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Encontrados 60 textos de abril de 2015. Exibindo página 3 de 6.
20/04/2015 -
Mulher apocalíptica
Não é tolice, crendice ou meninice
Pois há muito de apocalipse
Na mulher amada que chega
Com a lança do sofrimento
Na garupa do cavaleiro
Do final dos tempos
Com olhares de guerra
E um desejo inteiro
De conquistar a terra
Tendo sua feminilidade
Como seu maior engodo
Para colocar o mundo todo
Sob seus pés de mulher
Invencível, incrível, intransponível
Vai pisando rés ao chão
Meio que voando meio que andando...
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20/04/2015 -
Jogue-se
A hora de virar o jogo é agora. Não pense duas vezes antes de colocar seu instinto pra fora. Arregace as mangas e coloque todas as cartas sobre a mesa. Aposte. Blefe. Jogue. Vá até o último suspiro. Corra todos os riscos. Sem medo. Sem receio. Sem pavor. Sua vida é a sequência de jogadas. Quanto mais adia o jogo, mais adia a vida a ser vivida. Nunca dê sua história como lida. É preciso ir além do óbvio. Invente seu jogo. Inverta o jogo. Sinta o jogo. Jogue-se nesse jogo que é a sua vida.
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19/04/2015 -
Soneto da amada fazendo as unhas
Bem cuida dessas unhas de menina
Entre alicates e demãos de tinta
Tira toda cutícula, lixa e pinta
Fazendo esculturas de queratina
Espalha esmaltes muitos pela cama
E feito manicure doutoranda
No melhor do capricho da ciranda
Fazendo as unhas dizendo que ama
Ama entre palitinhos e algodão
Ama com espátulas e acetonas
Ama... auto-retrato da perfeição
Esmalta o que deseja para si
Amores, paixões de mandar à lona...
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19/04/2015 -
Cavalheirismo
Eu nunca estive tão perto de ser tão longe. Vivo com os pés no chão e com a cabeça nas nuvens. Meu coração se entrega ao tempo e não acumula ferrugem. Tenho tantas palavras gritando, gemendo, sussurrando e se casando com o meu silêncio de monge. Não tenho medo da morte e mesmo nas horas mais complicadas me considero um homem de sorte, lançado à própria estrada. Não caibo em cova rasa, sou pássaro com nove pares de asa. Estou além do aquém. Sou nó cego e desatado também. Não sigo só, não mesmo. Vou a eito e a esmo. Sou fanfarra fazendo algazarra vencendo na marra toda e qualquer amarra. Sou distante sendo perto, sou gigante ainda feto. Meu teto são as constelações, meu corpo é feito de sótãos e porões. Sigo quebrando grilhões, desencantando solidões, venerando paixões. Sou o aço que se dobra para a flor num cavalheirismo sem pavor de pieguismo, pois no fim das contas, como bailarina que mesmo tonta se equilibra e roda em suas pontas, minha sina é o amor.
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18/04/2015 -
Ainda há esperança
Não se lance à lança, pois ainda há esperança. Há esperança em nossas andanças. Há esperança de criança no peito adulto, crescido, idoso... Há esperança de fazer, de acontecer, de ser diferente. Há esperança de ir além do aquém que há no desdém do destino que passa fazendo arruaça. Há esperança no que está por vir, pois enquanto houver futuro nada está perdido. Há esperança de ter o que se queria ontem, amanhã, pois amanhã será ontem depois de hoje. Há esperança em tudo o que nasce, o que brota, o que vinga, o que cresce, o que raia... Há esperança no riso, no beijo, na flor. Há esperança sempre que acontecer um novo amor. Há esperança no gosto da fruta que ainda não madurou, na cor do botão que ainda não abriu, no som do pássaro que ainda não voou. Há esperança no que é incerto, assim como há beleza na incerteza. Então, por maior o desespero, não se lance à lança, pois ainda há esperança.
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18/04/2015 -
Nubla, cubra, encubra...
Nubla
Seus olhos nos meus
Cubra
Meus lábios nos seus
Encubra
Seus pensares ateus
E descubra
Onde o meu destino
No seu caminho
Se achou e se perdeu
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17/04/2015 -
Hoje, que tal...
Hoje nunca mais será hoje
Hoje é só hoje, uma vez só
Que tal então viver o hoje
Como nunca viveu ou viverá
Um hoje pra lá de especial
Um hoje visceral; Que tal:
Devorar um poema de Drumond
Dançar ao som do piano do Tom
Lambuzar outro corpo de bombom
Beijar e abraçar fazendo ronron
Encarar o sonho como um dom
Entregar-se hoje à lua de batom
Ser hoje amordemaisamor.com
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17/04/2015 -
Dor de garganta
Minha garganta dói a dor do nascimento. Não tenho dor de garganta em razão de resfriado, amidalite, gripe. Minha garganta dolorosa, dorida, dolorida é pelo parto das palavras. Os amores ditos, benditos ou malditos, que esperam para nascer por meio de versos ou prosas se enroscam, cravando dentes e garras em minhas cordas vocais, as quais escalam como penitentes no purgatório em busca do céu. Do céu da minha boca, da minha língua, dos meus lábios. Querem nascer. Querem liberdade. Querem acontecer. Porém, precisam esperar sua vez. E nessa espera fazem doer porque também doem de silêncio. Ferem a garganta que para “eu te amos” são como cela de prisão ou convento. Querem se lançar, se jogar, se entregar ao vento, aos ouvidos, ao destino. Minha garganta dói grávida de sentimentos de amor sedentos para nascerem como palavras. Palavras...
