Daniel Campos

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02/01/2013 - Chora o amor

Chora o amor que escapa das mãos. Chora o amor que nunca acontece como na canção. Chora o amor de janeiro, que nasce e morre no travesseiro. Chora o amor pelos quarteirões. Chora o amor num sopro de bola de sabão. Chora o amor feito arte, fazendo obra-prima. Chora o amor por detrás das cortinas, por debaixo dos lençóis. Chora o amor desatando nós de marinheiro. Chora o amor faceiro, o amor prisioneiro, o amor corriqueiro.

Chora o amor que zanza pra lá e pra cá sem paradeiro. Chora o amor de Alá, cego e extremo. Chora o amor e todo seu doce veneno. Chora o amor aceso feito candeeiro, feito lamparina. Chora o amor aos gritos e em surdina. Chora o amor pelas esquinas. Chora o amor de um parto de menina. Chora o amor trancado no quarto escuro. Chora o amor que é puro mesmo impuro. Chora o amor por onde for, sem pedir por favor.


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