Daniel Campos

Prosas

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 3193 textos. Exibindo página 83 de 320.

31/07/2014 - Nada seu fora eu

Casa vazia. Não há mais peças suas a minha vista. Não há mais nada de você tocável ao meu alcance. Mas, mesmo de olhos fechados, minhas mãos desenham sua silhueta no ar. Tropeço nas suas lembranças. Faço respiração boca a boca nas últimas esperanças. E o doce da sua boca aparece forte na minha. E quando a dor me come por dentro, seu perfume atua como morfina. Como aluno aplicado que decora a matéria para a prova, tenho tudo na ponta da língua o que você me falou. Não preciso de cola para achar em mim, navegando pela minha cabeça, suas palavras de um amor que ninguém soube explicar. Casa vazia. Não há mais nada que pertença a você comigo, fora eu mesmo.


Comentar Seja o primeiro a comentar

30/07/2014 - Sempre suas mãos

Sempre suas mãos tiveram (concederam) um significado vasto e profundo ao meu mundo. Seja na geometria de tão belos desenhos, de unhas bem feitas e pintadas ao meu gosto, seja porque elas se encaixam perfeitamente nas minhas. Mãos macias, quentes, suaves, delicadas, leves... Mãos encantadas. Mãos claramente coradas. Mãos adocicadas. Ai, suas mãos, foi o que primeiro vi de você. Meu primeiro contato com você veio de suas mãos. Apaixonei-me perdidamente à primeira vista pelas suas mãos e, a partir delas, por você. E depois ainda me fartei nas linhas de suas mãos decifrando seus segredos, sua personalidade e seu amanhã. Fui sua cartomante de olhar apaixonante. Como foi bom andar de mãos dadas ou falar olhos nos olhos com você de mãos entrelaçadas. Como foi inacreditável tocar meus lábios aos seus tendo minhas mãos emboladas nas suas. Nossas mãos fizeram amor desde o primeiro contato. As disparidades e semelhanças entre sexo e amor podiam ser nitidamente explicadas pelo encontro das nossas mãos. Quanta energia, quanta sinergia, quanta magia pude sentir diretamente das suas mãos. Suas mãos tateando meu rosto num amor cego. Não dá pra esquecer suas mãos me escrevendo “Eu Te Amo” numa página de caderno ou apertando minhas costas num desses abraços eternos. Mãos dadas subindo escadas como quem sobe aos céus. Seja caminhando, deitados ou voando, nossas mãos sempre se alinharam perfeitamente. Mãos inocentes cheias de intenções. Mãos que vibram. Mãos que cantam. Mãos que bailam. Mãos de anéis de borboletas, de pérolas, de infinito, de diamante... Mãos que recebem versos e ouro no meio de uma serenata. Mãos cobertas de pétalas coloridas de orquídeas. Mãos que deslizam sobre finos fios de ganhar as ruas ou a cama. Mãos que conduzem esmaltes e batons feitos sob medida para compor com a sua beleza. Mãos que encontram e formam palavras de amor por entre as teclas do celular ou do computador mais próximo. Mãos que sabem onde me achar (me tocar) como ninguém. Mãos românticas que sabem flertar, provocar e ousar. Mãos de tanto e constante gostar, admirar, apaixonar. Mãos que não sei (e nem quero) parar de amar. Mãos embotadas de prazer. Mãos inquietas. Mãos que cravam unhas como aves cravam garras para carregar ao seu ninho. Mãos latentes. Mãos urgentes. Mãos ardentes. Mãos de artista, de menina, de boneca. Mãos que se lambuzam de brigadeiro de colher e de outros tipos de doce. Mãos de fada, de anja, de deusa, de criatura mitológica, de mulher amada. Mãos que planam ao meu redor como uma saudade viva. Mãos que manuseiam talheres finos. Mãos de violino. Mãos que abrem o teto do céu para conversar com as estrelas. Mãos que puxam quem ama pra perto, e mais perto, e ainda mais que perto de si. Mãos que brindam com champanhe. Mãos que jogam beijo, que agarram, que formam corações, que desenham, que não dão adeus. Que não dão adeus... Mãos perfumadas. Mãos idolatradas. Mãos estreladas. Mãos enamoradas. Mãos que já enxugaram meu choro e já contornaram meu sorriso. Mãos afrodisíacas. Mãos que conversam sozinhas. Mãos que têm uma linguagem própria. Mãos que eu compreendo tão bem. Mãos com as quais eu meu dou tão bem. Mãos que eu quero tão bem nas minhas também. Mãos que deixaram digitais pelo meu avesso. Mãos que beijo em sinal do amor maior que já senti, que já vivi, que já escrevi. Mãos que beijo chamando-as de minha num abuso (direito) particular. Mãos que beijo me consagrando cavaleiro de uma dama só para toda vida. Mãos que levam o brilho de um sentimento que é sem dúvida alguma pra sempre.


