Pai
Minha boca se enche das coisas que afloram do meu peito
Sentimentos que aguardam o corpo das palavras
Palavras que fazem da poesia existente um outro poema
Sentimentos expostos como fraturas expostas
Onde a carne é feita de palavras
Onde os ossos são feitos de palavras
Onde a dor e o amor e tudo mais são palavras
Feitas e refeitas a todo o momento
Tentando definir o que o dicionário não diz
O que só existe na plena e sublime razão
De aclamar-lhe, saudar-lhe e lhe agradecer
Você que se faz presente como elo
Da vida da despedida
Você que se faz pai no dom de ser pai
Tantos são pais, pais tantos são
Entretanto poucos são clamados pais
Clamados com orgulho pela boca dos filhos
E minha boca se enche para proclamar-lhe: pai
Pai cavaleiro andante errante
Quixote do destino
Tão raros os olhos que se voltam ao espelho
E vem-se na miragem de seus pais
Não menciono simplesmente a aparência
Mas uma semelhança existente entre almas
Os mesmos sentimentos em outro corpo
E eu lhe vejo pai, pai eu lhe vejo
Vejo-lhe nos seus olhos pai, nos seu olhos.
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.