Daniel Campos

Prosas

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29/11/2010 - Ainda se houvesse tempo...

Ainda se houvesse tempo, poderíamos amar um minuto mais. Ainda se houvesse tempo, batizaria seus sonhos como meus. Ainda se houvesse tempo, colocaria seus medos para dormir. Ainda se houvesse tempo, dançaríamos um minueto. Ainda se houvesse tempo, encenaríamos o nosso dueto. Ainda se houvesse tempo, semearia em seus ouvidos um último soneto. Ainda se houvesse tempo, selaria uma montaria alada. Ainda se houvesse tempo, inventaria um conto de fada. Ainda se houvesse tempo, carregar-lhe-ia por mais uns passos nessa estrada. ...
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28/11/2010 - Mutações amorosas

Desde que eu encontrei você, desencontrei-me. Fui me perdendo, mudando de endereço, me transformando. Fui adquirindo elementos que não são meus. Ou que eu pensei que não fossem. Tornei-me uma espécie de mosaico de sonhos e olhares alheios. Dentre os retalhos da colcha da minha alma, difícil encontrar alguma estampa original. Tudo foi alterado, trocado, revirado, retocado. Eu me tornei uma coisa que não conheço no melhor sentido da expressão. Uma coisa que vaga pelas ruas, pelas tabernas, pelas luas, pelas pernas do destino na inocência de um menino. ...
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27/11/2010 - Se eu pudesse morrer

Se eu pudesse morrer, de amor morreria. Se eu pudesse morrer, tão logo o faria. Se eu pudesse morrer, me libertaria. Se eu pudesse morrer, voltaria ao pó, e do pó à poesia. Se eu pudesse morrer, não me choraria. Se eu pudesse morrer, dar-lhe-ia todas as minhas fantasias. Se eu pudesse morrer, nada mais quereria. Se eu pudesse morrer, enfim descansaria. Se eu pudesse morrer, lembraria de você para todo o sempre e me esqueceria. Se eu pudesse morrer, perderia a noção da noite e do dia. Se eu pudesse morrer, não mais me atormentaria. Se eu pudesse morrer, no seu fogo mulher, arderia. Se eu pudesse morrer, na verdade, viveria. ...
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26/11/2010 - Te amar eu vou

Te amar eu vou até que a última cigarra exploda em canto. Te amar eu vou até que meus olhos não tenham mais pranto. Te amar eu vou até a última página do livro de encanto. Te amar eu vou pedindo a eternidade desse amor de santo em santo. Te amar eu vou da forma mais desesperada, como se nosso amor estivesse à beira do Armageddon. Te amar eu vou colocando versos no seu batom. Te amar eu vou de forma caudalosa como licor escorrendo de um bombom. Te amar eu vou uma oitava acima do tom para alcançar o som de um amor tão bom. ...
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25/11/2010 - Capítulo 59

O fato de institutos metrológicos terem confirmado a chegada de um grande tsunami à costa da Argentina no mesmo horário marcado para o início do julgamento de Sebastian mexe ainda mais com o imaginário popular. Os cidadãos querem que ele seja libertado imediatamente, pois aquela onda só pode ser um castigo dos céus. Todas as mortes brutas, os acidentes coletivos, os fenômenos negativos são atribuídos a Jhaver, o eterno anjo castigador, que estaria enfurecido com a prisão de seu pupilo.

Assim como as pragas que Deus lançou contra o Egito, Buenos Aires estaria condenada a um tempo de infortúnios. Muitos, nessa visão apocalíptica, tratam Jhaver como um novo Lúcifer, cercado de anjos caídos, e Sebastian como um falso profeta. Diz a Bíblia que Lúcifer levou consigo um terço das hordas celestes, expulsos do Céu pelos demais anjos liderados pelo arcanjo Miguel....
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25/11/2010 - Casa rosa

Na casa rosa há uma mulher meio carne meio anjo debruçada na varanda, com os olhos serranos e sonhos mundanos. Na casa rosa há uma mulher que esconde as estrelas da noite, açoitadas pelo sol, nos vértices de seus lábios. Na casa rosa há uma mulher querendo ser amada enquanto mulher. Na casa rosa há uma mulher que trilha as trilhas dos pensamentos alheios. Na casa rosa há uma mulher com cabelos de cachoeira. Na casa rosa há uma mulher doce como os quitutes que se esparramam por uma mesa colonial. ...
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24/11/2010 - Colo de mãe

Eu não sei se mereço, mas se achar por bem, por favor, por todo amor, leve-me em seu colo. A estrada tem tido tantos obstáculos, tantas coisas que fazem desanimar. São tantas perdas, são tantas frustrações, são tantos sofreres que insistem em habitar o nosso caminho. O corpo já fraqueja, não suportando mais o peso de tanta falta de compaixão. A realidade é árida como os desertos que pisou, apavora-nos como soldados do império e põe nossa fé à prova a cada instante. Por todas as batalhas vividas e pelas que ainda estão por vir, quero colo, mãe....
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23/11/2010 - Milho, milharal

Há algo mais intrigante do que um milharal? Devido a sua carga dramática intrínseca e as tramas naturais da paisagem, no que diz respeito à cor, espaço, textura, caminhos, sombras, o milharal ilustra histórias de amores proibidos, poesias paradisíacas e filmes de suspense e terror. Impossível não se lembrar dos famosos espantalhos que ganham vida por algum feitiço, encanto ou magia. Até mesmo os discos voadores fazem aqueles sinais misteriosos no corpo do milharal. É um dos palcos principais de O Mágico de Oz....
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22/11/2010 - Quantitativo

Quantos assovios o vento traz em seus cabelos. Quantos desvarios velam pelos rios campelos. Quantos olhos cabem nos olhos da coruja. Quantos vermelhos colorem uma boca rubra. Quantas histórias habitam nas línguas dos apaixonados. Quantas lendas são oferecidas como oferendas aos deuses dos condenados. Quantos pontos e vírgulas ditam um romance. Quantos milagres estão ao nosso alcance.

Quantas sombras assombram a escuridão. Quantas flechas de cupido são necessárias para explodir uma paixão. Quanto algodão doce flutua no céu. Quantas mulheres se escondem atrás de uma mulher de véu. Quantas rodas estão sobrepostas em uma roda gigante. Quantos grilos precisam nascer até que se nasça um grito falante. Quanto de olhar há em um adeus. Quanto de pecado existe em Deus.


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21/11/2010 - A senhora não vai

Hoje é domingo e a senhora não vai à missa da Igreja de Nossa Senhora das Graças nas primeiras horas da manhã. Hoje é domingo e a senhora não vai quebrar o jejum, depois da hóstia consagrada, com um gole d’água e um copo de café preto. Café primavera. Hoje é domingo e a senhora não vai ligar o rádio nas estações sertanejas, tão caipiras como nós. Hoje é domingo e a senhora não vai ao mercadinho, não vai se vestir de linho, não vai colocar um pouco de açúcar no vinho. Hoje é domingo e a senhora não vai bebericar uma caipirinha na beira do fogão. ...
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