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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 67 de 320.
26/02/2008 -
Chega de mordomia!
A cada dia reforço a idéia de que preso precisa trabalhar. Não quero entrar no detalhe se eles ficarão soltos com aquela bola maciça de ferro (como acostumamos a ver nos desenhos da televisão) ou com chips subcutâneos rastreados por satélites. O que pretendo é demonstrar como o desenvolvimento do Brasil é prejudicado por conta dessa mão de obra inativa.
A maioria da população brasileira tem de trabalhar duro para ter onde dormir, o que vestir e o que comer. Os presos não. Além de a sociedade ser vítima física, moral e emocional destes "fora-da-lei", é ela que, por meio de impostos, paga a "mordomia" dos detentos. É justo? Creio que não. ...
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26/11/2015 -
Chegou a cavalaria
Vem ver, vem ver, vem ver a cavalaria. Chega fazendo temporal. Levantando poeira, tirando faísca, espalhando cantos, curando com irradiação os caminhos do coração. Cavaleiros que limpam o dia, que acendem o sol interior, que dão alento. Ai, vem chegando os cavaleiros do tempo. Ai, vem com lanças coloridas movimentando a roda da vida. Cavaleiros de santo, de espírito, de encanto. Cavaleiros que quebram quebranto. Cavaleiros que passam enxugando nosso pranto, apaziguando nossa dor, fazendo cantador. Cavaleiros que desfazem feitiço. Cavaleiros que dão jeito no enguiço. Cavaleiros que não temem o reboliço. Cavaleiros guerreiros. Cavaleiros de amores inteiros. Cavaleiros da energia. Cavaleiros da virgem maria. Cavaleiros da lua. Cavaleiros da valentia. Cavaleiros que clareiam a rua mais escura que há dentro de nós. Cavaleiros que desatam os nós. Cavaleiros verdes, vermelhos, azuis, lilases, negros, brancos, rosas... Cavaleiros da luz. Cavaleiros que irradiam, emanam, planam entre a terra e o astral. Cavaleiros que vêm longe trazendo a bandeira de jesus. Cavaleiros de missão especial.
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05/11/2016 -
Chegou a nossa hora
É hora da gente se desencontrar. É hora disso tudo passar. É hora da gente tomar nossos rumos sem pensar um no outro. É hora da gente nos compor se decompondo. É hora da gente se deixar solto. É hora da gente parar do outro o nosso estrondo. É hora da gente ir além do óbvio de nós dois. É hora da gente esquecer dos nossos lençóis. É hora da gente fechar o livro. É hora da gente dizer sem você eu vivo. É hora da gente tomar outro caminho e vergonha na cara. É hora da gente confiar no destino que une e separa.
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20/07/2010 -
Cheio
Estou cheio. Cheio de tanta interferência, de tanta indecência, de tanta falta de clemência. Estou cheio como um copo vazio está cheio de ar. Estou cheio de lamentações, de falsos perdões, de traduções baratas do sentimento. Estou cheio de problemas e de outros ecossistemas. Estou cheio de tremas, não-poemas e quedas de sistema. Estou cheio de buracos e sorrisos opacos. Estou cheio de conversa fiada, de estrada que leva ao nada.
Estou cheio. Cheio de realidade, de tarde e de saudade. Estou cheio de mentiras, de viver sob miras. Estou cheio de assombrações, porões e outros grotões. Estou cheio de luar como céu escuro caído nas ondas do mar. Estou cheio de gastrites, artrites, sinusites. Estou cheio de pranto e espanto. Estou cheio de pó e de nó. Estou cheio de insensatez, de lucidez e de água como um rio correndo em sua aridez....
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25/06/2010 -
Cheirar e ser cheirado
Meu pai sempre teve o costume de, ao passar perto de um pé de limão, arrancar um e levar no bolso. Dizia que era por conta do cheiro. Vez ou outra cutucava o fruto e aquele perfume cítrico invadia o ambiente. Pois bem, eis que, inspirado em sua atitude, decidi colocar uma manga, madura e rosa, em minha mesa de trabalho. Que bom poder escrever sentindo o cheiro de pomar. Fechar os olhos e me ver correndo pelo meio daquelas árvores que fazem nascer de seus galhos frutas de época.
Como andar com um fruto no bolso é um tanto desconfortável, resolvi colocar raspas de limão e laranja no bolso. Parece que levo uma árvore dentro de mim. Dando vazão ao romantismo, arrumei um prato com morangos e uvas na cabeceira da cama. Além de mordiscar as frutas entre beijos, a essência de sedução que essas frutas emanam durante a noite é algo digno de bons sonhos. Uma boa penca de banana é salutar para dar um quê de quitanda na cozinha. São tantos aromas e receitas de prazer. ...
