Daniel Campos

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11/01/2011 - Chilihead

Cambuci, tabasco, pimenta-de-cheiro, jalapeño, dedo-de-moça, malagueta, pimenta-de-bode, chora-menino, red savina, biquinho, cumari...

A mulher amada é como pimenta. Quanto mais quente, mais suspiros e gemidos causa. Se fizer chorar então, é perfeita. Se arder, com a licença de Camões, será amor em fogo, aquele que arde sem se ver. Sem pudores ou hipocrisias, a mulher amada deve provocar suadouros e desmaios nos corpos alheios. Deve ser forte e queimar por inteira. Sua pungência deve ultrapassar os limites da escala Scoville. Em contato com a língua, há de causar lágrimas e fortes emoções. A mulher deve incendiar a boca e viciar a criatura amada.

A paixão começa na língua. Durante o beijo, a mulher libera a capsaicina, o composto químico ativo das pimentas. Ao queimar quem a quer nos lábios, o cérebro libera endorfina para combater a queimadura. Dessa forma, a criatura sente bem-estar, ou melhor, um estranho prazer. A mulher amada deve ter o ardor e o aroma da pimenta. Pimentas mais doces e picantes convivendo na mesma mulher. A mulher deve ser devorada em porções pequenas ou a conta-gotas, fresca ou em conserva. Mas, como os peruanos, também se pode secá-la e processá-la em pasta.

E assim como chilihead é um ser viciado em pimenta, faz-se necessário ter vício permanente e crescente nesse sentimento que afasta e atrai em relação à pessoa amada para se viver um grande e apimentado amor.


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