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Encontrados 60 textos de abril de 2015. Exibindo página 5 de 6.
10/04/2015 -
Eis-me
Porque urjo eu fujo do subterfúgio inerente ao seu olhar depois das seis. Será que um dia, qualquer dia, mais dia menos dia, o meu sonho por entre os seus seios ainda tem vez? Eu já lhe contei que venho de outro planeta, que já fui árvore na paisagem e minha linhagem é de reis... Eu já duvidei do que sinto e, sinto muito, não minto, do seu eu mais bonito, situado entre o seu eco aflito e a sua alma de absinto, continuo o mesmo freguês. Então, ilusão na mesa, coração que troveja, demônio de igreja, para além da boca que beija: ainda me quereis?
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10/04/2015 -
O tempo não tem hora
Pela vida afora
Não pergunte
Quiçá assunte
O tempo do tempo
Pois o tempo
Não tem hora
Para o tempo
É somente
Tempo ao tempo
Independente
Se alguém o chora
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09/04/2015 -
O que brotará?
Dói pensar no que não mais há de ser vivido por nós. A bifurcação dos caminhos, optando-nos escolher entre a ilusão e os espinhos. Cubra-se com lençóis para não ver a tempestade perene ou se entregue à fervura deixando-se encher pelos molhos da vida como se fosse um penne. A paixão não tem cura nem explicação. Jura agora, ora pois, e depois chora por nós dois. É melhor ir embora enquanto é tempo ou ficar para ser devorado pelo sentimento? Eis a questão, a problemática que divide opinião. Se a vida fosse matemática uma mais um dava dois. Mas não há exatidão quando o regente é o coração, mocinho e vilão da nossa história. Depois do abismo será que vem a glória ou ficaremos imersos, submersos, controversos num espaço sem memória? Haverá para sempre uma semente proeminente de esperança ou a deusa da espera também cansa? Até onde vamos chegar ou chegarão com nós sendo assim tão iguais quão diferentes como uma prateleira de retrós? Por mais que doa é preciso desbrotar para crescer. As mulas do destino arrastam arados preparando a terra que mais cedo ou mais tarde nos engolirá. Resta saber o que resistirá e, o que sucumbirá e o que brotará disso tudo que fomos nós.
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09/04/2015 -
Crê, vê, lê, sê
Não há mais nada a pedir
Tampouco a fazer. Crê
Que o amanhã há de florir
E vamos em frente. Vê
O desabrochar do mundo
E o quanto é profundo
O olhar de que ama. Lê
A fundo esse romance
Que foge ao alcance
Nos labirintos dos olhos
Dependura-se na lua. Sê.
Elástico suspensório
Entre o escrito e o lido
Morando ao pé do ouvido
Do tempo sem porquê.
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08/04/2015 -
Seu descarte
Eu sou
O que você jogou fora
O que mandou embora
O que já não mais chora
Eu sou
O sonho que você desistiu
A sua esperança que partiu
Quem não caiu no seu funil
Eu sou
O que você já nem cobra
O que tirou como sobra
O avesso da sua obra
Eu sou
O que você não acreditou
O que você desconjurou
O que você me provocou
Eu sou
O que você de si não espera...
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08/04/2015 -
Semelhanças idênticas
A dor de um romance não correspondido é o grito de uma bailarina que perde seus pés. A relação entre a saudade e a pessoa amada é como a do Cristo que só continua vivo graças a sua cruz. A cegueira da paixão é como a do pássaro que para escapar da morte precisa voar na escuridão. O amor caído é como anjo sem asa, que nunca aprendeu a andar só a voar. Acreditar no amor é como acreditar em deus, é preciso se entregar sem restrições, incondicionalmente, para crer. O fim de uma história é sabido antes do seu começo e todas as partes aceitam esquecê-lo para vivê-la a fundo, sem interferir no que será porque tem de ser.
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07/04/2015 -
Naquele tempo
Sou do tempo em que a gente tinha tempo de ter tempo. Tempo de amar, de sonhar, de esperar. Um tempo em que o rio custava a dar no mar. Em que uma casa demorava uma vida para ser erguida. Em que Natal era distante e a dimensão do dia, gigante. Sou do tempo em que o tempo não corria, bailava. E como todo bailado há voltas e volteios, passos que vão e ao mesmo instante não num jogo de ilusão. Sou do tempo em que o tempo levava tempo a nos vencer. Naquele tempo era possível se ater à mudança da lua, à chegada do chuvaredo, à mudança de cor da paisagem. Os filhos demoravam a nascer e a crescer. Uma esperança tardava a morrer, sendo muitas vezes a última a fechar os olhos. Sou do tempo em que a gente se misturava ao tempo, bem diferente de hoje em que parecemos água e óleo. Sou do tempo da inocência, da simplicidade, da paixão acontecendo a cada segundo como se o amor não tivesse teto nem fundo. ...
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07/04/2015 -
Asas ao infinito
Por não saber para onde vou
Já fico dessabido
Por não querer o que querem
Me ferem
E então pro maldigo bendigo:
Não, não, não esperem
De mim nada mais do que sou
Julguem ou não bonito
Sou asas rumo ao infinito
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06/04/2015 -
Canteiros
Ando pelos canteiros do tempo
Pisando por entre folhas verdes
E terras afofadas pelas mãos
Entregues ao balé do vento
Vou por canteiros sem paredes
Em meio a uma sementeira
Que raia a terra inteira
Cheirando a manjericão,
Alfavaca, poejo, capim-santo,
Melissa, salsinha e salsão,
Arruda e corta-quebranto
Cebolinha, canela, alecrim,
Caminho pelo cominho,
Pelos cheiros e temperos
Impregnados em mim ...
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06/04/2015 -
Licença poética
Eu quero ir além, de direito e de fato, sem mas nem porém. Cantar sem se importar se desafino, rompendo os padrões de certo e errado, de sim e não. Dançar movido pelas músicas da minha cabeça. Voar alto como os pássaros de marte. Quebrar o asfalto em busca da terra. Desfolhar como árvore parindo folhas novas de uma história aberta. Abrir porteiras, cancelas, portões, janelas e tudo o que pode impedir a passagem do vento que traz a mensagem do tempo. Sumir em meio a um amor sem quaisquer preocupações que não seja amar e amar e amar e ser amado. Ser pedra, pau, bicho, planta, água, nuvem, chama, chuva de uma só vez. Mais do que escrever, viver a poesia, com licença poética plena e irrestrita.
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