Daniel Campos

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Encontrados 63 textos de janeiro de 2015. Exibindo página 1 de 7.

31/01/2015 - Vamos para Nova Iorque

Vamos para Nova Iorque
Levando nossa caipirice
Toda a reboque
Vamos falar inglês
Com o nosso sotaque
Caboclo português
Vamos fazer do Central Park
Nossa roça
De palhoça tupiniquim
Vamos para a Wall Street
Esquecendo-se do dinheiro,
Do violeiro, da artrite
Vamos para terra do Tio Sam
Pulando pra lá e pra cá
Feito rã de manhã
Vamos rezar, fazer promessa
Contra o trabalho escravo
Aos pés da Estátua da Liberdade...
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31/01/2015 - Minhas saudações

Minhas saudações ao povo do alto. Minhas saudações a quem não é do asfalto. Minhas saudações a quem se doa sem pedir nada em troca. Minhas saudações para quem é de fazer tudo pro outro como se fizesse para si mesmo. Minhas saudações para quem é da oca. Minhas saudações para o que não se explica. Minhas saudações para o que descomplica. Minhas saudações para quem não se deixa os sonhos a esmo. Minhas saudações para as almas que brilham. Minhas saudações para nossas raízes ancestrais. Minhas saudações aos nobres casais que amam demais. Minhas saudações aos que adiante trilham. Minhas saudações aos que estendem a mão. Minhas saudações aos que enxergam para além de toda e qualquer escuridão. Minhas saudações aos anjos do mato, do mar, das cachoeiras... Minhas saudações a quem trabalha e não fica de bobeira. Minhas saudações aos mestres do ar. Minhas saudações a quem vai perseguindo o que é amar.


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30/01/2015 - Lágrimas de conhaque

Ela chegou depositando seu sorriso contido no primeiro copo que viu pela frente. Sua alma fria, nada sorridente, foi tentando se aquecer com conhaque barato. Tinha dinheiro para champanhes, e uísques e drinques mirabolantes, mas carecia daquela bebida pobre, pois já estava farta de ter coração nobre. Ajudava, atendia, auxiliava, fazia, e nada recebia do que bem pretendia. Então, resolveu dar um basta em tanta nobreza e descer da beleza para um copo sujo. Aquele ambiente que cheirava a cigarro e sexo, fazia a transpirar por debaixo de um vestido que custava pelo menos dois anos do salário de quem depositava o conhaque turvo em seu copo. E aquilo mexia com ela. Sentia-se igual a qualquer um. Não precisava de regras de etiqueta, de segurar a línguas nas horas de desequilíbrio, de conter o choro para não borrar a maquiagem. Ali não vali a regra dos títulos, mas das dores. E dores não são maiores ou menores, são dores. De que adiantava seus diplomas, seus cursos no estrangeiro, suas horas deitada em um divã, se nada nem ninguém poderia dar jeito naquilo que chamavam de amor. Estava frustrada. Desiludida. Encurralada. Não podia sequer contar com as amigas que não entendiam ela se apaixonar por aquele que podia ser tudo menos seu namorado, marido, amante. Seu pai não queria aquilo para ela. Seu ex-noivo, ainda inconformado com a perda, não entendia os rumos que seu coração tomou. Sua mãe fazia até novena para ela se desencantar. Mas não tinha jeito. Seu coração, como um bicho, gostava daquele que não valia um cuspe. Ela própria tinha desistido de se entender. Embora relutasse, quando abria os olhos e dava conta de si, estava nos braços daquele homem que a tratava como um pedaço de carne. Não havia sentimento, não havia promessa, não havia compromisso, somente o prazer pelo prazer. Seu corpo dominava sua cabeça e o coração, como que enlouquecido, entregava-se ao absurdo. Ela não conseguia lhe botar freio. Ela tinha vocação para ser rica, feliz, bem resolvida, mas, de repente, seu destino era ser mais uma, talvez a mais baixa das mulheres, aquela que se deixa usar e ainda sente prazer nisso. Estava sendo contra seus valores, princípios e demais aprendizados. Mas de que importava a ética e a moral quando o assunto era satisfazer a si própria? Ao mesmo tempo em que ela tinha nojo de si ela sentia arrepios e se contorcia toda sendo assim. Ela queria mais mesmo chorando lágrimas de conhaque, tão doces quão ardidas. ...
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30/01/2015 - Tudo o que nasce

