24/11/2010 - Colo de mãe
Eu não sei se mereço, mas se achar por bem, por favor, por todo amor, leve-me em seu colo. A estrada tem tido tantos obstáculos, tantas coisas que fazem desanimar. São tantas perdas, são tantas frustrações, são tantos sofreres que insistem em habitar o nosso caminho. O corpo já fraqueja, não suportando mais o peso de tanta falta de compaixão. A realidade é árida como os desertos que pisou, apavora-nos como soldados do império e põe nossa fé à prova a cada instante. Por todas as batalhas vividas e pelas que ainda estão por vir, quero colo, mãe.
São tantas feridas, cicatrizes abertas, sangrando dores e amores a todo instante. E a vida só vai aumentando as distâncias, fazendo o tempo se perder. Por muitas vezes o cotidiano nos faz enxergar nosso reflexo vazio no fundo do espelho. Mas isso não é verdade, não é mesmo mãe? Por muitas vezes nosso fardo parece desproporcional a nossa força. Mas há sempre alguém a nos auxiliar, não é mesmo mãe? Por muitas vezes parece que não há ninguém escutando nossas preces, feitas de joelhos e em silêncio. Mas toda mãe escuta um filho seu.
Como é bom ter uma mãe para guiar nossos caminhos. Como é bom ter uma mãe para nos aconselhar. Como é bom ter uma mãe para nos olhar de forma firme, colocando nossos pés no chão ou nos dando um pouco mais de asas. Como é bom ter uma mãe para se refugiar. Como é bom ter uma mãe para acreditar, para defender, para guardar. Como é bom ter uma mãe para gritar. Como é bom ter uma mãe para fazer e receber um agrado, para ser auxiliado. Como é bom ter uma mãe para estar perto mesmo quando longe. Como é bom ter uma mãe para poder agradecer.
Por tudo isso, eu não sei se mereço, mas se achar por bem, por favor, com todo fervor, leve-me em seu colo. Colo de mãe.
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