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Encontrados 33 textos de julho de 2009. Exibindo página 3 de 4.
12/07/2009 -
Maracanã-guaçu
O Maracanã de tantos Fla-Flus virou uma só torcida. Impressionante ver tantos sotaques cantando, gritando e se calando ao mesmo tempo. Por entre tantos rostos, havia quem entrasse ali todo domingo pra ver o Flamengo jogar, quem testemunhou ali o primeiro gol de Pelé e quem nunca tenha presenciado um lance de futebol sequer. Tendo a lua cheia e o Cristo Redentor como espectadores, o gramado virou palco e as arquibancadas se abraçaram em uma espécie de teatro de arena.
Aquele palco que já recebeu Zico, o papa João Paulo II, Frank Sinatra, Tina Tuner, Paul McCartney, Madona, Guns N?Roses ontem se deitou com um rei. Um rei que troca trombetas por um piano branco, por um violão usado, por uma orquestra completa. Um rei que troca batalhas medievais pelos duelos entre dois corpos e um amor. Um rei que ao contrário de lanças, lança rosas vermelhas. Um rei que troca o manto vermelho pelo paletó azul. Um rei que canta como um Maracanã-guaçu. ...
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11/07/2009 -
Desobrigue-se
Percorra seus porões, vasculhe seus sótãos, o que você procura deve estar a lhe esperar em algum lugar. Acenda uma lanterna, uma vela, um lampião e bata perna pelos seus subterrâneos cooptando pistas. Abra seus túmulos, catacumbas, caixões, caixas e caixinhas à procura de você. Ao longo dos últimos anos, quantos de seus sonhos, de seus projetos, de suas vontades ficaram para trás? Quanto de você precisou ser enterrado, precisou ser deixado, precisou se tirado de suas mãos? Quanto de você precisou ser ferido, banido, morto ou escondido para que continuasse a sobreviver? ...
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10/07/2009 -
Nem aí pra nada
Hoje eu não estou nem aí pra nada. Hoje eu quero sentar na calçada e ver o dia passar. Quero me internar em um sonho bom deixando o mundo rodar sozinho pelo salão. Hoje eu só quero ler as narrativas das nuvens ou das bolas de sabão. Hoje eu quero ficar ao tempo sob risco de pegar resfriados e ferrugens. Hoje eu quero esperar a lua crescente crescer em minhas mãos, entre os vãos de um outdoor néon. Hoje eu não estou pra brincadeira, aliás, estou pra lá da canseira.
Hoje eu não corro de cachorro bravo, não me escondo de bandido, não tenho medo do perigo, estou fechado pra balanço. Não quero nem saber se avanço ou se danço. Hoje eu não quero saber de serviços, de trabalhos, de esforços pequenos ou sobre-humanos. Hoje, o ócio é o meu negócio, o meu plano. Hoje eu quero me acabar de não fazer nada. Hoje eu quero me perder como asfalto ao longo da estrada. Hoje eu quero ser leve como versos de poema na boca da mulher amada. ...
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09/07/2009 -
Joaquim e sua colcha de histórias
Seu nome é Joaquim. Ou melhor, ele diz se chamar Joaquim. Sei muito e, ao mesmo tempo, não sei nada sobre ele. Aliás, não sei nem se ele existe de verdade. Uma hora diz que é do sertão; em outra, do morro; em outra ainda, do mar. Às vezes, tem cinqüenta e tantos anos, em outras vinte ou oitenta. Já disse ter três, cinco, nove ou nenhum filho. Já me disse que foi criado nos tiroteios da favela e também na calmaria da roça. Dia par me conta que era policial, dia ímpar, bandido. Em dia claro, vem cheio de gírias. Em dia encoberto, esconde-se atrás de um balcão como o dono de bar que diz ser. ...
