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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 86 de 320.
01/07/2014 -
De dentro
Há de se abrir mão de tudo e ficar mudo consigo mesmo para escutar o que lhe habita. Deixar de lado toda a carga pesada acumulada pela estrada que acabou de uma forma ou de outra tirando a leveza, a nobreza e a delicadeza que fazem parte da sua natureza. Ingenuidade e inocência vão ganhando novos contornos com a idade. Todo lobo uiva para uma lua tendo ela como sua. E a saudade, por mais que se refira a fatos passados, é a anfitriã do amanhã. Escuta o que lhe povoa e não deixa o coração à toa, pois ele voa, ele voa, voa... ...
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30/06/2014 -
Amor em ação
Eu te amo em dias alternados: dias pares eu te amo mais ainda; dias ímpares eu te amo ainda mais. Eu te amo no cair das horas, no girar dos ponteiros, no frigir do que chora, no apear dos cavaleiros. Eu te amo a cada quebrar de onda. Eu te amo na vigilância de uma ronda. Eu te amo no calar das bocas. Eu te amo no manchar dos lençóis. Eu te amo no ressoar das vozes roucas. Eu te amo querendo estar a sós. Eu te amo no arrepiar da sua pele. Eu te amo pelas gotículas do seu perfume que insistem em borboletear por aí. Eu te amo como o que adere, como o que liga, como o que atraí de forma natural e irresistível. Eu te amo no acaso. Eu te amo e contigo me caso. Eu te amo esquecendo de tudo o que não está a nossa volta. Eu te amo abrindo todas as minhas portas, declamando todas as minhas notas, redirecionando todas as minhas rotas. Eu te amo preocupado se vai ou não gostar do que eu faço, do que eu acho, do que eu traço para nós. Eu te amo transformando versos em anzóis. Eu te amo viciado em você. Eu te amo com olhos dégradé. Eu te amo com abusos e pleiteando usucapião pelas vidas passadas vividas de mãos dadas. Eu te amo sem medo de lutar por você, nem que um dia seja preciso voltar sobre o escudo para o seu último me ver.
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29/06/2014 -
Marcas que ficam
Entre o sim e o não, ela vem pela escuridão acendendo estrelas, ateando fogo na lua-balão. Quebrando o silêncio, vem cantando em outra língua uma canção pra ficar. Passa ora calculando seus passos ora transformada em asa delta entregue ao vento. Deixa a poesia da sua boca nas bordas dos copos, das taças, das tulipas pelo horizonte afora. Cruza as pernas como se cruzasse hemisférios em linhas nada imaginárias, mas que rendem tanta imaginação. Alimentando a mágica da noite, sopra vaga-lumes que voam embriagados de paixão num zanza daqui zanza dali. Sorri. Chora. Gargalha. Engole o choro. Vem e vai embora sem dar satisfação. Como flor ora nasce no leste ora no oeste ora no verde ora entre quatro paredes ora na cidade ora na saudade. Pelas vielas do sentimento ela devora o coração ao mesmo tempo em que faz dele sua rede pra balançar nas suas horas de verão. Ora grita ora interna-se em seu monastério particular. É tanto mistério que nem ela se conhece. E faz do amor algo que definitivamente não se esquece.
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28/06/2014 -
Se for me amar
Se for me amar, ama-me a perder de vista. Ama-me sem contra-indicação. Ama-me sem freios, permitindo-se ir além. Ama-me tendendo ao inesquecível. Ama-me sabendo que terá tudo de mim. Ama-me como nos romances que lhe faziam esquecer do relógio. Ama-me entre macro e micro intimidades. Ama-me com a absoluta certeza de retorno. Ama-me como ave que percorre as terras mais distantes e sempre volta pro mesmo ninho. Ama-me segura do que sinto. Se for me amar, ama-me entregando-se à verdade dos sentimentos. Ama-me sem cair na rotina. Ama-me com improviso e espontaneidade. Ama-me de forma atrevida, abusada, arrojada. Ama-me com o conhecimento prévio de que será deveras mimada. Ama-me esperando pelo surpreendente. Ama-me sem deixar espaços vazios. Ama-me sem senões. Ama-me como se fosse seu primeiro e último amor. Se for me amar, ama-me sem se importar com os outros que, diante do que vamos viver, serão somente os outros. Ama-me da forma mais simples possível. Ama-me perdidamente consciente de que vou lhe achar. Ama-me se jogando, pois será amparada o tempo todo. Ama-me num profundo querer. Ama-me condicionada ao infinito. Ama-me no respeito do mais sagrado amor que há. Ama-me ao seu modo, pois se lhe amo é porque é do meu jeito. Se for me amar, ama-me sem se preocupar posto que tudo se encaixa. Ama-me disposta a fazer história. Ama-me sem hesitar. Ama-me com urgência e sem falta. Ama-me olhos nos olhos. Ama-me entrando num mundo de romantismo. Ama-me mais e mais pois sou de amar demais. Ama-me sem dizer adeus. Ama-me certa de que crio expectativas e sonho alto. Ama-me sabendo de que terá em suas mãos um coração poeta.
