21/03/2011 - Em você
Os caminhos que me levam são as linhas da sua mão. Minha casa é o seu corpo, onde me deito depois de correr sua pele de cima abaixo. Pelo seu avesso, escrevi meus segredos. Vez ou outra, eu ignoro o medo, entro num barco de papel e desço o rio escorregadio dos seus olhos amorenados. Corto o sertão dos seus pensamentos e choro a distância que me separa das suas lembranças mais desbotadas. Abro os braços fingindo ter asas e vôo no rastro da lua cheia impulsionado pelo sopro doce e quente da sua boca molhada.
Como eu gosto de sentir o vento pastoreando seus poros, seus cheiros. De repente, faço-te catavento e lhe ponho a girar pela estrada afora. Estrada de terra batida, alongada e misteriosa. Pego um dos cavalos do meu carrossel e levanto poeira pelos seus caminhos, encontrando um pouco de seu jeito, de seu rosto, de sua cor em cada flor do campo. Acho uma sombra boa, pego as cordas da sua garganta pra mor de fazer modas de viola. Quando estou em você, o sentimento faz, o sentimento desfaz e vai além dos limites, quebrando a casca da imaginação.
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