26/11/2009 - O embaixador Marcus Vinitius Cruz e Mello Moraes
Vinícius de Moraes foi promovido a embaixador. Uma promoção póstuma que renderá pensão de 10 mil reais aos herdeiros daquele que encontrou palavras para o balançado da garota de ipanema. O diplomata que foi expulso do Itamaray há quarenta anos, durante a ditadura militar, finalmente deu a volta por cima no mundo das relações exteriores. Já que a onda é fazer Justiça, os acadêmicos poderiam promover Vinícius de poetinha à poeta. Afinal, o diminutivo, além de um tratamento carinhoso, é utilizado para depreciar aquele que uniu a forma erúdita da poesia ao sentimento popular.
Está mais do que na hora de reconhecer a grandeza poética de Vinicius e alçá-lo ao patamar de Carlos Drummond, de Olavo Bilac, de Fernando Pessoa e de outros tantos poetas da língua portuguesa. Mais do que contar sílabas tônicas, encontrar rimas raras, equalizar versos, um poeta deve tocar fundo o coração daquele que o visita. Para além da estética, as palavras devem se despir de toda veste, de toda carne, de toda arma, no intuito de sensibiliar ao extremo. Nesse sentido, o autor de Soneto da Separação é oconcurt.
O embaixador da poesia continua irritando os acadêmicos por sua capacidade de emocionar e encantar as pessoas. Crianças, jovens e adultos vêem-no como um poeta essencialmente humano, que nos fala olhos nos olhos. Em Vinícius, o amor impossível se mistura ao amor cotidiano com elementos do divino e do profano, caminhando assim para uma vida vivida urgentemente e apaixonadamente entre a ficção e a realidade. Agora que se tornou embaixador, o criador de Orfeu da Conceição bem que poderia ganhar a anistia dos acadêmicos mal-amados.
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