Daniel Campos

Prosas

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15/06/2011 - Em seu colo lhe descubro

Quando em seu colo, eu posso sentir os sentimentos remexendo dentro do teu peito. Posso sentir as ilusões brincando em seu corpo. Posso sentir o tempo lhe transformando. Posso sentir os pedidos de desculpa e os agradecimentos se misturando em sua boca. Posso sentir suas vergonhas, seus medos, seus traumas, suas tramas. Não se aflija, pois sua aflição maltrata tanto sua alma quanto meus ouvidos, sensíveis aos seus gritos.

Eu sei dos seus pressentimentos e dos seus silêncios. Conheço seus pecados, suas culpas, suas explicações. Sei da sua sequência de sonhos e dos seus últimos pesadelos. Sei das pontes que construiu e das que teve de destruir. Conheço seus caminhos e descaminhos. Sei das vozes que lhe atormentam. Sei o que lhe habita. Sei o que palpita mais forte seu coração. Sei da canção que corre em suas veias. ...
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29/06/2011 - Em seus olhos

Tem dias em que eu me encolho todo para caber dentro dos seus olhos. Quero que você me leve por suas vistas olhares afora. Seus olhos são minha cama, meu reino, meu útero. Eles me projetam e ao mesmo tempo me escondem. Indiferente do que ordena sua cabeça, seus olhos sonham. Fico ali, horas a fio, ouvindo relatos de suas visões. Gosto de me misturar às paisagens que se formam em seu globo ocular. Gosto de ficar ali como quem não quer nada e, ao mesmo tempo, quer tudo.

Em seus olhos tenho a sensação de estar em sua alma. Consigo ouvir seus pensamentos, palpitar seus desejos, mirar seu destino. Gosto de ficar à deriva no mar de seus olhos. Gosto das corredeiras de emoções que existem por ali. E não me importa saber que em certos momentos sou apenas um cisco. Um cisco que incomoda mesmo não querendo incomodar. Você me coça, me cutuca, me lava, me procura. E eu, sem querer lhe machucar, acabo cedendo as suas mãos. ...
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21/03/2011 - Em você

Os caminhos que me levam são as linhas da sua mão. Minha casa é o seu corpo, onde me deito depois de correr sua pele de cima abaixo. Pelo seu avesso, escrevi meus segredos. Vez ou outra, eu ignoro o medo, entro num barco de papel e desço o rio escorregadio dos seus olhos amorenados. Corto o sertão dos seus pensamentos e choro a distância que me separa das suas lembranças mais desbotadas. Abro os braços fingindo ter asas e vôo no rastro da lua cheia impulsionado pelo sopro doce e quente da sua boca molhada. ...
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30/11/2013 - Encarrilhado

Se você for, me levo. Se você quiser, eu quero. Se você puder, eu posso. Se você se perder, eu acho. Se você bater, eu caio. Se você amar, me jogo. Se você cantar, eu aplaudo. Se você esquecer, eu lembro. Se você pedir, eu cedo. Se você somar, me adiciona. Se você enlouquecer, me interna. Se você falar, me calo. Se você calar, eu grito. Se você me prender, deixo. Se você topar, aceito. Se você rir, sorrio. Se você chorar, morro. Se você desejar, me beija. Se você finalizar, recomeço.

Se você duvidar, atesto. Se você fraquejar, sustento. Se você ligar, atendo. Se você abandonar, protesto. Se você avançar, me rendo. Se você negar, me entrego. Se você flutuar, voo. Se você cansar, carrego. Se você pautar, escrevo. Se você pousar, eu pego. Se você assoviar, eu vou. Se você medrar, encorajo. Se você jurar, prometo. Se você imaginar, eu cumpro. Se você sonhar, eu aconteço. Se você cruzar, descruzo. Se você pedir, eu fico. Se você pintar, eu bordo. Se você estrelar, enluaro.


