Daniel Campos

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Encontrados 372 textos. Exibindo página 13 de 38.

21/11/2010 - A senhora não vai

Hoje é domingo e a senhora não vai à missa da Igreja de Nossa Senhora das Graças nas primeiras horas da manhã. Hoje é domingo e a senhora não vai quebrar o jejum, depois da hóstia consagrada, com um gole d’água e um copo de café preto. Café primavera. Hoje é domingo e a senhora não vai ligar o rádio nas estações sertanejas, tão caipiras como nós. Hoje é domingo e a senhora não vai ao mercadinho, não vai se vestir de linho, não vai colocar um pouco de açúcar no vinho. Hoje é domingo e a senhora não vai bebericar uma caipirinha na beira do fogão. ...
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08/09/2012 - A senhora que quarava

Roupas postas para quarar quando o sol está posto. Ao contrário de flores aquela senhora semeia peças de roupa pelo quintal. Camisas, vestidos, calças, blusas... As roupas sujas, depois de ficarem de molho em baldes, vão para o chão. Ao contrário de corpos, aqueles tecidos ficam nus naquele cimentado. Uma vitrine diferente de tudo o que as madames já viram. Ali não caimentos, cortes, bordados, modismos não são levados em conta. Tanto que naquela coreografia do quarar uma das pernas de uma calça remendada fica sobre o barrado de um vestido de grife. Ali, naquele quintal, tudo não passa de roupa suja. ...
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A tarde em um porta-retrato

Devagar, a tarde desliza nos confins do horizonte e sem atrasos, surge você. Surge sem escândalos, sem avisos, sem maiores explicações. Você (apenas) surge e a tarde se encarrega de acontecer. Você (apenas) surge e a tarde deixa de lado o que estava por fazer. Você (apenas) surge e a tarde passa a depender dos seus cabelos.

Se surgir com os cabelos soltos, as canções irão adormecer, lentamente, nos fios da ilusão. Canções inéditas. Canções de improviso. Canções que duram o tempo do seu passar. Os fios soltos no ar como pinturas abstratas. Os fios soltos no ar como caminhos ainda não descobertos. Os fios soltos no ar como riscos de giz. Pinturas sem nome. Caminhos sem volta. Riscos sem destino. Os fios dos seus cabelos e os fios de um destino ainda não traçado. ...
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15/04/2008 - A televisão não conseguiu voar

Pronto! Agora estou mais aliviado. Tirei um peso da alma. Não sabia que o fato de jogar a televisão pela janela me faria tão bem. Já estava ficando angustiado, nervoso, depressivo. Sou jornalista, mas não suporto o jornalismo da repetição. Ouvir uma vez já basta. Se nem filme de ficção eu suporto ver à exaustão, o que dizer de um pedaço de realidade. Isso sem falar que esses pedaços são crus e totalmente indigestos.

O caso dessa menina que foi assassinada e jogada do sexto andar de um prédio foi a gota d'água. Dia e noite, noite e dia, os telejornais só falam nisso. Uma verdadeira tortura para a família, para os amigos e para milhões de meros telespectadores como eu. Entrevista com mãe da vítima, com avô da vítima, com delegado, com procurador, com porteiro, com vizinho, com tia... chega!!!!!!! ...
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17/05/2012 - A terra da mulher amada

A mulher amada é a terra onde tudo é possível, onde a ficção se transforma em realidade e vice-versa. Existências e miragens se confundem no fundo dos nossos olhos diante da mulher amada. Não existe passado, presente ou futuro na dimensão da mulher amada que é a personificação de um tempo infinito e inalcançável. A mulher amada é povoada por místicos costumes. É uma apoteose de brilhos e estribilhos. A mulher amada é o trem, a estação e os trilhos dependendo da situação em que se encontra. Vida e morte convivem em cada espaço da mulher amada, ora duelando ora se amando. ...
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16/10/2008 - A totalidade caiu em desuso

De convulsões econômicas a uma nova mutação de répteis surgida em um povoado perdido na Oceania, eles dominam como ninguém. Ou, ao menos, dizem que entendem. Querem ser cientistas, filósofos, presidentes, reitores e até técnicos de futebol. E nem é mais preciso ter uma longa barba grande para fazer parte do clube de entendidos. O que era uma ordem de anciões virou uma legião de palpiteiros sem idade, sexo e endereço. Palpite para lá, palpite para cá, e o tico-tico está comendo todo o meu fubá.
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14/02/2010 - A última corsária

Depois do último gole de rum, ela saiu por aí pirateando por entre ilhas desérticas e tubarões esfomeados. Estava decidida que não mais navegaria. Foram anos e anos à deriva, cortando mares, saqueando embarcações, pulando para lá e para cá com sua perna de pau. Quantos sóis nasceram e quantas luas morreram no fundo de seus olhos de vidro. Mas já estava cansada, depois então que o papagaio que andava em seu ombro foi embora perdeu totalmente o ânimo.

