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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 85 de 320.
11/07/2014 -
Conselhos sobre as dores do amor
Perdoe-me por não poder aquietar o que não lhe permite ter uma noite de sono sem interrupções por parte de pesadelos da infantilidade ou de atropelos da realidade. Trocando em miúdos, não sei como viver um amor sem sofrer. E, não me queira mal, mas ainda bem que não sei, pois o amor indolor, se existisse, não teria a menor graça. O amor precisa doer para ser bonito, para se grande, para ser inesquecível. Todo parto, dói. Toda metamorfose, dói. Toda ruptura, dói. Toda sangria, dói. E isso tudo é o amor. Portanto, não tenha medo de passar pelas dores do amor. Agradeça cada uma delas porque indicam a dinâmica do sentimento que lhe toma sem pedir por favor, com licença, por gentileza. O amor é o encontro dos interesses do corpo e da alma, e tais choques são dolorosos. O amor é sobreposição de vontades, e o empilhamento de paixões, à procura do encaixe perfeito, dói. O amor é a impotência diante do que pensa, sente e quer a criatura amada e isso causa dor. Salve as dores do amor. Salve os apaixonados doídos e condoídos. Salve os que amam transformando essas dores em motivos para viver de forma mais profunda o amor que nos inunda sem dó, fazendo dos ais suspiros e gemidos de morfina ou endorfina aos casais.
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10/07/2014 -
O amor pede desculpa
Desculpa por eu ser exatamente como sou e nunca tentar disfarçar ou negar isso. Desculpa por não conseguir ser igual a todos causando estranheza e desconforto. Desculpa por me fazer feliz quando de algum modo dá sinais de presença em meus dias. Desculpa por lhe levar a pedidos envergonhados de desculpa. Desculpa por querer cuidar mais de você do que de mim mesmo. Desculpa por lhe amar desse jeito incontrolável sem demonstrar qualquer arrependimento, pois não há qualquer arrependimento para ser demonstrado. Desculpa por tentar de todas as formas lhe esquecer e não conseguir. Desculpa por ter você residindo em meus espaços geográficos e temporais. Desculpa pelas vezes que eu lhe levei para minha cama sem pedir licença. Desculpa por caminhar no breu guiado pelas lanternas dos seus olhos que por não saber mentir se fecham numa espécie de coma induzido. Desculpa por ser a causa desse apagão. Desculpa por embaralhar as cartas do seu destino. Desculpa por nunca blefar nas confissões do amor que sinto. Desculpa por sair dos padrões ao me assumir apaixonado. Desculpa por desafiar constantemente o tempo. Desculpa por jamais abaixar os olhos. Desculpa por não correr do que a todos intimida. Desculpa por não ser de carne e osso, mas de sonho e sentimento. Desculpa por me preocupar com sua saúde, com sua alimentação, com seu bem-estar, com sua felicidade, com seus batimentos cardíacos. Desculpa por ser algo totalmente novo em seu cotidiano. Desculpa por ter aparecido sem convite, embora sempre ouvi chamados do seu inconsciente. Desculpa por ceder aos três pontinhos que pontuam uma indefinição que não é minha. Desculpa por ser louco, doido, maluco, ensandecido, perturbado por você. Desculpa por ter coragem de fazer de um tudo para lhe ver bem, inclusive dar adeus. Desculpa por passar noites em claro pedindo você às estrelas cadentes, carentes, ausentes. Desculpa por não poder ser menos do que não abro mão de ser. Desculpa por tender de forma tão descarada à eternidade. Desculpa por contrariar suas razões com meu eu-emoção. Desculpa por tirar para dançar sua silhueta que se forma abstratamente em todos os lugares que habito. Desculpa por não me cansar de amar mais do que posso. Desculpa por ter roubado parte de você para o meu mundo. Desculpa por não devolver tudo o que me deu de bom grado. Desculpa se não tenho o hábito de tornar as coisas mais fáceis, mas quem já disse que o amor é algo fácil de ser forjado? Desculpa por minhas linhas falarem tanto de você. Desculpa por agradecer de forma íntima sua existência. Desculpa por manter vivas em mim todas as suas marcas. Desculpa por lhe beijar em sonhos. Desculpa por ainda me esbaldar nas notas do seu perfume coladas em minha pele. Desculpa por fazer da saudade que sinto da sua proximidade o meu bicho de estimação predileto, sem me importar se por medo ele ainda me morde. Desculpa por trazer à tona tantas desculpas para falar de um amor que não tem desculpa.
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09/07/2014 -
Faça de mim seu palco
Caminha pelas minhas planícies com seus pés de bailarina. Toca meus pontos cardeais com suas pontas numa intimidade que faz a trilha dos casais. Deixa meus pontos nervosos entregarem-se aos seus volteios luminosos, deixando-me perdido na penumbra dos nossos contrastes. Musica minhas partituras ainda não reveladas, dando asas aos gnomos que flertam dentro de suas impossibilitudes as mais nobres fadas que residem em nossos paralelos. Permita que eu me perca pelas fitas das suas sapatilhas. Mareia com seus esmaltes as minhas ilhas. Espalha o perfume de suas raízes aéreas em meus jardins suspensos. Planta seus pés nos meus contrapés. Baila pelas minhas espinhas numa coreografia tão sua quão minha. Que entre um e outro plié meus lábios achem seus pés.
