Daniel Campos

Prosas

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06/08/2010 - Cem dias sem chuva

Você sabe o que é ficar cem dias sem ouvir o barulho da chuva? É algo enlouquecedor para quem tomou tantos banhos de chuva como eu. Cem dias sem ouvir aqueles pingos se espatifando contra telhas e calhas. Cem dias sem ouvir os trovões ecoando ao fundo. Cem dias sem ouvir o vento anunciando e carregando a chuva. Cem dias sem escutar o canto dos pássaros saudando a chuvarada. Cem dias sem dormir embalado pelo cair da chuva.

Você sabe o que é ficar cem dias sem sentir o perfume da chuva? É algo assustador para quem acostumou a se impregnar da fragrância da chuva como eu. Cem dias sem sentir aquele cheiro de mato molhado correndo pelo ar. Cem dias sem se deparar com aquele cheiro de poeira subindo ao ser alvejada pelos primeiros pingos. Cem dias sem sentir a essência da chuva se misturando à pele da mulher amada. Cem dias sem ter o perfume da chuva mexendo com os sentidos da gente. ...
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19/10/2013 - Cem Vinícius

Não conheci Vinícius, que morreu um mês depois do meu nascimento, mas é como se eu o tivesse vivido durante todos esses anos. O poetinha é como uma espécie de sol, de lua, de estrela que se faz presente todos os dias da minha existência. Já li, já vivi, já bebi Vinícius de Moraes de tantas e quantas formas. Vinícius foi uma espécie de poeta da guarda, que sempre me aconselhou a ir por aqui ou por ali nos assuntos do coração.

Vinícius está na minha estante, no meu rádio, na minha memória. Samba da Benção, Pela Luz dos Olhos Teus e Eu Sei Que Vou Te Amar correm em minhas veias assim como Soneto da Fidelidade e A Brusca Poesia da Mulher Amada. Sou tão cheio de Vinícius, que ele chega a sair dos meus poros. A imagem do poeta, bem como suas palavras e ritmos, sempre me foram familiares. É como se Vinícius fosse minha casa. ...
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25/10/2008 - Cenarius

Farelos de pão sobre a mesa. Um cheiro de café solto no ar. Uma aranha tecendo a teia, nas conversas que ficaram por terminar. Uma cadeira vazia chorando alguém. O silêncio do pires. A xícara ainda tonta com os lábios que pousaram ali. E um pescador tentando fisgar um pouco de tempo, de tempo, de tempo. Ah! O mundo não pára. Mesmo sem querer, continua nos levando nas pás dos teus moinhos que vão moendo vidas de mansinho.

O perfume do amor sobre a cama. Lençóis amassados, molhados de sexo e suor. Os travesseiros sufocando os últimos gemidos. As colchas cruzando suas cores. A penumbra querendo enxergar ali de si própria. As cortinas comentando como duas fofoqueiras de beira de muro. E um pescador tentando fisgar um pouco de tempo, de tempo, de tempo. Ah! O mundo não pára. Mesmo sem querer, continua nos levando nas pás dos teus moinhos que vão moendo vidas de mansinho....
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06/01/2011 - Certos dias

Certos dias a gente se avizinha e briga como bons vizinhos. Certos dias a gente se encontra e apronta como se não fosse ocorrer reencontro. Certos dias a gente promete só para aumentar a coleção de promessas não cumpridas. Certos dias a gente acorda com vontade de fazer isso e aquilo, mas não sai da cama. Certos dias a gente jura amor eterno e depois se desconjura. Certos dias a gente se ama só porque se odeia. Certos dias a gente se odeia só porque se ama.

Certos dias a gente se achega, aconchega-se e depois chora. Certos dias a gente se despede antes mesmo de ir embora. Certos dias a gente rompe os limites e depois se corrompe. Certos dias a gente se enxerga lado a lado e depois se nega. Certos dias a gente vai além do casual e depois se pega num ato normal. Certos dias a gente inventa mundos e pessoas e depois mergulha num sono profundo. Certos dias a gente é nobre noutros vagabundo. ...
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28/03/2013 - Céu de semana santa

O céu de semana santa é diferente de outros céus em todos os sentidos e formas. Um céu que fica nu de nuvens e até mesmo de pássaros. Um céu desértico, como que feito de areia azul, com marcas de via-sacra. Um céu que brilha trêmulo como a chama azulada de uma vela quando carregada em procissão. Um céu que dói e, que chora e que silencia. Um céu que abriga cânticos e lamentos.

