11/04/2011 - O pintor de poemas
Quem é aquele homem que pega uma lata de tinta e um pincel e sai escrevendo versos, estrofes, poemas inteiros pelas ruas, pelas calçadas, pelos muros, pelas árvores, pelas janelas da cidade. Será de carne? Será que tem nome? Será que está sóbrio? São liras de poetas portugueses, chilenos, ingleses, russos, franceses se misturando naquela tinta grossa que ora é vermelha ora é azul ora é amarela aquarela. Coloca rimas perfeitas ao norte e rimas livres ao sul como se quisesse dizer alguma coisa nas entrelinhas...
Quem é aquele homem que atrai milhares de olhares, que provoca autoridades, que enfrenta a solidão semeando palavras ao chão. Como consegue armazenar tantos textos naquela cabeça coberta de cabelos brancos. Como que psicografando, vai pintando letras de olhos fechados. Os carros buzinam e, as senhoras comentam e, os jovens nem ligam e as crianças querem se juntar a ele e pintar também.
Quem é aquele homem que mexe com os sentimentos de uma cidade inteira. Será que é louco? Será que é humano? Será que é cupido? Seja o que for, é alguém que sabe compreender a língua do coração. E o que parecia tão óbvio, apenas mais uma pichação, ganha um leque de sentidos e significados. E quando o dia vira noite, ele escreve à luz da lua, de velas ou lanternas. Não para nunca. O pintor do amor, ou da ilusão do amor, não pode parar. Derrotar a solidão, é sua sina, é sua missão.
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