12/07/2009 - Maracanã-guaçu
O Maracanã de tantos Fla-Flus virou uma só torcida. Impressionante ver tantos sotaques cantando, gritando e se calando ao mesmo tempo. Por entre tantos rostos, havia quem entrasse ali todo domingo pra ver o Flamengo jogar, quem testemunhou ali o primeiro gol de Pelé e quem nunca tenha presenciado um lance de futebol sequer. Tendo a lua cheia e o Cristo Redentor como espectadores, o gramado virou palco e as arquibancadas se abraçaram em uma espécie de teatro de arena.
Aquele palco que já recebeu Zico, o papa João Paulo II, Frank Sinatra, Tina Tuner, Paul McCartney, Madona, Guns N?Roses ontem se deitou com um rei. Um rei que troca trombetas por um piano branco, por um violão usado, por uma orquestra completa. Um rei que troca batalhas medievais pelos duelos entre dois corpos e um amor. Um rei que ao contrário de lanças, lança rosas vermelhas. Um rei que troca o manto vermelho pelo paletó azul. Um rei que canta como um Maracanã-guaçu.
Cem mil nobres e plebeus festejam as bodas de ouro deste rei com sua música. São tantos súditos ovalando os 317 metros dos eixos daquele estádio numa mesma canção. São tantos súditos desafiando o medo de altura, cantando a 32 metros do chão. E as emoções de quem estava na primeira fila e a mais de cem metros do rei desaguavam num mesmo sentimento de fidelidade. São cinquenta anos de trilha sonora. São cinquenta anos de hits românticos. Há cinquenta anos um rei reina pelos reinos da canção-coração.
E aos pés do rei, o Maracanã ficou pequeno, como bola de futebol de botão.
Tudo pode ter sido rídiculo, inclusive este texto, mas como diria Nelson Rodrigues, irmão do também falecido jornalista Mario Filho, que dá nome ao Estádio Maracanã, só os imbecís têm medo do ridículo. Portanto, no amor ou na guerra, não tenhamos medo do ridículo.
Vida longa, Roberto Carlos.
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