03/07/2009 - Fora de órbita
Chega de tentar me açoitar, me castigar e me furtar de mim, pois eu já não consigo mais controlar esse recomeço sem fim que se dá agora e sempre assim. Chega de tanta tortura. A loucura é o que me configura a existência, mas assim já é maledicência. Será que estamos além da ciência? Haja paciência. Onde está você, onde estou eu? Será que nós saímos de órbita e ninguém percebeu? Acredita em mim, enfim, ou acha que deus é o maior dos ateus? Ò meu amor, recebe, em prova do meu amor, este lírio... pode se satisfazer, cheirar, beijar, comer... afinal, o delírio é todo nosso... tudo sou, tudo posso...
Eu sou o rei do mundo e hei de ser também o seu maior vagabundo. Tudo depende do ponto de vista. Falando nisso, vamos ao florista? Quero lhe comprar um ramalhete e lhe entregar um bilhete, um convite e um palpite: que tal nós nos amarmos mais e mais ao ponto de cairmos num amor demais... Tanto tempo faz desde o primeiro beijo e eu ainda lhe desejo quanto... Afinal, nosso sentimento é sobrenatural - infinito decimal de raiz irracional. Desde que lhe conheci, vivi de outra maneira, entre a cruz e a fogueira. Se o amor for pecado, devo confessar que tenho gostado de pecar e amar e pecar e gritar e amar até raiar o sétimo luar.
E se esse sonho não passar de um grande tormento? Será que se eu pedir, a senhora das ventanias vira o vento ao nosso favor? Será que tudo é uma questão de amor? E se tudo não passar de um jogo, que as cartas sejam colocadas na mesa de uma vez. Que a solidão não seja um curinga escondido na mão daqueles que querem nos separar. Afinal, para um ato de sorte há, pelos menos, dez de azar. A obviedade é que a saudade vem aí. É o tango querendo cair na Marquês de Sapucaí. Diz-me o que eu faço. Diz-me por onde passo? Afinal, meu destino não sou eu quem traço.
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