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27/06/2014 -
Sigo meu coração
Meu coração é soberano. É ele quem me governa, sendo dele a primeira e a última palavra. É meu piano interior, às vezes soprano às vezes tenor. Nunca hiberna está sempre a me navegar pelo destino. Meu coração me diz por onde passar, o que fazer, como acontecer. Não importa se vou chorar ou se vai doer, pois seguir viver sem amor é não viver. Coração sem arranhão não tem valor. Se for para caminhar a vida toda com medo de amar pode se certificar que ao final da estrada sua vida não deu em nada. Por isso eu sigo meu coração sem medo. Eu sigo meu coração, pois é ele quem dita e move o enredo dessa paixão bonita que me habita em todas as horas. É meu coração que me diz quando chegar e dar o fora. Não há do que se arrepender se escutar bem escutado o que seu coração lhe soprar. Aprofunde-se cada vez mais na linguagem do pulso. Sinta as palavras jorrando. Sinta as vontades vibrando. Seguindo meu coração, assim vou caminhando. Salvo engano, o amor é o melhor dos guias. Seja no plano da realidade ou no da fantasia, meu coração é soberano.
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26/06/2014 -
Doçura
Olhos de jujuba. Boca de beijinho. Corpo de cupcake. Braços caudalosos. Pés de moça. Alma em ponto de fio. Contornos bem-casados. Sonhos caprichados. Provocação trufada. Menina açucarada. Boas mordidas, bons bocados. Sexo confeitado. Textura de sorvete batido. Costas nevadas. Levíssima como macarons. Delírios granulados. Silhueta afrodisíaca. Superfícies deliciosamente aromatizadas. Intenções de camafeu. Pele decorada. Recheios elaborados. Silhueta de chocolataria. De raspar cada segundinho. De saborear de olhos abertos, fechados... Nada de travessuras ou gostosuras, mas de travessuras e gostosuras. De estalar na língua. De dar vontade. Deveras irresistível. Doce feito em fogo alto. Pernas de dar água na boca. Colo de algodão-doce. Cabelo de anjo. De comer na mesa, na cama, na rua. De dar desejo em quem jamais ficará grávido.
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25/06/2014 -
Menina que não cresceu
Alma rosa choque. Menina que não cresceu. Estrelas no teto. Pelúcias que conversam sobre você e eu. Mãos que não sabem dizer adeus. Príncipes encantados sob sua janela. Música alta. Choro quieto. Travesseiro embebido de segredos. Sonhos sustenidos. Pés beijados. Amores encantados. Liberdade sem tramela. Roupas de poesia. Vestidos de palavras. No lugar do sangue, corre lava. Rimas pela maquiagem. Intuição perfumada. Borrifos de ilusão. Cama soprada ao mar aberto. Coração em alta-voltagem. Desejo nada discreto. Par de asas. Pele em brasa. Unhas ousadas. Cabelos noturnos. Olhos gatunos que roubam o que bem querem. Prosa adocicada. Boneca animada. Medos que ferem. Sapatos e raptos. Braços e pernas em dobraduras. Costas para aportar depois da adrenalina. Maestrina das loucuras. Abraços em farturas. Carne dura bailando, rodando, dançando por um amor de menino e menina. Santa demônia. Tremores de prazer e querer tempo adentro. Insônia do bem. Noite no alto firmamento. Suores essenciais. Conjunções carnais. Signo de rapina. Alma rosa choque. Menina que não cresceu.
