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Encontrados 59 textos de maio de 2015. Exibindo página 1 de 6.
31/05/2015 -
Eles estão aqui
Sem dizer nada beija os céus como se beijasse Deus
Pule, espiche, alcance as nuvens buscando anjos
Mira as estrelas como seus amores que se foram
Entenda os ventos como mensagens vindas do alto
Não se engane não: eles estão por todos os lados
Por mais que você não os veja, eles estão aqui e ali
E não se acue, não chore, pois existem sombras
E existe luz. Há uma família espiritual a lhe abraçar
Tentando lhe ajudar, velando por sua evolução...
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31/05/2015 -
Perfumaria caipira
Cheiro de campo. De casa de fazenda. De pasto novo. De alfazema. De hortelã. De terra orvalhada pela manhã. De café e brasa no mesmo fogão. De toucinho no fumeiro. De janela de madeira. De capim molhado. Perfume de goiaba madura. De manga no pé. De pitanga vermelhinha. De banana pintadinha. Cheiro de espiga de milho. De gado. De curral. De carroça. De cipó. De jabobá. De flor de laranjeira. De trepadeira. De rosa menina. De rosa de roseira. De ninho. De barro. De lama de chiqueiro. De galinha e galinheiro. De banha de porco. De torresmo. De leite encorpado. De bolo de fubá com erva-doce. De porteira aberta. De porteira fechada. Fragrâncias de canteiro. De alecrim. De manjericão e manjerona. De alfavaca. De tomilho. De cheiro-verde. De tomate. De couve. De rúcula. De almeirão. Aroma de água de mina. De água corrente. De água de açude. De água de poço. De água de chuva. Cheiro de sol raiado. De lua cheia. De sereno de São João. ...
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30/05/2015 -
Tomação
Toma juízo. Toma cuidado. Toma prosa. Toma água. Toma boca. Toma pé. Toma tento. Toma consciência. Toma rumo. Toma jeito. Toma flecha. Toma chuva. Toma língua. Toma costume. Toma caldo. Toma chão. Toma assovio. Toma nota. Toma chá. Toma tempo. Toma vento. Toma onda. Toma saudade. Toma fim. Toma pernada. Toma pílula. Toma pedrada. Toma poeira. Toma linha. Toma luz. Toma foco. Toma estrada. Toma ciúme. Toma voz. Toma sangue. Toma gol. Toma queda. Toma trilho. Toma dó. Toma pau. Toma liberdade. Toma olhares. Toma tiro. Toma gosto. Toma tenência. Toma raio. Toma benção. Toma xarope. Toma banho. Toma remédio. Toma ponto. Toma drible. Toma partido. Toma sol. Toma amor. Toma lá dá cá. Toma cá dá lá. Toma dá lá cá. Toma lá cá dá. Toma cá lá dá.
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30/05/2015 -
Tudo tem sua esperança
Nada se move por essas beiras
Sem uma talagada de esperança
Nenhum morto se levanta
Nenhum vivo se endireita
Se a fé não está na cabeceira
Da mesa da vida que trança
O nosso destino. Vai e canta
Que de cantar a ave se ajeita
E vence a morte e coroa a sorte
E remenda o coração da ilusão
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29/05/2015 -
Peso
Hoje não sei o que eu quero
Espero tudo e nada espero
Eu sou só mais um corpo
Perdido nos redemoinhos
Infinitos do nosso universo
E tanto pior não há anticorpo
Para a falta de caminhos
Sofro com o peso do mundo
Sinto-me o último vagabundo
Que não sabe nem o que quer
Que não consegue mais sonhar
É como se tudo tivesse acabado
E eu perdesse qualquer sentido
As meadas do destino, minha sina,
Após o descerrar das cortinas...