Comentar Seja o primeiro a comentar

29/07/2014 - Faça-te rainha

E veio um anjo, certamente o mais apaixonado que já cruzou esses céus, proclamando a uma menina digna de ser amada até no nome: e faça-te rainha. Mais dia menos dia toda princesa é corada soberana de seu reino. E esse coroamento não é questão de idade ou privilégios, mas de conquista. E essa menina conquistou para si um amor encantado desses que nascem de mil em mil anos. Um amor capaz de abrir mão de tudo, inclusive das suas necessidades mais básicas, para servir a essa menina de sangue azul turquesa. Um amor que vai além da compreensão humana e rende todos os seus territórios, valores e tesouros a essa mulher. O anjo se dobra à beleza e ao poder de conquista dessa mulher beijando seu pés enquanto reproclama: faça-te rainha, com direito a mantos, ouros, estrelas e diamantes.


Comentários (2)

28/07/2014 - Mimos

Minha pele bebe seu perfume. Eu durmo em meio as suas texturas e acordo nos sonhos da nossa loucura. Solitário, converso com seus solitários que me ensinam a ser apaixonadamente eternamente irredutivelmente solitário. Deito nos seus lençóis egípcios. Sua toalha branca acarinha minhas costas. Seus sapatos me dizem sobre seus passos rosas. Beijo as cores de seus batons. Vejo a lua pousar e cheirar noite em seu pescoço. Entre idas e vindas, meu mar deixa pérolas em seus pulsos. Suas camisolas bailam nupcialmente antes de eu cair no sono. Seu ouro amarelo lembra fios dourados de um cabelo ensolarado. Seus embrulhos me guardam por detrás de laços e fitas esperando o momento de você me achar. Seu anel leva o resultado do garimpo de minha alma. Meu eu respeita o seu lado da cama, embora meus braços e pernas teimem em abraçar seu corpo fluídico. Seus pijamas absorvem o choro da minha saudade. Suas meias brincam pelo meu quarto como pontas de bailarina. Mimo seus mimos enquanto me mimam trazendo você em cada peça de pano, de metal, de papel...


Comentários (2)

27/07/2014 - De você em mim

Embola em mim. Embrenha em mim. Entranha em mim. Suba e desça em mim. Vá e venha em mim. Chega e chega mais em mim. Cola em mim. Salta em mim. Abusa em mim. Beba em mim. Fica em mim. Intrometa-se em mim. Contorça-se em mim. Provoca-se em mim. Tatua-se em mim. Contamina-me de você. Inunda-me de você. Enlouqueça-me de você. Perfuma-me de você. Atenta-me de você. Infesta-me de você. Vicia-me de você.


Comentários (1)

26/07/2014 - Vagueio

Eu vagueio por aí, por aqui, por acolá. Vagueio de vaguear. Sou alma partida procurando pela metade já encontrada, pela geminitude dos que amam para ser um só. Sou alma vagueante, viajante, volitante. Minha alma não tem paradeiro é como dedo de violeiro que só sossega se dependurado nas linhas do próprio destino. Sou alma de menino solta entre as estrelas como pipa, papagaio, maranhão em fim de tarde enluarada. Sou alma que aparece e desaparece quando menos se espera como clareio no veio da tempestade; e dá-lhe saudade!...
continuar a ler


Comentários (1)

25/07/2014 - Quebra-cabeça do destino

Nem sempre a vida vai lhe dar o que você quer, ao menos, não da forma que você deseja. Pode ser que você já tenha o que sonha de outro jeito e nem perceba. É do homem (da mulher) não se saciar. Somos conquistadores natos. Queremos sempre ir além. E nos esquecemos de olhar e de valorizar o que já temos. Não, esse texto não é um convite ao conformismo. Difícil achar alguém que sonhe tanto quanto eu, e sonhos tão altos e longínquos. Eu sou a favor de quebrarmos todos os limites, de rompermos todas as fronteiras, de ignorarmos todos os nãos ouvidos ou lidos e seguir em frente em busca do que realmente queremos. Não devemos nos dar por satisfeitos com partes se julgamos ser merecedores do todo, mas também não podemos desprezar parte alguma. Afinal, no quebra-cabeça da felicidade todas as peças são importantes. Não existe o todo sem a parte. E é preciso saber compreender a importância de cada parte por mais que ela seja só uma parte do que você quer. Há situações de que um único pedaço é muito mais intenso e valioso do que a composição inteira e completa. E a arte da vida está justamente em saber lidar com as partes desse jogo do destino, cujo encaixar ou não das peças provocam prazeres e dores que muitas vezes estão além do nosso querer e da nossa compreensão. Afinal, somos humanos, conquistadores natos, mas incapazes de avaliar o quanto já conquistamos mantendo os olhos no fundo do horizonte. O mistério está em olhar para dentro de nós mesmos antes de dar o próximo passo, mergulho ou voo. Pois muitas vezes na ânsia de completar o desafio, perdemos pelo caminho as peças mais importantes do quebra-cabeça do destino.