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08/07/2009 -
Não desistam de seus filhos
Mães, não desistam de seus filhos. Mães, não percam a fé em seus filhos. Mães, vocês não são mães por acaso. Mães, vocês são as últimas fileiras da esperança. Mães, seus filhos podem não estar no caminho certo, mas não desistam deles. Não desistam, mães, por favor. Mães, seus filhos precisam de colo. Mães, seus filhos não podem roubar, não podem matar, não podem se desesperar. Mães, não desistam de lutar pelo futuro de seus filhos sem futuro. Mães, vocês podem chorar, podem fraquejar, podem falar que é difícil criar, educar, cuidar, amar, se dar, só não podem negar o papel de ser mãe. ...
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07/07/2009 -
Pai, mãe, edifícios
Diante de um prédio residencial, um garoto pára sua bicicleta e eleva seus olhos. Entrando em uma espécie de elevador imaginário, percorre os dezessete andares daquela construção. Ele que mora em uma casa de três cômodos com mãe, três irmãos, avós e dois cachorros magricelas como sua bicicleta fica se perguntando como é morar nas alturas. Seus olhos vão escalando janela por janela e quando acha uma delas aberta, sua imaginação se redimensiona e, montada na curiosidade, não se faz de rogada: entra sem pedir licença. ...
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06/07/2009 -
Olhos de sal
Se você já cansou de chorar, enxuga os olhos com um lenço branco, como que levando um toque de trégua à dor, e sai. Sai à janela, sai ao jardim, sai à rua em busca de outras ruas. Não se interne no quarto. Afinal, a vida tem de ser vivida por inteira e não apenas em um de seus quartos. E quando vier o primeiro vento, por favor, peça-o para soprar de seus olhos, de seu lenço, de suas memórias todas as lágrimas, de modo que as transforme em sementes do amor que agora sente. Tente.
Remoer é doer múltiplas vezes. E doer não faz bem para o físico, para o psíquico, para o emocional. Doer por querer é o cúmulo do mal que você pode fazer a si próprio. Doer é um caminho inócuo que não leva a nada ou ninguém, nem mesmo ao sonhador. Por isso, não seja um doedor. Saia da barra da saia do destino que criou quando menino. O mundo cresceu e agora você precisa viver seu novo eu, seja ele nobre ou plebeu. Quem chora demora mais a aprender que o sofrer só atrasa o bem-viver. ...
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05/07/2009 -
Reza brava
Olho de porco, arruda e figa, sai pra lá gente falsa, gente fingida. Xôooooo!!!! Sai pra lá olho gordo levando consigo todo seu engodo. Sai pra lá seu saci e dona cuca, levem pra longe toda uruca. Eu bato na madeira três vezes, tomo banho de alfavaca e me cerco de sal grosso, pra ficar longe da sua urucubaca. Pelo fogo da defumação, eu lhe afasto assombração. Eu misturo canela moída, cravo da índia e folha de louro pra afastar seu mau agouro. Pé de bode, cabeça de touro, mil saravás, sai pra lá Satanás......
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04/07/2009 -
Veneno e coração
Em casa de marimbondo não se mexe se não quiser ser mexido. Em casa de marimbondo não se entra mesmo se for convidado a entrar. Em casa de marimbondo malandro não bota o pé, porque sabe o que não quer. Marimbondo é bicho esquisito, já dizia minha bisavó, entre as baforadas do pito que pitava só. O sol redondo e vermelho já está se pondo no traseiro do marimbondo. Onde é que eu me escondo do marimbondo? Quem é que vai me defender do crime hediondo do marimbondo? Corre, corre, corre porque lá vem o estrondo do grito gritando olha o marimbondo. ...
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03/07/2009 -
Fora de órbita
Chega de tentar me açoitar, me castigar e me furtar de mim, pois eu já não consigo mais controlar esse recomeço sem fim que se dá agora e sempre assim. Chega de tanta tortura. A loucura é o que me configura a existência, mas assim já é maledicência. Será que estamos além da ciência? Haja paciência. Onde está você, onde estou eu? Será que nós saímos de órbita e ninguém percebeu? Acredita em mim, enfim, ou acha que deus é o maior dos ateus? Ò meu amor, recebe, em prova do meu amor, este lírio... pode se satisfazer, cheirar, beijar, comer... afinal, o delírio é todo nosso... tudo sou, tudo posso......
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