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29/05/2015 -
Na sua cama
Quando eu tive medo corri para debaixo das suas asas de mulher-pássaro meio águia meio colibri. Porém, você tinha voado e eu não vi. Escondi-me na sua cama, por entre suas cobertas ainda cheirando ao seu corpo de sândalo e patchouli como se ninguém fosse jamais me encontrar naquelas nuvens de perfume, contornos e lã. Não havia qualquer motivo para desconfiar de quem quer que chegasse, pois quem ousasse entrar saberia que do seu amor não poderia mais provar. Eu continuei seguro mesmo no escuro de tantos acontecimentos. E então eu ouvi do vento, de um pedaço de vento que entrou pela veneziana, que você mesmo longe estava feliz de me saber na sua cama. E eu me enterrei em seus lençóis como se cavasse fundo e mais fundo nas molas de suas costelas. E eu rasguei os travesseiros em busca das preocupações ou divagações que escorriam dos seus ouvidos. E eu ouvi sem querer e sem poder cada um dos seus últimos gemidos. E foi instantâneo ter ciúme e prazer numa rima barata de amor e dor. Eu que havia fechado as cortinas para não ser visto fui quisto por cada uma das suas meninas. Cada dia que avança deixa uma menina para trás. E tanto tempo faz que nossos dias se cruzaram num sol lilás. E agora o mesmo tempo que nos aproximava, que nos ligava, que nos versava, abocanha-nos de forma voraz como se de toda ferocidade fosse capaz. Por isso, antes de ser totalmente tomado, devorado, amaldiçoado pelo tempo, corro para sua cama sem querer me perder ou morrer sem ter vivido o que me ama. ...
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28/05/2015 -
Ando por aí
Eu ando por aí querendo mais
Vida simples, vivendo o mundo
Como tanto fez como tanto faz
Quero ir mais que mais fundo
Paixão voraz de menina e rapaz
Eu ando por aí tal barco ao mar
Seguindo onde a onda me levar
E se eu me quebrar num coral
O coração velejador, remador,
Pescador... Vai cicatrizar no sal
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28/05/2015 -
O íntimo e o ínfimo
Quem disse que eu preciso de tudo isso para viver, para ser alguém ou ser feliz? Eu já me desfiz dos meus discos, cds e vinis, mas Chico, Tom, Bethânia, Cartola e outros tantos mais ainda seguem comigo. Doei meus livros, obras inteiras de Drummond, de Pessoa e Vinícius, mas eles continuam impregnados em mim como vícios. Distribui meus sapatos, caixas e mais caixas, pois não tenho pés suficientes para realizá-los e por aí hão de encontrar alguém para amá-los para além de apertos e calos. Rasguei e queimei álbuns e mais álbuns de fotografias, pois as lembranças como poesias vivem em minhas andanças. Eu fui me desapegando das crianças que brincavam em meus labirintos e hoje nem jovem nem adulto nem velho eu me sinto. Sou só o que sou, nada aquém nada além. Como as cigarras, deixei tantas cascas presas pelas árvores do tempo. Como camelão, mudei de cor, mas não mudei de sentimento. Sonhos se perderam, se realizaram, se conformaram, se esqueceram... Um sorriso precisa ir embora para outro chegar. Desisti de ter uma coleção de obras de arte, pois muitas vezes é melhor ter a parte ao invés do todo. Os pés que não pisam os céus nunca deixam o lodo. E a fé me revela que o senhor tem seu templo em meu íntimo. A acumulação do que quer que for nos faz ínfimo. O que você não usou hoje, alguém poderia ter usado. Liberte de si tudo o que precisa ser libertado.
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27/05/2015 -
Clareou
Dona sinhá
Botou ovo no muro
Falou pra Santa Clara
Clarear, clarear, clareá
E do céu todo escuro
Veio um raio de luz
Que começou a rodar
A rodar, a rodar, a rodá
Foi Clara Nunes que raiou
Cantou, girou e clareou
Deixa clarear, clarear, clareá
Dona sinhá gostou e dançou
E virou o mundo no seu congá
Láláiaá lá ialá láláiá láláiá
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27/05/2015 -
Não ando só
Pra sua dó eu não ando só, nunca estou sozinho, podem parecer dois pés, mas é muito mais que marcam meu caminho. Não é por ser prosa, mas meu caminho é de fé e no findar do despetalar das rosas lá de cima sempre dá bem-me-quer. Não tenho começo nem tenho fim, tem sempre alguém olhando por mim, pra mim, em mim. Antes de atirar suas pedras contra mim, pense em quem você vai acertar também. Ai, nem vem. Joga suas pedras pra lá, pois eu estou protegido e você não vai querer ter quem me acompanha por seu inimigo. Eu não ando só e quem anda comigo não me deixa virar pó. É melhor mexer em outra fogueira, tomar outras bandas, subir outra ladeira, do que fazer zoeira na minha Aruanda. Eu não ando só e quem anda comigo desdá todo e qualquer nó. Nunca subestime a minha solidão, o meu andar sozinho é pura ilusão. Para quem me acha fraco, vem ver quem me sustenta de fato. Será que você aguenta lidar ou até mesmo olhar para quem aparece mais eu no meu retrato? Pega seu rumo, não bula no meu prumo, pensa bem com quem eu me levanto e com quem é que eu durmo. Pra sua dó eu não ando só.
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