Daniel Campos

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18/03/2011 - O tempo da ingratidão

Ah! Ingratidão toma tudo que tudo é teu. Não adianta mais disfarçar ou remediar ou parafrasear, o que tinha de sofrer já sofreu. O coração, desvalido, da pobre criatura que se entregou ao amor desafinou. Os sonhos, tão sonhados e tão desejados, apodrecem dia após dia numa sucessão de agonia. A alma marcada pelos seus chicotes, ò ingratidão, segue sua via dolorosa chorando sua própria ilusão. Como pode? Não devia...

Ah! Não faz assim, ingratidão, com quem lhe deu da mão aos versos de sua maior canção. Como pode não acreditar em quem lhe acredita, como pode duvidar de quem lhe colocou acima de qualquer dúvida, como pode não compreender um sentimento tão compreensível. Como pode ser ingrata, ò criatura, a ponto de afirmar que tudo não passou de uma grande errata.

Fere e maltrata, barbariza e mata quem lhe imortaliza. Alisa e bate, espalha sementes de sofreguidão preparando sua colheita, ingratidão. Vira as costas! Fecha os olhos! Nega nota a nota da lira! Diz que é mentira! Pira de ira! Ponha teus anjos e teus demônios na rua atrás daquela criatura que numa travessura lhe trouxe a lua. Ah! Ingratidão capricha na tortura e se esquece de uma de vez da lucidez, acabando com quem só lhe cultua...


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