Daniel Campos

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16/10/2010 - A mulher de Damasco

A mulher de Damasco não é uma mulher fruta rica em fibras, com poucas calorias e que se oferece de forma seca ou fresca. Pelo contrário, a mulher de Damasco guarda em si o sal e o amargor de milênios de conflitos por território, liberdade e religião. Encontrar o doce da mulher de Damasco é uma tarefa difícil e perigosa, que pode levar o aventureiro à morte. Afinal, a mulher de Damasco fica 680 metros acima do nível do mar e é cercada por desertos e cordilheiras. Para conquistá-la é preciso muito suor, além de resistir ao clima semi-árido que ela impõe aos seus supostos conquistadores. Além disso, ao invés de um céu azul mediterrâneo, a mulher de Damasco é sempre envolta de uma estranha neblina, nublando atos e pensamentos alheios.

A mulher de Damasco não fala inglês, não almoça em fast foods e não compra em grandes lojas de departamentos. A mulher de Damasco é metropolitana, mas zela com certo extremismo por seus costumes e tradições milenares. A mulher de Damasco tem sempre um perfume de jasmim no ar; um perfume que aflora os quês da mulher e dos quês de mercados árabes e mesquitas. A mulher de Damasco é gentil, embora essa gentileza toda se esconda atrás de roupas recatadas. A mulher de Damasco abusa das sedas, embora seu corpo seja coberto por túnicas e seu cabelo, por lenços e véus. Cuidado: Olhar diretamente nos olhos da mulher de Damasco é ser tragado por uma história tão rica quão antiga de amor.


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