O céu de semana santa aperta o coração. Um céu de ramos, de lava-pés, de paixão. Um céu por onde cavalga a morte, mais do que nunca, soberana. Um céu que nos leva a pedir perdão. Um céu que se transforma no lenço da Verônica, com direito ao canto e à Santa Face. Um céu bordado de tristeza e pesar. Um céu que demora a passar, que pesa os olhos, que tira a cor do mundo. ...
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12/02/2012 - Céu e inferno

Deus e o Diabo coexistem no mesmo ser. Todo anjo é metade demônio. Até a lua tem seu lado oculto. Todo cordeiro tem uma besta por debaixo de sua pele. O bem e o mal existem em cada um de nós porque somos reflexos de deus. Lúcifer é tão filho de Deus quanto Miguel, Rafael, Gabriel. Só que enquanto alguns filhos são dominados pela bondade, outros se rendem ao reino da maldade. Os que vivem de fazer ruindade são filhos do lado obscuro de Deus.

Foi Deus que expulsou Adão e Eva do paraíso. Foi Deus quem levou o ser humano à condição de mortal. Foi Deus quem criou as doenças e as adversidades para permitir que homens e mulheres pudessem morrer. Assim como a vida, a morte é criação divina. Foi Deus quem consentiu que seu filho fosse humilhado, torturado e crucificado. Foi Deus e não Lúcifer ou outro demônio quem fez tudo isso. E fez mais....
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24/10/2009 - Céu e mar

Que as estrelas do mar se enrosquem em seus cabelos molhados enquanto as estrelas do céu serenam pedaços de lua em seus olhos. Que entre Tritão e Urano haja um altar onde eu possa lhe adorar e me entregar. Que tenha os pés no paraíso e a cabeça no inferno. Que seduza enquanto me tenta, e me enfrenta enquanto me perdoa. Que construa um foguete para explorar o fundo dos oceanos e ice velas em busca dos sete céus.

Entre aves e peixes, ò mulher, responda-me de quem é o seu espírito. Seja em harpas ou em conchas cante esse amor lírico. Ah! Mulher que seduz águas e ares renda a terra em seus andares. Que ao seu passar, o mar fique negro como o céu que nunca foi azul. Que ao seu balançar, o sol esfrie seus pensamentos nas ondas que já passaram pelo sul dos seus tornozelos. Que Iemanjá e Olorum ouçam seus apelos. ...
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08/08/2015 - Céu limpo

Longe de todos os espaços estrelados e nublados há um céu limpo sem nuvem ou estrela. Um céu que de tão vazio chega a doer em sua própria e infinita solidão. Um céu tão liso como se fosse de vidro ou de papel de seda, dando a impressão de que irá se quebrar ou rasgar a qualquer momento em razão de tamanha perfeição. Um céu sem manchas de balão, de pássaro, de borboleta, de pipa, de avião. Um céu como se obra de feitiço não dado a rebuliços. Sua angústia é sua nitidez. E quando esse céu é duplo, contido em dois olhares, a lágrima cai para dentro, pois não pode turvar o que nasceu para ser perfeito.


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07/06/2008 - Céu vermelho sangue

O céu vermelho como fogo. É como se o sol tivesse explodido e espalhado sua vermelhidão pelo horizonte afora. Será o fim do mundo? Independentemente da resposta, a população estava enlouquecida. Tinha quem olhasse para o céu em busca de algum sinal e quem se escondesse debaixo da cama com medo de ficar cego. Tinha quem falava que era coisa de extraterrestre, de bomba nuclear e até de comunista.

O mar bravio quebrava suas ondas vermelhas pelas praias mais famosas. E não era uma invasão de algas vermelhas e sim o puro e simples reflexo do céu. Os pássaros não se atreviam a voar. Com medo, caminhavam pelo chão, tornando-se vítimas fáceis dos gatunos de plantão. Os aeroportos estavam fechados e os passageiros nem reclamavam. Afinal, ninguém queria enfrentar um céu daquele. E serenava uma espécie de chuva, na verdade, um pranto vermelho....
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25/02/2012 - Cezar Peluso é destino

Cezar é nome de imperador. Nome que impõe respeito e até certo temor pela sua sonoridade histórica. Mas Antônio Cezar Peluso foge ao estereótipo de seu nome. Ao contrário da força, usa a suavidade para consolidar e expandir seu império nas dimensões temporal e espacial. Império? Sim. Um império de justiça, de cidadania e de bem-estar social que contraria o próprio conceito de império.

Ao contrário de lanças e espadas, a letra da lei que tatua a alma de Cezar Peluso é a arma que o conduz nos embates e a ferramenta com a qual trabalha nas oficinas do Direito pelos territórios físicos e abstratos. Definitivamente, o código genético de Peluso é a relação entre a sequência dos feitos e efeitos de sua atividade jurisdicional. ...
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