Comentários (1)

24/07/2014 - Amor de pescoço

Enquanto o sol se esparrama por seus cabelos, a lua se esconde em seu pescoço como pimenta de cheiro. Só quem já mergulhou pelas dimensões paralelas que compõem seu pescoço pode falar sobre o frescor e o queimar que delas afloram. Quando as embarcações do desejo chegam ao seu pescoço, os olhos de sereia levam capitães e piratas ao mesmo destino – ao naufrágio voluntário e apaixonado. Os arrepios e ouriçados da pele deixam os perímetros nus e cobertos por cabelos perfumados de desejo. Pobres dos homens que nunca fecharam os olhos e abriram os lábios naquele pescoço. Tal território vai além do conhecimento humano, sendo passível de magias e surpresas. Para além das rotações e translações da terra, eu orbito pelos movimentos do pescoço que se dobra ao prazer de um amor ingênuo.


Comentários (2)

23/07/2014 - Sempre, eis o que somos

Sempre que se sentir sozinha ou triste seja lá por que motivo for, espalma suas mãos, fecha os olhos, e sentirá que sempre estou com você. Minhas mãos seguirão por toda a vida junto das suas, mesmo que oculto aos olhos de todos, inclusive, em muitos momentos, dos seus. Quando não tiver ninguém para escutar seus sonhos ou suas dores, fale baixinho que eu vou estar ali pronto para lhe ouvir e aconselhar. Serei parte do que chamam de instinto ou intuição. E toda vez que precisar de um abraço, de uma palavra mais que escrita ou de um olhar capaz de acender a chama da sua paixão por algo, você sabe onde e quando me encontrar. Pois sou como a lua, mudo de fase e de lugar, mas estou sempre em algum lugar do infinito. Sendo assim, caminhe com a certeza de que só irá cair ou falir ou ruir se quiser. Você é mulher amada e isso não é pouca coisa para quem compreende o reino poético. Viva sabendo que tem um homem, um anjo, um poeta que faz de um tudo para lhe ver bem. O amor que essa criatura nutre por você é capaz de se transformar, de se transmutar, de se transfigurar somente para seguir por todos os dias, por todas as noites, por todos os eclipses junto a você, mesmo que em silêncio e invisível aos ouvidos e olhos humanos.


Comentários (1)

22/07/2014 - Um só pedido só

Se eu puder fazer um pedido só, um só pedido só, aos deuses, às divas, aos oráculos, aos gênios da lâmpada mágica, à lua, às fadas, às entranhas do submundo, aos seres fantásticos, eu pediria só, eu só pediria, que a mulher alada não se esqueça do quanto a tenho amada. Que ela se lembre de todo amor oferecido, vivido, querido, decidido à eternidade na codificação secreta de uma não menos secreta realidade. Que a mulher que amo jamais se esqueça desse amor acima de qualquer suspeita em relação à lembrança. Se eu puder fazer um pedido só que seja para que não haja qualquer esquecimento por parte da mulher enluarada. Que a memória não seja uma gentileza ou uma proeza, mas uma delicadeza do amor mais delicado que já existiu. Que todos os nanodetalhes sejam irrigados pelo sangue de uma paixão que pode recuar, se autosufocar, se internar em sim mesma, mas jamais se acabar. Que eu seja queimado, apedrejado, xingado, julgado, baleado, exorcizado, ignorado, abandonado, mas nunca esquecido por quem amo. Ser esquecido é pior do que ser um amor perdido, um coração destruído, um romântico sem sentido. Ser esquecido é mais dolorido do que ser enterrado no fim do mundo, do que ser devorado por uma matilha em jejum, do que ser tragado pelo vazio dos olhos sem fundo. Se eu puder fazer um pedido só, só um pedido só, a quem me alimenta de momentos inesquecíveis, de sentimentos indestrutíveis, de ventos irredutíveis, que eu habite a mente daquela que amo em memórias intensas, densas, propensas à onipresença do amor jamais ausente.


Comentários (1)

Primeira   Anterior   81  82  83  84  85   Seguinte   Ultima