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24/06/2014 -
Não há segredo
Você sabe quem eu sou, de onde venho e pra onde vou. Não é proselitismo inconsequente, mas não é preciso dizer mais nada. Eu sou exatamente o que sinto. E eu amo, e eu amo, e eu amo mesmo que perdido no seu labirinto. Você conhece a minha estrada e as minhas saídas. Meus gestos atestam meu romantismo. Meu silêncio grita por mim. Meus olhos verdes atraídos, hipnotizados, transados nas suas unhas carmim. Suas retinas nas minhas são testemunhas do sonhadeiro que baila cá dentro. Modestamente, sou o viveiro dos seus sonhos. Por quantas vezes suas borboletas voaram em mim. Suas mãos se lembram das minhas que eu sei. No seu reino de princesa quem tem coração é rei. Nossas bocas ainda não saíram das rinhas. Navegamos em rios de arrepios. Desconhecemo-nos nos conhecendo; conhecemo-nos nos desconhecendo. E tudo o que foi dito e escrito ainda move moinhos, e como move. Nosso mundo é tão bonito. E tudo o que vem de nós ainda é capaz de transformar espinhos em pétalas. E você me absorve, comove, ai, i love, i love you, e o amor seu me faz romeu. De novo um novo romeu e julieta, você e eu. Você tem certeza do que sou capaz. Ao contrário de um ás, trago um verso na manga. Só não sei blefar, sou de assumir, de declarar, de apostar cegamente tudo o que exponho abertamente e apaixonadamente como amor que sangra sem medo, sem segredo, sem se importar se já é tarde ou ainda é cedo. Você sabe quem eu sou, como me doo e onde estou.
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23/06/2014 -
Cadê minha estrela?
Tempo fechado. Céu carregado. Olhos nublados. Cadê minha estrela, cadê? Camadas e mais camadas de nuvens grossas. Um vento na cadência de bossa. E um frio que na alma roça. Cadê minha estrela, cadê? Anunciam o final dos tempos. Meu coração se contrai ao relento. Um reino de fantasia para habitar eu invento. Cadê minha estrela, cadê? São tantas e tantas cobertas. São tantas horas incertas. São tantas trilhas desertas. Cadê minha estrela, cadê? No horizonte nem sol nem avião. Pelas encostas um extenso barradão. Tudo parece vir ao chão. Cadê minha estrela, cadê? Estenda as velas, pois o barco é a própria cama. Tente ouvir, mas não há ninguém dizendo que ama. Há uma solidão generalizada queimando como fria chama. Cadê minha estrela, cadê? Ninguém conversa alto. Mulher alguma passa de salto. E o destino não sofre sobressalto. Cadê minha estrela, cadê? Pelas paredes uma brancura de neve. Pelas ruas ninguém se atreve. E a cabeça se enche do que não deve. Cadê minha estrela, cadê? Pedidos por um bolo de chocolate. Pedidos pela vermelhidão de um esmalte. Pedidos de que nunca assim falte. Cadê minha estrela, cadê? Os pássaros fecham suas asas. Os amantes internam-se em suas casas. Os esperançosos sopram suas brasas. Cadê minha estrela, cadê? Toma gosto pelo que não vê. Pega as entrelinhas da atmosfera e lê. Para ser feliz ignore da vida cada por quê. Cadê minha estrela, cadê?
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22/06/2014 -
Saudade caipira
A saudade canta rangida como um carro de boi. A saudade se esparrama como ramas depois da chuva. A saudade fecha como tempo em tarde de temporal. A saudade balança como cavaleiro no lombo do animal. A saudade ronca como trator em marcha pesada arrastando grades pela terra selvagem. A saudade assovia como vento solto pelo estradão. A saudade mancha por dentro e por fora como amora. A saudade aperta como caju. A saudade caleja como mãos no cabo da enxada. A saudade orvalha os olhos de quem sente. A saudade esquenta como fogão de lenha. A saudade respinga como casa sem forro em dia de chuva. A saudade chicoteia como cavalo xucro. A saudade é locomotiva puxando tantos e quantos vagões de lembranças. A saudade troveja e faz clarão. A saudade escorre como água de mina. A saudade afia como corte de canivete amolado na pedra. A saudade madura como fruta no pé. A saudade vai fundo, e mais que mais fundo, como raiz. A saudade dá arrepio como causo de assombração. A saudade é estação sem trem. A saudade estala como fogueira ao luar. A saudade valsa como pés que se põem a rodar. A saudade corta como capim napier. A saudade dá fisgada como peixe que morde sem morder a isca. A saudade é como a galinha que mesmo sem ovos continua choca. A saudade chora como leite na pele verde do mamão. A saudade vai encorpando como uma boa polenta. A saudade é visível e invisível e por isso engana como teia de aranha. A saudade é o cisco que não quer sair do olho. A saudade rói até a lua no céu. A saudade açucara o que temos de mais doce. A saudade é boiada estourada. A saudade nos trança com mãos de saci. A saudade pinica como folha de milho. A saudade faísca como casco na pedra. A saudade espinha como arroz-do-diabo. A saudade ponteia o que não terminou.
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