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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 268 de 320.
14/12/2008 -
Sou dia, sou noite, sou tempo não compreendido
Olá, tem alguém aí do outro lado de mim? Quem é você, como se veste, como se deita, como me olha? Eu aqui tão exposto, tão nu... Sou sentimento ao vento. Acenda as velas, flerte o vento a estibordo, caminhe sobre a prancha... Mas antes de partir, me conta de você. Como está, como se vê no espelho neste dia, nesta noite, neste tempo ainda não compreendido? Você é homem, mulher, criador, criatura ou alguma espécie de anjo? Eu acredito em anjos, arcanjos, querubins e outras ordens celestiais. Principalmente, em cupidos. Olha por entre as letras e veja meu peito ferido. A flecha ainda sangra esse amor desmedido. ...
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Comentários (1)
13/12/2008 -
Puxão de orelha real
Diz o dito popular que quem é rei não perde a majestade, mas o cantor Roberto Carlos tem abusado da sorte. Já perdi a conta dos anos em que os fãs do rei têm passado em brancas nuvens. O último álbum completo de inéditas bem longe se vai. E todo ano é a mesma novela. Roberto anuncia no primeiro semestre que vai lançar um disco de músicas inéditas e desmente tudo no segundo. Embora haja todo um clima mítico em torno do rei, isso já cansou.
Neste final de 2008, às vésperas de completar 10 anos da morte de Maria Rita, o cantor nos brinda com um álbum em homenagem a Tom Jobim. Clássicos da bossa nova em duetos com Caetano Veloso. É inegável que o trabalho é bonito e de bom gosto, mas onde está a ousadia que transformou Roberto em rei? Onde está sua parceria com Erasmo? Onde está aquele cantor que, assim como Orlando Silva, alimentava-se das multidões, emplacando um sucesso atrás do outro. ...
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12/12/2008 -
Missão Impossível
Embora soe como nome de filme de ação, o título deste texto indica a tarefa a ser cumprida pelo papai-noel em solo brasileiro. O Natal se aproxima e quem esperava alguns presentes especiais vai ficar a ver bonecos de neve. Por aqui, a taxa de juros continua alta e irredutível. O bom velhinho não conseguiu convencer a chefia do Banco Central a colocar mais lenha na lareira. E se o período natalino está morno, o que dizer do início de 2009 que já bate a nossa porta?
O preço dos combustíveis continua nas alturas. Será que o papai-noel não consegue transformar a alardeada auto-suficiência da Petrobrás e o tal do pré-sal em gasolina mais barata? Além disso, o senhor de vermelho poderia combater a dengue, as enchentes, a hantavirose e a corrupção. Isso sem falar nas taxas bancárias e da carga tributária que andam metendo a mão, sem dó, em nosso bolso. Se não for exigir demais, que ele faça cumprir as promessas dos politiqueiros nas áreas da saúde, educação, segurança... ...
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11/12/2008 -
Onofre, nofeeeee
Sem quaisquer avisos, seu Antônio, um camponês de olhos doces e barriga avantajada, apareceu na vila, que fica lá detrás do mundo, trazendo um casal de bezerros recém desmamados. Até aí, nada de anormal. O intrigante dessa história é que uma menina de dois anos chamada Maria se apaixonou perdidamente pelos bichos, principalmente por Onofre. Isso mesmo, por distração ou pirraça, seu Antônio batizou o boi caramelo com o nome do coronel mais temido do local. E se dependesse da empolgação de Maria, o cabra saberia logo do acontecido e seu Antônio pagaria o pato. Mas como a história não é nem de cabra nem de pato, vamos dar a palavra ao Onofre. ...