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16/04/2015 -
Mais do que unhas
Unhas
Para acariciar
Em feitio de mios
Unhas
Para provocar
Brados e arrepios
Unhas
Para cravar
Em quem se quer
Unhas
Para se dizer mulher
De forma incontestável
Unhas
Para dar força ao “vem”
e para cortar o adeus
Unhas
Para a fantasia ir além
Das palavras e atos
Unhas
Para se aprincesar
Ou para mulherizar
Unhas
Para se ferir no tear
Como bela adormecida...
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16/04/2015 -
Sete vezes sete
Naveguei por sete séculos, sete mares, sete espaços até chegar aos meus sete vezes sete amores. Foram sete ilusões, sete traições, sete perdões. Sete vezes o meu corpo no seu corpo. Sete milhões de beijos, sete milhares de abraços, sete infinitos olhares trocados, confiados, guardados, jurados para sempre. Sete universos contidos em sete zilhões de poemas vem verso e em prosa. Sete espelhos com sete mil reflexos. Sete luas, três além das conhecidas nova, cheia, minguante e crescente. Sete raios, sete linhas, sete cruzas em sete estradas consecutivas. Sete corações com sete, setenta, setecentos mil, milhares, milhões de sonhos, projetos, esperanças... Sete vidas num retrato sete por sete. Sete passos entre os sete de ontem, os sete de agora, e os sete que virão. Sete filhos de sete tempos. Sete nuvens riscando os sete céus. Sete sementes vindas de sete frutos advindos de sete flores bem-vindas de sete pássaros. Sete pares de asas ou de pernas ou de nadadeiras dançando ao som de sete músicas. Sete promessas, sete confissões, sete novelas nas sete cores de uma aquarela. Sete janelas dando para sete horizontes, montes, frontes... Sete cabalas, sete rezas, sete mantras, sete pontos de força, sete luzes no sétimo da fé. Sete caminhos, sete destinos, sete rios. Sete passagens, sete viagens, sete paisagens. Uma aposta de sete para sete. Sete galáxias de palavras, sentimentos, ações e pensamentos. Sete pés a sete mil pés em sete pés de vento. Sete operações, sete mil transações, sete milhões de relações. Sete profecias, sete mil fantasias, sete milhões de poesias. Sete colinas de Roma, sete torres de Constantinopla, sete sacramentos. Sete algarismos romanos, sete tiranos, sete elevado a sete planos. Sete cores, sete notas, sete virtudes. Sete pecados mortais para sete mil pecados casuais para sete milhões de passados culpados deixados pra trás. Sete portas para o inferno, sete pedras para afugentar o demônio, sete quedas de Cristo. Sete primaveras para um novo tempo. Sete Cleópatras para chamar de rainha, sete jóias de Chakravarti, sete mistérios rondando a coroa. Sete vezes sete dias de meditação de Buda debaixo de uma árvore de sete sombras e sete luzes. Sete sábios nascidos do olho direito de Amon Rá, sete cegos de paixão nascidos a cada sete milionésimos de segundo no mundo. Sete glórias e sete espadas atravessadas no peito da Virgem. Sete tubos na flauta de Pã, sete cordas na lira de Apolo, sete véus na cabeça de Íris. Sete meninas e sete meninos sacrificados para satisfazer a fome do Minotauro. Sete segredos, sete revelações, sete dúvidas na cabeça dos sete. Sete fôlegos, sete eclipses, sete gozos para chegar ao sétimo céu. Sete charadas da esfinge para abrir o que foi trancado a sete chaves. Sete labirintos habitam o bicho de sete cabeças. Sete dias, sete elegias, sete romarias. Sete braços para fazer sete mil abraços, sete milhares de milhões de adeuses, um só candelabro. Sete trombetas, sete milagres, sete ventres, sete partos. Sete, o triângulo e quadrado no mesmo ângulo. Sete tribos de sete constelações de sete almas de sete sopros de sete inspirações. Sete vezes sete romances para além do alcance do sétimo filho da solidão com a saudade, partida sete vezes como espelho de sete anos de azar. Sete vidas felinas, sete cruzes maltinas, sete esquinas de sete quinas. Sete pontas, sete contas, sete montas. Sete retas, sete curvas, sete setas, sete viúvas no estradão dos sete. Sete milhões de sete milhares de amores professados, lançados, depositados nos sete leitos do nascido do sete sétimo.
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