Começou a beber mais e mais. A tripulação começou a lhe olhar desconfiada, afinal fazia dias que ela não jogava ninguém ao mar. A última corsária estava em crise existencial, emocional, zodiacal. E isso afetava todo o curso marítimo. Capitães e marinheiros perderam o medo de navegar. E com isso, perdeu-se a graça. Até mesmo o chapéu negro que lhe identificava de longe ela deixou para lá. Passava a maior parte do tempo trancada no porão do navio com garrafas de rum. ...
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10/11/2010 - A última noite

Se eu não me levantar da cama no horário de sempre, por favor, não me acorde não. Aliás, não faça qualquer movimento brusco senão aquele gerado por um beijo. Um beijo último. Não me venha com cobertas ou outras indumentárias. Não haverá mais tempo para sentir frio. Também não me traga copos d’água, remédios ou travesseiros. Se sede, dor ou caprichos surgirem pode ter certeza de que não serão mais de ordem física. Entretanto, mesmo se o meu coração não pulsar em sua mão, como de costume, saiba que o derradeiro pulso foi dedicado inteiramente ao amor maior que pode haver entre dois seres. ...
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01/09/2012 - A única paixão de Senna

Dizem que Senna amava Xuxa, amava Galisteu, amava Liliane, amava Yasmim, amava Patrícia, amava Vanusa, amava Marcella, mas Senna amava a vitória. Amava a vitória como nunca amou ninguém. Mulher alguma foi tão perfeita para Ayrton quão aquela que tinha o nome de vitória. Era com a vitória que Senna se realizava, e se completava, e se deleitava. Senna era apaixonado pela vitória desde criança. Foi, sem dúvida, seu primeiro amor. Um amor sem limites, construído de superação em superação. Senna buscou pela vitória até a última curva de sua história. Ayrton morreu em primeiro, a caminho da sua amada vitória....
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04/04/2015 - À varanda dos meus olhos

À varanda dos meus olhos vem sol, vem vento, vem poeira, vem chuva, vem menina moça, vem rosa vermelha, vem manhã limpa, vem tarde turva, vem clarão, vem cometa, vem perfume, vem procissão de estrela, vem luz de toda parte, vem sombra também, vem arte, vem um leque de sabores da infância, vem uma sequência de notas de ré, de fá, de mi-bemol, vem pardal, vem vira-lata, vem lua, vem canção, vem dama de tafetá, vem sementeira, vem fogueira de Pedro, de Antônio e João, vem embarcação, vem aceno, vem onda de mar distante, vem fiapo de manga, vem nódoa de jabuticaba, vem paina, vem drible, vem água-de-coco, vem horizonte, vem morro, vem nuvem, vem beijo endereçado ou não, vem cabelo, vem silhueta, vem folha de árvore, de anúncio , de poesia e de manjericão, vem lembrança, vem expectativa, vem a oitiva do tempo, vem átomo e universo, vem com vergonha e sem pudor, vem vestida e pelada, vem saudade, vem tempero, vem vela, vem jardim, vem outono, vem rio, vem encantaria, vem seresta, vem moda, vem papel, vem sapato e pé descalço, vem cetim, vem clarim, vem flautim, vem preguiça, vem malícia, vem molejo, vem sal e açúcar, vem um agrupamento de óleos e outros olhos, vem valsa, vem bolero, vem quero-quero, vem onça-pintada, vem garra, vem bico, vem asa, vem flor, vem chama, vem balão, vem asa-delta, vem saia, vem anel, vem faísca, vem chá, vem ladeira, vem pintinhas, vem manha, vem malemolência, vem compota, vem capim, vem fotografia, vem mensagem, vem trovoada, vem causo, vem nevoeiro, vem cantiga, vem pipoca, vem maçã-do-amor, vem algodão-doce, vem andorinha, vem mago, vem nave-espacial, vem princesa, vem sereia, vem rainha, vem cavaleiro, vem coração alado, vem formiga, vem alecrim, vem flor de sabiá, vem o verso do mundo pra mor de eu espiar.


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