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08/07/2014 -
Saia azul
De saia azul ao vento do Atlântico Sul com pernas que deixam qualquer romântico mais bêbado do que dúzias de tabernas. Ela conversa e tudo logo versa para ela. Seus olhos como agulhões vão mergulhando no mar da alma alheia e saindo com o que desejam estando a maré baixa ou cheia. Seus pés pequenos são como venenos à falta de cura de uma paixão sem alta. Seu corpo serenado como que bordado de pintinhas vizinhas uma da outra numa misteriosidade louca. E sua boca dizendo às minhas entranhas, sabendo como poucas a arte de fazer manha, que toda aventura ainda é pouca. ...
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07/07/2014 -
Andar sozinho
Anos e anos depois, tenho de aprender a andar sozinho. Andar sem ter quem me dê a mão. Andar sem ouvir sim, talvez ou não da boca alheia. Tenho de andar a escutar só, e somente só, meu coração. Tenho de aprender a deixar meus sapatos solitários no fundo do armário sem que possam flertar ou se dar com pares de saltos. Andar de mãos ao vento como que livres ao ar. E a liberdade às vezes machuca por sua força tamanha.
Andar sozinho pisando nos próprios passos. Voar sozinho tentando entender como as nuvens se misturam tão bem. Cantar sozinho sem que ninguém me faça coro, complete meus esquecimentos ou ria do meu desafinamento. Deitar sem precisar dividir espaço ou lençóis, tendo o travesseiro para me calar num boa noite. Alimentar-me sozinho de comida, de sonhos, de expectativas, de amor e de esperanças. ...
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06/07/2014 -
Praiana
Ai, suas coxas pela noite roxa. Bocas mordidas pelas costas proibidas. A alegria frouxa, o gozo fácil. Seios despontando como dunas nascendo no clímax do terremoto. Um vulcão de desejos entre pernas que parecem lanternas brincando em alto mar. Mãos dançando pelo ar como velas estendidas ao vento. Pele perolada, sol nevado, curvas brilhando... Sonho dos faroleiros. Paixão dos piratas. Atração dos pescadores. Brisa que desliza pelas pernas lisas. Ondas de quebranto. Pés que rebolam. Pintinhas que colam. Santa sem manto. Dona do dourado. Delicadeza faraônica. Elasticidade de correnteza. Deliciosa, misteriosa, maliciosa nudeza. Corpo de areia, ampulheta humana. Espumas do mar em taças que brindam longe como silhueta do que não passa.
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05/07/2014 -
Pela qual me tenho apaixonado
A mulher pela qual me tenho apaixonado tem uma natureza mais intimista. É uma das deusas mais misteriosas de se compreender. Busca a espiritualidade, a liberdade, a honestidade em sua jornada pela paz interior. Tem dificuldade em renascer, mas luta o tempo todo para não se perder. E ela poda as arestas de seus sentimentos cometendo assim um pecado mortal. Cerca-se de uma racionalidade sem razão de ser. É água e fogo, difícil de dominar por Afrodite. Dada aos medos, recusa-se aos próprios desejos. ...
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04/07/2014 -
Meu espaço é já
Nos últimos tempos tenho estado perto quando longe e distante se próximo. O espaço geográfico duela constantemente com o território psíquico, que tende a me governar de sul a norte. Uma simples palavra vence milhares de quilômetros. Dentre duas bocas podem surgir ou desaparecer estradas inteiras. Um gesto derruba fileiras de cordilheiras. Perto dela, volto a ser Pangeia. Longe, sou arquipélago cerca por um oceano de faltas. Meus trópicos e meridianos se cruzam nas pernas da mulher amada. A roda dos ventos floresce pelo campo dos seios da mulher que amo. Os olhos da mulher que detêm meu apaixonamento são minha bússola, que me indicam que sempre tenho que ir a sua direção. O complexo disso tudo é que ir a sua direção nem sempre significa ir ao encontro dela. Ao mesmo tempo em que é quântico meu espaço é tântrico.
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03/07/2014 -
É ela, é ela, é ela
É moleca reinando na minha mão. É piveta fugindo na escuridão. É menina voando como bolha de sabão. É moça querendo dizer sim quando diz não. É mulher com força de arrebentação. É mocinha me tomando por seu vilão. É princesa rompendo seu castelo de ilusão. É estrela no palco no monólogo da provocação. É anja pecando já na segunda intenção. É trapezista no céu da alucinação. É mágica com truques de sedução. É amazona marcando o estradão. É fêmea trazendo à tona um tempo de suspiração. É artista fazendo do amor sua vocação. É gata miando aos ouvidos em semitom. ...
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02/07/2014 -
Um só dois
Chama, chama, ai me exclama pra perto. Sem roupa, sem medo, sem veto. Ofensiva, toca-me, entoca-me, invoca-me, provoca-me pura e lasciva. Uiva em meus ouvidos fera em gemidos. Desafia meu coração. Desfia sua sétima intenção para comigo. Deposita suas mensagens nas garrafas dos meus olhos de vidro. Chama, chama, ai me enxama e saiba que eu ligo. Que a ousadia vença a simpatia. E que do amor o tempo jamais se esqueça. Que a paciência tenha clemência. Que os copos formiguem e se liguem. Que nossas pernas dividam o mesmo chão porque nosso teto é para além de toda e qualquer constelação. Chama, chama, chama ó tirana pelo seu servo. O amor é tudo menos cego. A esperança é o que de mais nobre carrego. Sou príncipe da espera. Sou pobre pólen na semente da primavera. Sou lince com dentes cravados na era ausente. Chama, chama, ai me engana, ai me ama, ai me trama, ai me amola pelas molas da sua cama.
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