06/01/2011 - Certos dias
Certos dias a gente se avizinha e briga como bons vizinhos. Certos dias a gente se encontra e apronta como se não fosse ocorrer reencontro. Certos dias a gente promete só para aumentar a coleção de promessas não cumpridas. Certos dias a gente acorda com vontade de fazer isso e aquilo, mas não sai da cama. Certos dias a gente jura amor eterno e depois se desconjura. Certos dias a gente se ama só porque se odeia. Certos dias a gente se odeia só porque se ama.
Certos dias a gente se achega, aconchega-se e depois chora. Certos dias a gente se despede antes mesmo de ir embora. Certos dias a gente rompe os limites e depois se corrompe. Certos dias a gente se enxerga lado a lado e depois se nega. Certos dias a gente vai além do casual e depois se pega num ato normal. Certos dias a gente inventa mundos e pessoas e depois mergulha num sono profundo. Certos dias a gente é nobre noutros vagabundo.
Certos dias a gente se ganha, assanha-se e se abocanha. Certos dias a gente celebra a separação depois se pega no portão. Certos dias a gente canta, uiva e late aos pés da santa. Certos dias a gente dá espaço só para em seguida se seguir passo a passo. Certos dias a gente visa todos os detalhes e depois relativiza. Certos dias a gente é ventania, furacão, tornado, ciclone noutros brisa. Certos dias a gente reza noutros troveja. Certos dias a gente é sagrado e no restante deles, pecado.
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