fleche como sagitário e se feche num aquário. Consulte seus antecedentes, seus adjacentes, suas tangentes e, de repente, se aconselhe com uma estrela cadente. Peça pela flor da flor, pelo recomeço do amor, pelo sim de deus e pelo fim do adeus. Peça, peça, peça que o tempo se apressa.

Por tudo que acredita, insista, por favor, em viver de asas abertas, em constante vôo. Deixe para trás a época das bocas desertas fazendo ofertas aos seus orixás. Dance com seu babalorixá, ceda sua mão à cigana, chama pelas videntes e advinhas. Algum espírito benigno, daqui ou de lá, há de lhe olhar, de lhe aceitar, de lhe cuidar e de lhe livrar dos desígnos da solidão.

Mesmo que lhe falte o ar, mesmo que lhe falte à voz, não deixe de cantar a sua canção predileta. Mesmo em silêncio, mesmo na escuridão, não estamos a sós, há sempre uma vida secreta entre nós. Pelas barbas dos evangelistas, pelas mortes dos mártires, pelas escrituras benditas, pela embarcação de Caronte, pelo discípulo fidedigno, não siga os desíginos da solidão.


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