Daniel Campos

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28/03/2013 - Céu de semana santa

O céu de semana santa é diferente de outros céus em todos os sentidos e formas. Um céu que fica nu de nuvens e até mesmo de pássaros. Um céu desértico, como que feito de areia azul, com marcas de via-sacra. Um céu que brilha trêmulo como a chama azulada de uma vela quando carregada em procissão. Um céu que dói e, que chora e que silencia. Um céu que abriga cânticos e lamentos.

O céu de semana santa aperta o coração. Um céu de ramos, de lava-pés, de paixão. Um céu por onde cavalga a morte, mais do que nunca, soberana. Um céu que nos leva a pedir perdão. Um céu que se transforma no lenço da Verônica, com direito ao canto e à Santa Face. Um céu bordado de tristeza e pesar. Um céu que demora a passar, que pesa os olhos, que tira a cor do mundo.

O céu de semana santa é o céu de Jesus, de Judas, de Maria Madalena, de Pôncio Pilatos, de Maria de Nazaré. Um céu de amores, traições, martírios, condenações, entregas. Um céu que corta, que chicoteia, que crucifica. Um céu que traz um vento sofrido, um vento que bate e assopra, um vento de sopro fúnebre. Um céu carregado de sentimentos. Um céu que nos faz ajoelhar, rezar, implorar.


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