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Encontrados 60 textos de abril de 2015. Exibindo página 1 de 6.
30/04/2015 -
Um dia muda
Era apenas um pedaço de mundo
Um pedaço de mundo escondido
Num canto qualquer do seu eu
Era apenas um mundinho à toa
Um desses futuros impossíveis
Como um pássaro que não voa
Como os planos mais falíveis
Até que a lógica foi contrariada
E o que era pedaço fez-se todo
Saindo completamente do lodo
Do esquecimento. A ilusão alada
Tornou-se concreta realidade
E tudo passou a ser e acontecer
Conforme fora visto e sonhado...
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30/04/2015 -
Canta, canta, canta
Canta que as coisas vão melhorar. Canta e espanta o mau-humor pra lá. Canta sem se importar se desafina. Canta como se fosse pássaro, cigarra, sapo. Canta pelas esquinas, no chuveiro, no quarto. Canta na hora do parto. Canta pela terra, pela nuvem, pelo asfalto. Canta pelas curvas e até debaixo de chuva. Canta com a alma na garganta. Canta sua força tanta em cada nota. Canta e se agiganta. Canta para além das portas. Canta tirando os pés do chão, dançando nos braços da imaginação. Canta para aliviar o choro. Canta para tirar o mau-agouro. Canta para mudar os rumos. Canta para entrar no prumo. Canta para fazer tudo novo e diferente. Canta o que sente. Canta cada vez melhor o amor maior. Canta fazendo de sua cantoria sua via. Canta entre o silêncio e a pausa e (se) encanta. Canta, canta, canta maior o amor melhor.
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29/04/2015 -
Divirta-se
Roda seu corpo no meu como se roda-gigante fosse num parque de diversões. Viaja em meus trilhos levando ao menos um desejo em cada um dos seus milhares de vagões. Gira como se fosse de santo e joga feito capoeira debaixo do pé de aroeira. Bota quebranto no próprio espelho tamanho seu encanto guardando-se debaixo do manto da mãe senhora. Fala de suas vindas, suas bem-vindas, suas boas-vindas, jamais do seu ir, do seu ir embora. Escorrega pelas nuvens tapando os ouvidos ao tempo que ruge em busca da mulher-menina-moça que cora suas maçãs como se as manhãs nuas as trouxessem pitadas de rouge.
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29/04/2015 -
De tudo, ou quase
Me bole, me engole, me colhe
Mas, por favor, não me olhe
Com esses olhos de estilingue
Meu amor por mais bilíngue
Falando a língua dos homens
E a dos pássaros
Não tem peito de aço
E nem foge do seu passo
Nem precisa de cartucheira
Nem de visgo de jaqueira
Pra abater ou prender
O meu coração alado
Que já pula qual pardal
Direitinho pro seu lado
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28/04/2015 -
Batuque de uma era
Ouça, o batuque de uma era
Finda-se o verão, meia-estação,
Raia na primavera, inteira a fera
Que devora botão a botão
Abortando a paixão enquanto pólen
O outono dança com o inverno
Como o frio bailando no inferno
Pois a espera da flor que germina
E só termina de se nascer flor
Ao se abrir e florir na quimera
De um novo e verdadeiro amor
É a mesma a espera do tempo
Do tempo, ai quem dera
Que vai nascendo num botão...
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28/04/2015 -
Indicações
Minha paz é o desassossego do mundo. O melhor do meu tempo é o próximo segundo. seu teto é o meu fundo. Nossos corações estão alinhados entre Júpiter e Saturno. Sempre fomos do mesmo turno. Teremos menos do que já nos foi muito e muito mais do que já nos faltou. Nosso sacrifício futuro já nos absolveu no passado. Os braços direito e esquerdo no abraço trocam de lado. Ao jogar a âncora marinheiro que é marinheiro pede licença ao mar. A aranha só tem oito pernas se a gente contar. As pedras se beijam com suas bocas duras e sempre há uma lua perdida na noite escura. Vaca esperta pasta de marcha-ré. Leite bom se levanta na primeira fervura. E sereia é metade peixe ou metade pássaro e metade mulher.
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27/04/2015 -
Essa tal gravidade
Se não fosse essa tal de força da gravidade nós poderíamos andar nas nuvens sem nos prender a nada. As árvores ficariam de ponta cabeça, com raízes descabeladas aos céus e frutos ao alcance das mãos dos mais pequeninos. Os peixes nadariam por outros azuis e os pescadores poderiam fisgar anjos distraídos. A terra não prenderia ninguém, todo e qualquer corpo seria alforriado. Seríamos como balões de gás namorando pelo horizonte. Voaríamos, flutuaríamos, boiaríamos como astros e estrelas que somos. As pedras da calçada, das montanhas, das geleiras diriam que estávamos enganados sobre seus pesos, pois levitariam sem precisar de mágica. Ah, se a força gravitacional não nos atraísse arbitrariamente o universo nos seduziria muito mais. Não teríamos endereço fixo, pois nossas casas não parariam no lugar. Seria o caos se o caos não fosse o hoje, da forma como se está tudo aparentemente no lugar mas realmente tudo, do raso ao fundo, de pernas pro ar.
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27/04/2015 -
Um tempo que não há
Mais dia menos dia
Você vai parar
Sorridente ou não
E olhar pra trás
E se assustar
E se admirar
Com a construção
Portanto
Para maior o encanto
Seja sol ou seja lua
Construa, construa
Construa na lida
A sua vida
Você é o seu passado
O futuro é abstrato
E o presente
É tão somente
O desacato
Do de repente
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26/04/2015 -
Pátria sentimento
Num beijo rouco
Digo não é pouco
O que está dentro
Desse peito louco:
Pátria sentimento
Sonhos que pulsam
Paixões soluçam
E o quê sentimental
É bem guardado:
Passado imaterial
Meu coração solto
Feito de papel jornal
Amassado, rasgado
Incendiado, letrado:
Prosa e poesia carnal
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26/04/2015 -
Paixão circense
Pendura seu corpo no meu. Vamos às alturas. Ilumina o meu breu. Vamos ser circenses. Viver a paixão no picadeiro. Saia da minha cartola. Envolva-me em seus truques. Pula como se de mola. Atarraque-se na minha gola de palhaço. Cavalga no meu passo. Abusa das acrobacias. Pula no vazio. Causa-me arrepio. Encha a plateia – meus olhares – de alegrias. Estica a lona da ilusão. Dê por aberta a temporada da imaginação. Rola comigo pela serragem entre estrelas, bananeiras e cambalhotas. Beija-me de pipoca. E no alto do trapézio me provoca.
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