Daniel Campos

Poesias

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Encontrados 2480 textos. Exibindo página 198 de 248.

Overdose

O sol de janeiro
Se divorciou
Dos céus e fugiu
Tomou um barqueiro
E sumiu
Nos braços de um rio

Será que ele se internou
No lume de um farol
Num feixe de trigo
Debaixo de um lençol
Ou em outro abrigo?

Será que o sol
Está nas inflexões
De um modista
Dentro do espelho?

Será que o sol
Está nas mãos
De um malabarista
De sinal vermelho?

Será que o sol
Na busca pela lua...
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Ovulação

Em cada mulher
Que corre
De salto ou descalça
Pelo mundo afora
Em caminhos
Obtusos
Há um óvulo
De mulher amada
Pronto para ser fecundado.

São tantos os que de beija-flores
Aos anjos renegados
Voam e tropeçam e rastejam
Na tentativa de vingar
Essa mulher ainda não nascida.

E são tantos flertes
Tantos ramalhetes de olhares
De flores e de palavras
E são tantos golpes...
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Pai

Minha boca se enche das coisas que afloram do meu peito
Sentimentos que aguardam o corpo das palavras
Palavras que fazem da poesia existente um outro poema
Sentimentos expostos como fraturas expostas
Onde a carne é feita de palavras
Onde os ossos são feitos de palavras
Onde a dor e o amor e tudo mais são palavras
Feitas e refeitas a todo o momento
Tentando definir o que o dicionário não diz
O que só existe na plena e sublime razão
De aclamar-lhe, saudar-lhe e lhe agradecer...
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Paisagem indefinida

Os fios elétricos dos postes
Riscam o céu com suas linhas
Negras cortando as nuvens inchadas
E sozinhas
Que são trazidas no colo do vento
Como bem amadas.

Vento que sacode as folhas
De uma arvorezinha qualquer
Vento que venta um verde-azul
Na saia rodada
De uma mulher do sul.

E no inferno do último monge
A minha vista se perde ao longe
Para além dos postes, dos fios
Das folhas, dos arrepios, das nuvens....
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Palavras

Debruce o seu olhar
E devagar
Vá lendo
Sentindo
As palavras
Que fui lhe escrevendo
Que fui lhe esculpindo
Tentando capturar
Nos meus versos
Você sorrindo
E gostando.

Ao rabiscar
Essas palavras
Você foi surgindo
No poema
De um poeta inspirado
Amargurado
Enluarado
Que lhe procura em palavras
Que lhe cultua em palavras
Que sonha em palavras
Que não se apagam...
...
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Palavras mudas

Como definir o que não tem definição?
Uma união de vidas
Que rima tristeza e felicidade
Tendo a única certeza
De deixar saudade
Mesmo não havendo despedidas.
Amar é um olhar
Que se entrelaça em outro olhar
Sem mais razões.
Amar é chorar a lágrima alheia
Abrir seu peito a outra pessoa
E sorrir na boca amada
Não pensando em mais nada
Nada senão ela, somente ela.
Amar é quando o infinito e o eterno
Perdem seus valores...
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Palmos daqui

Foge do pôr-do-sol
Esconde-se em fumaças
Não ouve mais os grilos
O estralar de um canário
A chuva caindo nas telhas
Da parede de meia.

Por mais que se emudeça
Não consegue a quietude
Não anda descalça pela terra
Ao olhar pela janela
Não vê muito além de alguns palmos
Tem os punhos soltos
E a alma prisioneira.

A rosa não é mais rosa
O horizonte não é mais azul
A lua não é mais branca...
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Papel carbono

Eu abono
A sua falta
Eu, papel carbono,
Tenho seus gestos
Nas minhas línguas,
Tenho seus gostos
Nos meus braços
Embora a falta dos seus abraços
Tragam-me ínguas
De saudade
E você ainda diga
Sem parar, com todos os apostos,
Que eu
Que eu não
Que eu não presto
Para ser seu par.

Você que não tem dono
Que me perturba o sono
Não admite
Não permite
Um papel carbono
Que rouba o seu mundo...
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Papel crepom

Céu azul
Sem graça
Sem aviões
Sem fumaça
Esparrama-se
Solitário
Pelos pontos cardeais
Dos casais
E corta como vidro.

Céu azul
De tão sozinho
Tenta se jogar ao mar
De golfinhos
E se arranha nos prédios
E se desfigura
E sente um mal estar
Uma ressaca
Uma tontura de solidão.

Céu azul
Campo aberto
Infinito
Que se recolhe
E se encolhe
E escorre
Feito chuva seca...
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Papel poema

Dobrei
A folha branca
Da amoreira
Onde eu tinha escrito
Manuscrito
Um poema
De fogueira
Para aquela
Que diz - ame
E se fecha em origami.

Das dobras
Do papel poema
Um avião
Que voou
Em aquarela
Um vôo
Lírico
Na tela
Do cinema.

Das dobras
Do papel poema
Um barco
Que escorreu
Em rimas
Pela enxurrada
E foi a pique...
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