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20/11/2013 - Encontramento

Encontra-me pelos meus desencontros. Encontra-me como se fosse nosso primeiro e último encontro. Encontra-me com meus olhos nos seus. Encontra-me fazendo valer do carpe diem. Encontra-me tentando, sonhando, sangrando... Encontra-me em um labirinto sem saída. Encontra-me compreendendo os medos, os segredos, os enredos, a relação paradoxal entre o tarde e o cedo... Encontra-me com emoções despidas e sem pensar em se fazer despedida. Encontra-me deixando portas e janelas abertas. Encontra-me sem muitos planejamentos ou expectativas. Encontra-me naturalmente, como uma rima encontra outra rima no casar do texto. Encontra-me sem deixar escapar detalhe algum. Encontra-me como trens que se encontram nos mesmos trilhos. Encontra-me no olho do furacão, no explodir do furacão, no tremor de peles e terras. Encontra-me como estrelas se encontram depois de vagarem pelas sombras. Encontra-me sem motivo e com todos os motivos. Encontra-me sem querer absolutamente nada senão o encontro. Encontra-me em uma das voltas do mundo. Encontra-me pela eternidade de um segundo. Encontra-me no alto mais alto da roda gigante. Encontra-me em um dos cavalos do carrossel. Encontra-me no frio da barriga da montanha russa. Encontra-me na cegueira dos sentidos. Encontra-me sem portar armas ou escudos. Encontra-me de um jeito nunca encontrado. Encontra-me buscando se encontrar ou reencontrar. Encontra-me na imensidão do infinito. Encontra-me de forma propensa a mais intensa intensidade. Encontra-me no silêncio das palavras. Encontra-me de mil maneiras a sua maneira. Encontra-me de dedos cruzados, sem véus, infernos ou céus. Encontra-me humanamente possível e impossível. Encontra-me calando as horas. Encontra-me roubando o chão. Encontra-me no realinhamento dos planetas. Encontra-me no eclipse da lua que até hoje não se encontrou. Encontra-me num buquê de perfumes e sensações. Encontra-me abusando dos sentidos, inclusive do sexto, do sétimo, do oitavo... Encontra-me no faz de conta da realidade. Encontra-me sem desculpas. Encontra-me como se encontrasse o próprio espelho.


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16/05/2012 - Encubadora de romances

Estou em falta. Em falta com meus romances. Há livros e livros de várias nuances se abarrotando dentro de mim. Virei uma estante ambulante. Personagens amarrotados, lutando para não serem esquecidos. Não há morte mais cruel para uma história do que o esquecimento. São diálogos intermináveis esperando sua chance de ganharem o papel. Sentimentos de nanquim. Fantasias se procriando. Protagonistas e coadjuvantes no mesmo camarim, misturando traços de personalidade e bebendo do mesmo copo da inspiração. ...
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Enfim, a guerra

Somos obrigados a viver a guerra. Amar, dormir, beber a guerra. Mais uma vez, somos reféns do poder. As nossas bocas são condenadas ao deguste da guerra. Mas que guerra? A guerra que nos querem mostrar. A guerra que querem pública. A guerra que nos arranca as asas da liberdade. E é tanta guerra, que até as minhas linhas se entregaram a ela. Juro leitor, eu resisti até onde pude, mas fui sufocado. Um tipo de censura que para calar, obriga a falar. Falar de guerra.

EUA x Terrorismo. EUA e Cia x Afeganistão. Bush x quem não é Bush. Em poucos minutos, do céu ao inferno. Duas torres. Torres de quem? Por que temos o costume de colocar o símbolo dos outros, um símbolo que não diz nada, em nosso peito? Lastimo pelos inocentes, mas e as tantas torres que são ruínas no Afeganistão... Torres humanas. Torres reduzidas a pó. Pó! O pó do deserto que cobre os olhos sem expectativas. Olhos que se rendem a um Deus. Deus dos miseráveis. Deus de ideologias dominantes. Condenam o fanatismo islâmico, porém em que altar se posiciona o orgulho norte-americano? ...
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17/07/2011 - Engraçadinha

É de verdade ou de mentira essa mulher que me vira à cabeça? Será que ela vem do chão ou do céu? Será que nasce da sequidão ou da chuva? Será que se movimenta como um girassol ou um pirilampo? Será que vem do vento ou do relâmpago? Será resultado de uma experiência secreta ou de uma barriga indiscreta? Será um fruto solene ou uma licença poética? Será que veio de longe ou simplesmente acordou em mim?

Será que essa mulher se refugia nas curvas da minha alma, por detrás das minhas pálpebras fechadas se sono? Será que é o peso que me prende ao chão ou a leveza que me leva a conversar ao pé do ouvido das estrelas? Será que é sólida como pedra ou líquida como as palavras que esvaem das minhas mãos. Será conciliadora ou inconciliável como a humanidade?...
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21/10/2014 - Engravidado

Faço amor com a solidão e engravido de saudade. Faço amor com o tempo e engravido de amanhãs. Faço amor com a lua e engravido de mistérios. Faço amor com o silêncio e engravido de soluços. Faço amor com o chão e engravido de estradas. Faço amor com o mar e engravido de ondas. Faço amor com o céu e engravido de estrelas. Faço amor com o verde e engravido de olhares. Faço amor com o horizonte e engravido de promessas. Faço amor com o sonho e engravido do impossível. Faço amor com a música e engravido de inspiração. Faço amor com o fogo e engravido de vagalumes.


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05/04/2011 - Enlace

Quando ele chega ao fim do dia trazendo consigo a saudade, dores e um cesto cheio de caipirices ela se avia e agradece rezando baixinho uma ave maria. Ele tem o corpo cansado, o rosto suado e um monte de coisas para contar. Enquanto ele vai para o chuveiro ela lava sua marmita, passa um café e tira um bolo do forno e pensa coisas de mulher. Ela põe sua toalha na janela e ele canta como que espantando seus males, como que voltando para seus lugares, como que velejando por mares sem fim.
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