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10/12/2008 -
Barbárie, barbárie
Quero um elmo, uma armadura, um escudo e um cavalo marchador. Não, não quero ser um cavaleiro da Távola Redonda ou um novo Dom Quixote de La Mancha, quero apenas passar incólume por essa multidão que não sabe para onde e nem por que o vai com esse passo desmedido, corrido, iludido. Quero blindar-me, quero isolar-me, quero exorcizar-me desta seita de passistas e motoristas e ciclistas e motociclistas - os artistas do caos. E enquanto as donzelas se fartam dos bárbaros que passam sobre suas janelas, as senhoras da sociedade expurgam: barbárie, barbárie! ...
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09/12/2008 -
Joga a âncora
Quem sabe na próxima eleição elege-se uma enguia ou uma ostra porque lula não dá pé. A água está pelo pescoço e o mar, como sempre, não está para peixe pequeno. E eu tenho medo do tu-tu-tubarão. Nosso salário anda mais apertado do que sardinha em conserva. Nosso desespero chega a dar choque tal qual peixe-elétrico. E toda esperança de mudança depositada no herói dos sete-mares se tornou tão ridícula quanto peixe-palhaço.
Toda hora jogam a tarrafa em nossos bolsos. Não respeitam nem a nossa piracema. Nossa jangada já virou e ninguém nos ensinou a nadar. O medo nos abraça, nos sufoca em seus tentáculos, nos intimida com seus olhos de polvo. Estamos a cada dia mais próximo de Atlântida, o reino submerso. Contra esse efeito naufrágio nós nos debatemos e até nadamos cachorrinho, mas os caldos são cada vez maiores....
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08/12/2008 -
É hora de superar Tristão e Isolda
É necessário que haja a vitória do sofrer para uma história de amor ser aplaudida? Este é o dilema que fez o filme Romance, protagonizado por Wagner Moura e Letícia Sabatella, revirar minha cabeça desde que deixei o cinema. Os atores dão vida aos personagens Pedro e Ana, que trazem à tona uma versão contemporânea do romance medieval Tristão e Isolda. Essa obra teria reinventado a idéia de amor, influenciando, inclusive, Romeu e Julieta. Ou seja, tudo o que vivemos em matéria de amor é resultado desta lenda celta. ...
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07/12/2008 -
Entre a lembrança e o esquecimento
Os sinos da catedral ainda tossiam o pigarro das dezoito badaladas quando ele lembrou que havia esquecido o aniversário de sua namorada. Estava na praça central da cidade e o mundo parecia girar contra suas vontades. Pegou o telefone para ligar para ela, que já devia estar num profundo mau-humor. Mas o nervosismo o fez esquecer o número do celular, do trabalho, da casa dela. Foi então que achou essa amnésia súbita um achado do destino, que lhe pedia algo a mais do que uma simplória ligação.
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06/12/2008 -
À procura de uma ama-seca
De camisa listrada, sem levar canivete no cinto ou pandeiro na mão, saí por aí. Também não bebi chá com torrada, tampouco tomei parati. Mas escutei muita gente dizendo: "sossega leão, sossega leão". Pudera, como ficar calmo diante de um mundo que virou de ponta-cabeça? Você pode ainda não ter reparado, mas tem acontecido de tudo ultimamente. É como se o grão-vizir tivesse decretado carnaval por tempo indeterminado e ninguém estivesse nem aí para nada nem ninguém. Não é a toa que um cabeludo gritou: "todos estão surdos". ...
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05/12/2008 -
Sentimentaria
Lordose cervical, lordose lombar, cifose dorsal, escoliose, hérnia de disco, bico de papagaio. A coluna entorta, enverga, dobra, pende e se rende em dor. Dói ao andar, ao deitar, ao falar, ao espreguiçar, ao sonhar... Dores agudas, pontudas, obtusas. E a culpa de tudo isso é do mundo, que anda cada dia mais pesado de se carregar. Tenho apenas uma coluna e todo o sentimento do mundo a se debruçar sobre ela, não é Drummond? Pois é poeta, como eu posso carregar tanto amor nestas costas finas, esquálidas? Se ao menos eu soubesse equilibrar latas na cabeça como as lavadeiras... Ou se eu tivesse asas para conseguir voar acima disso todo. ...
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