Tudo o que nasce é bem-vindo
Da criança ao mato do quintal
Tudo o que nasce é assim lindo
Codificado, invisível, transcendental
O amor que nasce eu não findo
Porque sei que não é só carnal
O amor que nasce é tamarindo
Adoça mesmo amarrando no final
O amor que nasce, nasce rindo
Seja quaresma seja carnaval
Tudo o que nasce é advindo
De um outro plano astral
Tudo o que nasce diminuindo
É pra caber num amor visceral ...
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29/01/2015 - Quantas vidas?

Quantas vidas eu vou precisar para lhe esquecer? Quantas vidas vão ser precisar para apagar todas essas marcas? Quantas vidas ainda vão se levantar contra tudo o que sonho? Quantas vidas se enfileirarão em minha frente e cairão uma a uma feito peças de dominó? Quantas vidas ainda vão ser necessárias para me dizer que eu sou só? Quantas vidas vão desaparecer sem que eu consiga vive-las por completo? Quantas vidas eu chamarei de saudade? Quantas vidas de expectativas serão mais cedo ou mais tarde trocadas por menos do que esperei? Quantas vidas hão de ser postas à prova sem que eu possa fraquejar? Quantas vidas serão escritas para mim romanceadas platonicamente? Quantas vidas eu terei de morrer para viver de verdade?


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29/01/2015 - Precisado de tu

Eu preciso dos seus braços
Sem você eu não me acho
Já perdi o rumo de casa
Não me vejo no espelho
Falta-me céu, sobra-me asa
Sem você sigo de joelhos
Eu queria só um minuto a mais
Do meu barco no seu cais
Eu queria só mais uma queda livre
No infinito da boca que nunca tive
Para além de um sonho bom
Com minha alma abobada
Manchada no seu batom


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28/01/2015 - Não dá, assim não dá

Não sofra mais, nunca mais se deixe assim ferida. Não permita novas humilhações e ameaças. Não aguente novas palmadas. Não há razão que faça você suportar quem quer lhe matar. Não há porque se prender ao sofrimento. Não há estrada que não possa ser rompida. Não há santo que abençoe essa dor. Não há como continuar se despedaçando. Não há o que pagar dessa forma. Não há como se dilacerar toda hora. Não dá para chorar sangue. Não dá para ser feliz assumindo uma culpa que não tem. Não dá para ser alguém colocando sua vida nas mãos de ninguém.


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28/01/2015 - Detrás das cortinas

Depois da noite, o açoite
Do dia que principia
No convés dos olhos
Morenos e amenos
De quem é do dia
De fazer o breu
Nos tempos altos
Do amor e de seus
Sobressaltos

Depois da noite, o abscoite
Das estrelas pelo vazio
Que há no céu da boca
Rosa, doce e pouca
De uma florista
Que sangra suas mãos
Em espinhos
A perder de vista
Enfeitando alheias paixões


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27/01/2015 - Deixa em paz a fera

O tremor dos seus pulsos
No impulso das correntes
Do tempo que nos espera
No intervalo da vida, por favor
Deixa em paz a fera,
A fera interior
E se faz ausente de temor
Deixa o caminho lhe levar
Porque não é de nós ficar
Parados
Somos e não somos o passado


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27/01/2015 - Saudade desfeita

E, de repente, eu me vi nos braços da senhora novamente. Aquele mesmo sorriso forte, sem mostrar dos dentes, mas numa profunda felicidade estampada nos lábios contraídos de emoção. As linhas de sua face, como nos nossos reencontros depois de muito tempo, tremiam. Seus olhos tentavam capturar o máximo de mim. Como se diz por aí, nem piscava. E quando me aproximei ela abriu os braços e num silêncio arrebatador, fui pra seu colo. Não falamos nada por um período de tempo que não dá para contabilizar. E nosso silêncio disse tudo o que precisava ser dito. As energias se manifestaram e a saudade foi desfeita.


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