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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 63 de 320.
28/11/2009 -
Casa da Dinda
Quem não se lembra da Casa da Dinda, a mansão da família Collor de Mello em Brasília? A casa que foi construida por um ex-governador do Rio Grande do Norte na época que exercia um cargo de chefia nos governos JK e João Goulart estampou capas de revista e virou motivo de escândalo. Dizem até que os jardins da casa motivaram o impecheament de Collor.
Foi nessa propriedade de 13 mil metros quadrados repleta de cachoeiras motorizadas, lagos artificiais com carpas japonesas e centenas de árvores que Collor amargou seus dias de glória e terror. O caçador de marajás tinha jardins de marajá financiados pelo esquema PC Farias. Destronado, Collor trocou Brasília por Miami....
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07/08/2015 -
Casa do rio
Tem uma casa na beira do rio cuja correnteza tentou e retentou, mas ainda não levou. A casa frágil e tímida parece ser para toda a vida. É casa de liga. Está ligada ao veio daquele rio, como se fosse morada daqueles que tem um pé na terra e outro na água. A casa é anzol, é isca, é prenda ao rio que passa a cortejá-la num amor impossível. Muitas vezes as águas já chegaram a bater naquelas paredes, entrar pelos cômodos, mas nada fora disso. Como se cada qual tivesse o seu lugar no mesmo espaço, casa e rio vão passando os anos e ficando cada vez mais íntimos, porém, respeitando suas individualidades. A casa é dura na queda e o rio, por sua vez, continua passando sem ter casa e dona, pois não existe o rio da casa, mas a casa do rio.
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25/11/2010 -
Casa rosa
Na casa rosa há uma mulher meio carne meio anjo debruçada na varanda, com os olhos serranos e sonhos mundanos. Na casa rosa há uma mulher que esconde as estrelas da noite, açoitadas pelo sol, nos vértices de seus lábios. Na casa rosa há uma mulher querendo ser amada enquanto mulher. Na casa rosa há uma mulher que trilha as trilhas dos pensamentos alheios. Na casa rosa há uma mulher com cabelos de cachoeira. Na casa rosa há uma mulher doce como os quitutes que se esparramam por uma mesa colonial. ...
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04/06/2011 -
Casais
Outro mês, outra vez, outra rés. Eu, você, a lua, nós três a bordo de um amor que flutua a bombordo das estrelas. Paixão outono inverno, abraço longo, seu lenço estampando meu terno. Flores à mesa, velas ao redor da cama, o duque e a dama flertando na mesma trama.
Sonhos revirados, sentimentos mexidos, ventos idos. Asas de violetas, pólen de borboletas, carícias e caretas. Vidas à toa, dias de canoa, um desejo que o amor não doa. Voltas de ilusão, batuques de coração, bossa nova, jazz, samba-canção. ...
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12/09/2010 -
Casarão
Perto do portão, um ramalhete de rosas plantado num punhado de terra. Orelhas e tramelas adornando as janelas que dão pra rua. Roupas quarando no cimentado do quintal. Na velha pia da cozinha, ovos de galinha, tachos de doce e uma colher de pau. Uma réstia de alho pendurada pra espantar possíveis vampiros. A colcha de retalhos coloridos deitada sobre a cama. Num canto do quarto que já não dorme ninguém, a máquina de costura vai pedalando solitária entre linhas, agulhas e pontos. O piso range e o telhado arqueia a cada lua que ponteia. ...
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26/01/2013 -
Caso eu morra
Se eu morrer, não joguem fora minhas linhas, meus versos. Se eu morrer, não calem meus discos de Jobim. Se eu morrer, tomem minhas garrafas de uísque por mim. Se eu morrer, libertem meus pássaros. Se eu morrer, não mudem de opinião ao meu respeito. Se eu morrer, não se preocupem com essa coisa de funeral e sepultura. Se eu morrer deixando corpo para trás, ateiem-me fogo como se fazia com bruxos. Se eu morrer, deem a devida destinação a cada uma das minhas guias. Se eu morrer, vistam outros com minhas roupas. Se eu morrer, não economizem nas velas. Se eu morrer, não deixem de amar quem eu amei....
