21/06/2011 - O trem do inverno
Bravo! Bravo! Chegou à estação mais esperada do ano. Ao menos, a mais esperada por este escritor. Não é a Estação Primeira de Mangueira. Também não me refiro à estação de trem da Liverpol Road, tampouco às estações de esqui da Áustria. Falo de uma estação que não é física, mas que tem efeitos concretos: uma estação climática chamada inverno. Inverno das fogueiras de São João e das noites longas e estreladas.
Tenho o frio, as montanhas, a chuva fina – quase que garoa – em meu DNA. Devia ter nascido no inverno, mas por alguns dias eu rompi a casca no outono. No inverno as comidas têm mais tempero, as roupas levam um charme a mais, os perfumes são mais encorpados. Isso sem dizer que no inverno os corpos sentem ainda maior necessidade de ficar colado um ao outro. Estação em que o calor humano é fundamental.
Nenhuma estação é mais propícia para a leitura do que o inverno. Literatura regada a chá ou a uísque. As notas musicais ajudam a esquentar o ambiente físico ou espiritual. E os pássaros, com suas canções de amanhecer, indicam que há vida brotando depois da madrugada gelada. E quando pensa que tudo está perdido em tons pálidos, uma flor floresce, depois da geada, com tons que nem a primavera consegue ostentar em sua aquarela. O inverno é mágico. É o sopro da renovação.
O trem do inverno vem pela serra, estralando os trilhos, mudando a paisagem e o sentimento de tudo e de todos. Embarque com todos os sentidos e sem preconceitos em um de seus vagões. O maquinista tempo nos convida ao embarque. Tudo é muito rápido e intenso. Cuidado! Não vá perder a estação dos apaixonados que se encontram no labirinto de suas cobertas, das poesias servidas em forma de fondue, da floração do amor-perfeito, dos pés de moleca...
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