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Cheiro da chuva
Como é bom sentir o cheiro da chuva. Cheiro da chuva? Aprendemos na escola que a água matéria-prima da chuva) é inodora, ou seja, não tem cheiro. Então como explicar o aroma que se instala em nossas narinas quando acontece de chover?
Alguns dizem ser o cheiro da poeira presente no ar, na terra, ou ainda, fruto da poluição. Mas não o creio. Contrariando a química, a biologia, e os sabichões, afirmo: a chuva possui cheiro.
Clarões, nuvens negras, trovões... Vem o cheiro de chuva e nos avisa dos primeiros pingos. O aroma que a anuncia é diferente do odor que fica após a chuva. O primeiro aroma é mais rústico, invade nosso pulmão sem pedir licença, chegando a ter notas secas. O segundo é o mais intenso, aquele que cala fresco e doce, mas com direito a uma brandura infinda. Quando a chuva acontece em sua plenitude, o aroma que invade o nosso buquê nasal é a mistura entre o rústico e o fresco, entre o seco e o doce, entre o autoritarismo e o delicado. ...
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15/12/2014 -
Cheiro de café
O cheiro do café infesta todas as frestas da casa, do corpo, do tempo. As essências do café coado na hora vão impregnando no hoje, misturando-se ao ontem. A alma encorpada vai preenchendo o copo da vida. E tudo se encontra numa xícara de café. Sabores acumulados, guardados ao longo da existência, gostos que nunca nos deixaram, mergulhados no aroma do café. Um cheiro que enche o ambiente, que dá vida ao que muitos já julgavam esquecido, perdido, caído... O café e o prazer. O café e o querer. O café e o poder. O café de cada um definindo cada qual. Ralo, forte, doce, amargo, intenso... Quantas memórias seguem concentradas num gole de café? Café, encontro e reencontro de homem e mulher. Café, um cheiro de fé como vela a ser bebida. Um perfume propenso a ser bebido e vivido a partir da ruptura dos véus do tempo.
Comentários (1)
26/09/2015 -
Chico e meu pai
Meu pai, vamos ver o Chico. Bota um sorriso no rosto e sua camisa de domingo. Não sei por quanto tempo ainda ele nos esperará. Então trate de se apressar, pois eu já estou pronto pro nosso bis. Vamos ouvir A Banda, Construção, Sob Medida e cantar feliz pensando que somos chicos também. Vamos contar a ele que você o descobriu no primeiro festival e já sabia, naquela época, que nunca haveria outro igual. Pode levar sua coleção de vinis pra ele autografar. Também vou levar meus livros pra ele dedicar. Não é nada piegas ser fã do Buarque que vai de Paris a Mangueira numa mudança de faixa. Somos buarquianos há anos. E temos mil planos e saudades assim como Chico tem cidades. Confessa que ele já cantou em todos os seus rádios e vitrolas. Vamos falar pro Chico quantas vezes já nos pegamos a conversar por conta dele. E quem sabe você ainda toca bola com ele dando um drible no tempo. Você que cresceu com Chico e me embalou com Buarque merece ser aplaudido e nunca esquecido por fazer de Chico Buarque coisa nossa.
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11/01/2011 -
Chilihead
Cambuci, tabasco, pimenta-de-cheiro, jalapeño, dedo-de-moça, malagueta, pimenta-de-bode, chora-menino, red savina, biquinho, cumari...
A mulher amada é como pimenta. Quanto mais quente, mais suspiros e gemidos causa. Se fizer chorar então, é perfeita. Se arder, com a licença de Camões, será amor em fogo, aquele que arde sem se ver. Sem pudores ou hipocrisias, a mulher amada deve provocar suadouros e desmaios nos corpos alheios. Deve ser forte e queimar por inteira. Sua pungência deve ultrapassar os limites da escala Scoville. Em contato com a língua, há de causar lágrimas e fortes emoções. A mulher deve incendiar a boca e viciar a criatura amada. ...
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02/01/2013 -
Chora o amor
Chora o amor que escapa das mãos. Chora o amor que nunca acontece como na canção. Chora o amor de janeiro, que nasce e morre no travesseiro. Chora o amor pelos quarteirões. Chora o amor num sopro de bola de sabão. Chora o amor feito arte, fazendo obra-prima. Chora o amor por detrás das cortinas, por debaixo dos lençóis. Chora o amor desatando nós de marinheiro. Chora o amor faceiro, o amor prisioneiro, o amor corriqueiro.
Chora o amor que zanza pra lá e pra cá sem paradeiro. Chora o amor de Alá, cego e extremo. Chora o amor e todo seu doce veneno. Chora o amor aceso feito candeeiro, feito lamparina. Chora o amor aos gritos e em surdina. Chora o amor pelas esquinas. Chora o amor de um parto de menina. Chora o amor trancado no quarto escuro. Chora o amor que é puro mesmo impuro. Chora o amor por onde for, sem pedir por favor.
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