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24/01/2016 -
Casório e mais casório
Hoje o dia amanheceu de casamento. Seu galo cocoricou chamando a galinhada para o altar. A abelha rainha saiu da colmeia para se refestelar nas flores do buquê. E toda mulher amanheceu meio noiva num quê de sentimento sem mais nem porquê. A bicharada se alvoroçou e até dona vaca noivou. Sinhá porca também quis e rolou pela lama mais sinhó leitão toda feliz. O peixe fisgou a companheira de um jeito que até a água do ribeirão borbulhou. E mesmo ela o chamando de cachorro e ele a levando por cadela se casaram debaixo da janela. E o amarelo arisco que só para essas coisas de casar, meio que enfeitiçado, deixou a bichana fazer dele gato e sapato. Teve baile na roça para festejar tanto casório que até o seu Honório, do alto dos seus noventa e tantos, resolveu trocar alianças diante do santo. Menina Helena se derreteu toda quando teve sua mão pedida com direito a viola e poema. Teve serenata, fogueira, amor para a vida inteira e paixão vira-lata, mas o que importou mesmo é que casamento algum foi em vão. E a cigarra casou com a chuva. E o sabiá casou com a laranjeira. E a viúva casou na segunda-feira. E o pescador casou com Maria Lamparina. E o quitandeiro se juntou com Irene do Pomar. O violeiro se casou com a rima. E, no laranjal, a baiana se casou com a lima. O garnisé foi para lua de mel com a cocar. E a tilápia subiu o rio com o lambari. E com tanto casamento aqui, a lua se vestiu de noiva e, toda branca, numa claridade de acordar rouxinol, foi balançando suas ancas ao encontro do sol. E teve casório na roça e baile no céu. E na reviravolta dos contos de fada, pela estrada do brejo, até Rapunzel jogou suas tranças pro Osório, que como não era príncipe a levou direto pro cartório e o juiz de paz os declarou casados e enrolados.
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08/07/2015 -
Castelo do Assombrão
No Castelo do Assombrão, tem morcego, lobisomem e bicho papão. Tem vampiro, múmia e caixão por todo lado. Tem grito de horror e gemido de pavor. Tem ladrão de passado e esqueleto que já deixou a vida de lado. Tem caveira, fogueira de bruxa e pedaços de gente. Tem semente de monstruosidades, fantasmas sem animosidades e muita sobrenaturalidade. Não falta assombração, sombras e sombras que sombras são, no Castelo do Assombrão. Tem sangue, tem bangue-bangue, tem tumba, tem a rumba dos mortos, tem a lama dos porcos, tem a cama das dores, e os pecados dos confessores, tem pacto de almas, tem suspense que espanta a calma, tem destino que não cabe na palma da mão. Tem estranhitude demais e esquisitices pra lá de anormais. Tem porões e outras dimensões. Tem foices, ossos, caldeirões, e muitos senões, as sombras são, assombrações, no Castelo do Assombrão.
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Casulo
Sonhava em ter asas. Mas não eram quaisquer asas. Longe de suas costas a idéia de ter asas de pássaros, de anjos, de morcegos. Não queria asas de pluma, de penas, de couro. Queria asas finas. Queria asas de papel de seda. Tão finas a ponto de serem rasgadas por um vento mais afiado. E ultimamente, seu vento norte vinha com lâmina amolada. Eram tantos cortes que a vida vinha lhe fazendo. Profissionalmente, pessoalmente, religiosamente e romanticamente.
De chefes a namorados, de amigos a padres e pastores, de vizinhos a garçons, todos lhe cortavam um pouco. Fosse corte físico ou moral. Alguns cortam sua pele rosada, outros cortam a oitava camada de sua alma. As outras sete já estavam retalhadas. Mas isso não impedia que aquela menina sonhasse em ter asas de papel de seda. E em seu desejo, o papel e a seda também não eram comuns. Eram asas pintadas, bordadas, recortadas. ...
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04/05/2017 -
Cata-vento ou moinho?
Você pode ter um coração de cata-vento, que aproveita o melhor do tempo para se colocar em movimento ou ter um coração de moinho, que fica remoendo sentimento bem devagarzinho. Cata-vento não prende o que lhe é oferecido, sabe aproveitar e soltar. Já o moinho aprisiona e tritura todo e qualquer tormento. O cata-vento é a alegria nas mãos das crianças, que seguem em frente buscando novos ares. O moinho é a trança da nostalgia, amarrando vidas no passado. Cata-vento só quer rodar, só quer girar, só quer viver... moinhos querem quebrar grãos que nunca brotarão. Cata-vento é feito de papel e ar, moinho é feito de ferro e pedra. Cata-vento ou moinho, presta atenção como seu coração vem sendo usado. ...
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